: COLÓQUIO ABORDOU VARIANTES EMERGENTES DO PORTUGUÊS

UNIVERSIDADE DE SÃO JOSÉ: COLÓQUIO ABORDOU VARIANTES EMERGENTES DO PORTUGUÊS

«O futuro da língua portuguesa passa pelo eixo atlântico», defende Alan Baxter

O futuro da língua portuguesa foi ontem debatido na Universidade de São José, num colóquio que abordou as novas variedades do Português no continente africano, e que reuniu no território académicos e especialistas nas variantes da língua portuguesa faladas em Moçambique, na ilha de São Tomé, na ilha do Príncipe ou nas províncias angolanas da Lunda Norte e do Cuanza Sul.

O número de alunos que aprendem Português na República Popular da China continua a aumentar e o Brasil permanece como o grande bastião da língua, mas o futuro do idioma passa, no entender de Alan Baxter, pelo eixo atlântico e, sobretudo, por África.

O director da Faculdade de Humanidades da Universidade de São José (USJ) defende que a emergência e a consolidação de novas variantes da língua no continente africano vão contribuir para uma mudança de paradigma na forma como o Português é apreendido e leccionado. «No mundo da língua portuguesa estamos a chegar a uma situação que já vivemos, em grande medida, no mundo anglo-saxónico e no mundo hispânico. Existem várias variedades nacionais dessas línguas, todas elas estão codificadas e todas elas apresentam gramáticas e léxicos um pouco diferentes, mas nem por isso estas línguas são mutuamente incompreensíveis», ilustra o linguista, acrescentando: «No caso das variantes do Português em África, são línguas que estão em contacto com outras línguas, integram sociedades multilíngues, o que permite que estas línguas formem e desenvolvam as suas próprias características».

O principal dinamizador do colóquio “As Novas Variedades da Língua Portuguesa em África: Uma Força Crescente” está convicto que a afirmação das variantes de Português de Angola e de Moçambique vai obrigar linguistas e pedagogos a diligenciar abordagens alternativas à prerrogativa do ensino da língua. «Acredito que daqui a vinte ou trinta anos, as variedades de Angola e de Moçambique vão ser bastante fortes. Já vamos detectando características gramaticais que estão cristalizadas na população e que não vão desaparecer», sustenta.

«Com este comentário quero dizer que, não obstante o facto de todas as variedades terem saído de Portugal, o Português europeu vai deixar de ser o alvo de aquisição do estudante universitário e o alvo de aquisição vai ser a própria variedade nacional», remata Alan Baxter.

No colóquio ontem dinamizado pela Universidade de São José foram abordadas as variedades emergentes da Ilha de São Tomé e da ilha do Príncipe, e ainda duas variedades do Português que se fala em Angola: o Português do Dundo e o Português do Libolo.

MARCO CARVALHO

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