SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS, É CELEBRADA ESTE SÁBADO.

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS, É CELEBRADA ESTE SÁBADO. HOJE HÁ MISSA E VIGÍLIA NA SÉ CATEDRAL

Os “pilares” da Igreja

A Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos, é amanhã, 29 de Junho, celebrada pela Igreja Católica, mas já hoje, sexta-feira, a festividade litúrgica inicia com celebração de Missa e Vigília, na igreja da Sé Catedral, às 18:00 horas.

Com a celebração da denominada Véspera da Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos, e consequentes momentos litúrgicos no sábado, Macau recorda os dois “pilares” da Igreja, ou seja, os dois apóstolos que deram sentido e fizeram caminho à mensagem de Cristo, tornando-a irreversível e, acima de tudo, sinónimo de esperança e renovação.

Mas qual a razão para a Igreja homenagear e venerar os Santos Pedro e Paulo, integrando-os em conjunto no Santoral? A resposta é simples! Denominada, oficialmente, Solenidade Conjunta de São Pedro e São Paulo, esta comemora o martírio de ambos os Santos em Roma. É o aniversário das suas mortes ou da trasladação das respectivas relíquias.

Os dois Santos que estão à frente da Basílica de São Pedro em Roma – Pedro com as chaves e Paulo com a espada –, são figuras fundacionais e estruturantes da Igreja; têm devoção universal e são orago de muitas igrejas, capelas, conventos e mosteiros, ou seja, de instituições várias pelo mundo fora.

Em Roma, para além da Basílica de São Pedro, cabeça da Igreja no mundo, há uma outra basílica dedicada aos dois santos em apreço, que é praticamente desconhecida. Falamos da Basílica de São Pedro e São Paulo, de construção recente, na zona da EUR, cuja sigla significa “Exposição Universal de Roma” (certame que não se veio a realizar devido à Segunda Guerra Mundial), na área sul da Cidade Eterna. De feição moderna, a Basílica foi projectada em 1938 e começou a ser construída um ano depois. As obras viriam a ser suspensas, com a entrada da Itália na Segunda Guerra Mundial, tendo inclusivamente o estaleiro sido afectado pelos bombardeamentos dos Aliados, em 1943. Foi finalmente aberta ao público em 1955.

O motivo para os dois Santos merecerem tanta veneração e constituírem os dois “pilares” da Igreja Católica, desde a sua fundação por Cristo, prende-se com o facto de se tratar das figuras fundamentais do Catolicismo, sendo que a Igreja jamais se teria podido organizar e muito menos assumir a forma que adquiriu ao longo dos séculos. Portanto, com toda a justiça, Pedro e Paulo são considerados os seus “pilares” ou “colunas”.

Todos os edifícios necessitam de suportes, de colunas ou pilares, pois sem eles desmoronariam ou perderiam o equilíbrio. Nos primórdios, a Igreja necessitou de facto destes alicerces, bases ou pilares, para dar corpo e instituição ao caminho apontado por Cristo.

Assim, poder-se-á dizer que esta Solenidade é também o dia do Papa, ou de todos os Papas, pela alusão ao primeiro pontífice (Pedro) e ao apóstolo que fez a mensagem irradiar pelo mundo (Paulo). São Paulo, de perseguidor de cristãos, tornou-se no “Apóstolo dos Gentios”, mudando a sua vida de forma completa – tornou-se inclusivamente um fervoroso evangelizador e um grande teólogo, dedicado sem reservas ao anúncio do Evangelho.

São Pedro foi o primeiro entre os discípulos a professar a fé em Cristo, servindo como testemunha da pregação, morte e ressurreição de Jesus. Pelo próprio Jesus, foi designado para reunir e guiar a comunidade apostólica, ao afirmar «Tu és Pedro e sobre ti [esta “pedra”] edificarei a minha Igreja» (Mt., 16, 18). Pedro é a humilde “pedra” que serve de base ao Corpo Místico de Cristo. Assim, o Papa, Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo, é o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade da Igreja erigida sobre o Pescador, tanto dos bispos como do corpo dos fiéis. O Bispo de Roma, o Papa, é o Pastor de toda a Igreja e tem poder pleno, supremo e universal, fundamentado na nomeação petrina. Celebrar São Pedro, aquele que encarna essa missão, o Sumo Pontífice.

Foi depois o primeiro bispo de Roma, o Papa, portanto, sendo que o seu martírio é recordado no dia 29 de Junho, juntamente com o de São Paulo. Este, um fariseu convertido a Cristo, dedicou-se sem reservas ao anúncio da encarnação, morte e ressurreição de Jesus. Pode ser considerado o primeiro teólogo cristão. Além de ter sido o apóstolo dos “gentios”, é para muitos o maior missionário da História.

No fundo, o conceito de Igreja, enquanto comunidade global dos crentes no projecto de Salvação enunciado e evidenciado por Cristo, assenta na sua base nestes dois santos, na sua vida, acção, luta e no exemplo do seu martírio, cujo sangue é o selo da unidade da Igreja, nas palavras de Santo Agostinho de Hipona.

Como recordou o Papa Bento XVI em 2012, «a tradição cristã sempre considerou São Pedro e São Paulo inseparáveis: juntos, com efeito, representam todo o Evangelho de Cristo. Embora humanamente muito diferentes entre si, e apesar de que não tenham faltado conflitos na sua relação, estabeleceram uma nova forma de ser irmãos, vivida segundo o Evangelho, uma forma autêntica tornada possível pela graça do Evangelho de Cristo que agiu neles».

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *