10.º FÓRUM NISHAN

10.º FÓRUM NISHAN SOBRE AS CIVILIZAÇÕES MUNDIAIS REUNIU ESPECIALISTAS MUNDIAIS EM CONFUCIONISMO E FILOSOFIA OCIDENTAL

Harmonia na diversidade marcou “Davos da Paz”

“Harmonia na diversidade” foi o lema que sobressaiu nos dois dias do 10.º Fórum Nishan sobre as Civilizações Mundiais, que teve lugar a 10 e 11 de Julho nas margens do Lago Confúcio, situado a trinta quilómetros do Condado de Qufu, a terra natal do filósofo chinês.

Largas centenas de conferencistas e convidados, na sua maioria académicos e jornalistas, reuniram na Montanha Nishan, sob o “olhar atento” da grande estátua de Confúcio – maior cartão de visita a quem se desloca ao Lago Confúcio. Na realidade, trata-se de um lago artificial, construído com o propósito de servir de reservatório de abastecimento de água às populações que habitam na zona.

A edição deste ano do comummente designado “Fórum da Paz” ficou marcada, sobretudo, por coincidir com a realização da Cimeira da NATO na capital dos Estados Unidos, Washington, com o propósito de assinalar os 75 anos da constituição da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Este facto não passou despercebido da maioria dos presentes, mais não fosse por vários palestrantes terem feito referência à sobreposição das datas.

«Enquanto estamos aqui reunidos em prol da Paz, em Washington, líderes mundiais participam na Cimeira da NATO», afirmou Jeffrey Sachs, professor de Economia da Universidade de Columbia, que acabaria por monopolizar a atenção dos Órgãos e Comunicação Social que faziam a cobertura da cerimónia de abertura do certame.

Igualmente impactante foi o discurso do Secretário do Partido Comunista Chinês na Província de Shandong. Lin Wu defendeu a construção de uma China moderna, em «cooperação e partilha com outros povos», tendo em vista «o reforço da democracia e da liberdade». O dirigente defendeu também a elevação da Província de Shandong ao estatuto de «centro cultural da China» e de «plataforma para a internacionalização da cultura chinesa».

Forte significado político teve a participação do ex-Primeiro-Ministro do Japão, Fukuda Yasuo, que começou por sublinhar a «forte presença do pensamento confuciano na sociedade japonesa, nas intervenções dos grandes pensadores e nas obras dos autores clássicos do Japão».

A receita para a divulgação da cultura chinesa nos quatro cantos do mundo passa pela promoção dos seus valores morais e éticos por meio da acção concertada das comunidades chinesas no estrangeiro. Daí a intervenção de Chen Xu, dirigente responsável por coordenar os Assuntos Chineses Ultramarinos, ter versado sobre o «aprofundamento das relações entre a China e o resto do mundo», por via da diplomacia cultural, «essencial para a Paz Mundial».

Entre outros nomes, destacaram-se o do Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que enviou uma carta de felicitações à organização do Fórum Nisha; e o de Stelios Virvidakis, professor honorário da Universidade de Atenas e presidente do comité directivo do Centro das Civilizações Antigas Grega e Chinesa. Com a intervenção deste último convidado foi, ainda que de forma oficiosa, revelado o objectivo do Fórum Nishan deste ano: o discurso, ou aproximação, entre o Ocidente e o Oriente, com o intuito de contribuir para a Paz Mundial.

No que respeita a Macau, o director do jornal Hoje Macau participou numa entrevista colectiva, conduzida por Tian Wei, conhecida do grande público por apresentar o programa de informação “World Insight”, transmitido pelo canal de notícias CGTN.

Sob o tema “Culturas Tradicionais e Civilizações Modernas”, Carlos Morais José discorreu sobre vários assuntos da actualidade, procurando provar como os ensinamentos de Confúcio ainda hoje podem garantir sociedades mais justas e menos desiguais.

Na ocasião, os entrevistados mencionaram a necessidade de se defender a cultura dos povos, evitando a uniformização de todos os aspectos da vida humana – há muito a razão principal para os conflitos armados que na actualidade vão sendo travados, dado que nem todos os países aceitam ser subjugados por uma qualquer nação, mesmo que mais forte.

José Miguel Encarnação

Em Qufu (China)

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