23º DOMINGO COMUM – Ano A – 10 de Setembro

23º DOMINGO COMUM – Ano A – 10 de Setembro

Reconciliemo-nos uns com os outros

É preciso muita humildade e um coração puro para confrontar outras pessoas acerca dos seus pecados, de tal forma que elas nos oiçam e se arrependam. Normalmente, confrontamos outras pessoas acerca dos seus pecados mais com raiva do que com amor. Não devemos fazê-lo como forma de suavizar as nossas próprias feridas e/ou com o desejo de infligir culpa como se estivéssemos a partilhar as nossas feridas com os outros. Não devemos, pois, confrontar os outros para os humilhar ou prejudicar. Só devemos falar-lhes sobre os seus pecados se os amamos e os perdoamos – caso tenhamos sido prejudicados –, e com o intuito de os ajudar a livrarem-se do pecado para o seu próprio bem. Quando tal acontece, sendo essa a nossa única e real motivação, os outros podem autocorrigir-se com mais facilidade.

Este ensinamento, contudo, não deve ser encarado apenas do ponto de vista do “eu” para com o “outro”. Também deve ser encarado na perspectiva de que o “outro” me confronta acerca dos meus pecados. Pecamos todos os dias. Pecamos todos os dias contra aqueles que amamos. Tente pensar em alguém que lhe é próximo e fale-lhe sobre os seus pecados. Como iria reagir ao ouvir o que teriam para lhe dizer? Talvez se este processo fosse todo feito com amor e compaixão, o leitor ouvisse, mesmo que se sentisse incomodado, pois muitas vezes é difícil sermos confrontados com os nossos erros.

Mas, e se lhe falassem com raiva? Embora esta não seja a maneira correcta de alguém se dirigir a outro, diríamos que ainda assim o leitor não deveria rejeitar totalmente o que a outra pessoa lhe estava a dizer. Portanto, é uma boa prática espiritual ouvir a ideia dos outros em relação aos nossos pecados, não importa em que moldes. Se depois de ouvir e avaliar o que lhe foi dito, e chegar à conclusão que estão certos – mesmo que não na totalidade –, então a atitude mais correcta é expressarmos tristeza, pedirmos desculpa e comprometermo-nos a mudar. Se, no entanto, depois de avaliar o que lhe for dito, o leitor continuar a acreditar que tem razão, então deverá fazer ver à pessoa que o seu julgamento foi precipitado e falso.

O caminho a percorrer pelo pecador apresenta três etapas sucessivas: Primeiro, devemos fazê-lo individualmente. Segundo, com dois ou três familiares, amigos ou meramente conhecidos. Terceiro, na presença da Igreja. Tente, a princípio, deixar de lado a segunda e a terceira etapas, e concentrar-se apenas na primeira. O objectivo do confronto “um-a-um” é a reconciliação. É bom investir muita energia na primeira etapa – uma etapa mais de reflexão e introspecção –, para que consigamos entender o quão bem lidamos com este tipo de situação. Se o fizermos, talvez não haja necessidade de prosseguir para as segunda e terceira etapas. Claro está que a vida na Igreja é diária, estejamos ou não de consciência pesada…

O inimigo número um da reconciliação é o orgulho. O orgulho é um hábito com o qual pensamos primeiro em nós mesmos, ou somente nos casos mais graves. O orgulho torna a auto-avaliação impossível. Ficamos cegos em relação aos nossos pecados e agitados no momento em que eles são identificados por terceiros ou nos causam problemas. Já o oposto do orgulho é a humildade. Esta é a virtude que nos permite esquecer de nós mesmos e faz-nos preocupar apenas com os outros. Quando uma pessoa cresce em humildade, o mal sempre a tenta com pensamentos do género: “– E eu?” “– Estou certo e eles estão errados!” “– Isto é injusto!” “– Eu não deveria ser tratado desta maneira!”. Esses pensamentos devem sempre ser rejeitados. A humildade só faz sentido quando somos humildes. Quem alimenta o orgulho tende a classificar a humildade como tolice. Acontece que a humildade é a verdadeira sabedoria. Nunca nos esqueçamos deste facto.

Reflictamos hoje mesmo sobre o quão humilde somos quando alguém nos fala sobre um qualquer pecado por nós cometido. Como reagimos? Ficamos com raiva e na defensiva? Se sim, sejamos honestos e admitamos que somos orgulhosos. Devemos, todos, passar algum tempo a reflectir sobre o modo ideal e humilde como devemos reagir sempre que alguém nos chama à razão. Se a reconciliação é a sua prioridade número 1, em qualquer relacionamento que tenha sido ferido, então trata-se de um desejo santo e humilde, vindo a tornar-se o seu guia predilecto para que seja capaz de se reconciliar com todas as pessoas ao longo da vida.

Misericordioso Senhor, Vós vieste à terra para nos reconciliar convosco e uns com os outros. Por favor, mostrai-me o meu pecado e dai-me a humildade que preciso para vê-lo; para que eu me possa arrepender e para voltar a Vós. Ajudai-me a também estar receptivo às muitas maneiras pelas quais Vós me revelaste o meu pecado, especialmente através da intercessão de outras pessoas na minha vida. Jesus, em Vós eu confio!

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