São Francisco de Sales, Padroeiro dos Jornalistas e Escritores, é o Patrono dos Salesianos

Propagador do amor de Cristo.

Ontem, 24 de Janeiro, celebrou-se a festa litúrgica de São Francisco de Sales, Santo e Doutor da Igreja. Pela pregação, pelos escritos e pelo aconselhamento espiritual, realizou prodígios de apostolado e escreveu belas obras de espiritualidade. Combateu veemente os erros do Protestantismo. Fundou, com Santa Joana de Chantal, a Ordem das Visitandinas. É padroeiro dos jornalistas e dos escritores, tendo inspirado santos como João Bosco, fundador dos Salesianos, que o elegeu para patrono da Congregação.

Em 1854 Dom Bosco declarou: «Nossa Senhora quer que criemos uma congregação. Decidi que nos chamaremos Salesianos. Colocamo-nos sob a protecção de São Francisco de Sales, com a finalidade de participar da sua imensa amabilidade». Dom Bosco via neste santo o modelo para o serviço que os Salesianos devem oferecer aos jovens.

O Papa emérito Bento XVI afirmou a determinada ocasião: «Não é por acaso que na origem de muitas formas da pedagogia e da espiritualidade do nosso tempo encontramos precisamente o vestígio deste mestre, sem o qual não teriam existido São João Bosco, nem o heroico “pequeno caminho” de Santa Teresa de Lisieux».

Dado São Francisco de Sales ser o patrono dos Salesianos, O CLARIMfoi ao encontro do padre salesiano irlandês Aiden Patrick Conroy, a residir em Macau na Comunidade Salesiana do Instituto Salesiano SDB, junto à igreja de São Lourenço. Perguntámos-lhe se é costume haver alguma celebração particular ou evento no dia do patrono. O padre Aiden Conroy, que completa no próximo mês oitenta anos, com um sorriso paternal, respondeu que pela proximidade da festividade do seu fundador, Dom João Bosco (31 de Janeiro), «apenas» lembram São Francisco de Sales com carinho a 24 de Janeiro, nas suas orações e não costumam realizar celebrações litúrgicas ou actividades específicas nesta data. Segundo o padre Conroy, no dia 31 de Janeiro, este dedicado a Dom Bosco, inicia-se o dia com uma missa no recinto desportivo pelas 8 horas e 30 da manhã, com todos os alunos, professores e funcionários. Depois da celebração litúrgica seguem-se algumas actividades e jogos, sendo que os jovens não têm aulas. O sacerdote sublinhou que «o mesmo se passa nas outras escolas salesianas de Macau, tirando algumas diferenças de programa». Segundo ele, no Colégio Yuet Wah SDB o programa será muito semelhante, com o dia a começar do mesmo modo, isto é, com celebração da Santa Missa pelas 8 horas e 30.

Bispo e Doutor da Igreja

Francisco de Sales, primogénito dos treze filhos dos barões de Boisy, nasceu no castelo de Sales, em Thorens-Glières (França), na província de Saboia, no dia 21 de Agosto de 1567. A família, devota de São Francisco de Assis, consagrou o filho a este santo, que posteriormente assumiu como exemplo de vida. A sua mãe, Francisca de Boisy, piedosa, ensinou-lhe desde a infância o amor a Jesus e Maria.

Aos dez anos recebeu a Primeira Comunhão e Confirmação, e desde esse dia comprometeu-se a visitar com frequência o Santíssimo Sacramento.

Para satisfazer o sonho do pai, aos quinze anos de idade já estudava Direito na Universidade de Paris (Sorbonne). Paralelamente, completou os estudos em Filosofia e Teologia.

Em 1588, já bacharel, Francisco de Sales iniciou o doutoramento em Direito Civil e Canónico, em Pádua (Itália). Concluiu os estudos em 1591 e regressou para casa dos pais no ano seguinte. Recusou inúmeras ofertas de emprego, acabando por revelar a decisão de querer servir a Igreja.

Depois de vencer a resistência do pai, seguiu o chamamento do Senhor e no dia 18 de Dezembro de 1593 foi ordenado sacerdote aos 26 anos de idade. Três dias depois celebrou a primeira missa. Nomeado arcipreste do Capítulo da Catedral de Genebra, manifestou os seus dons de zelo e caridade, diplomacia e equilíbrio, ao lado dos mais necessitados com muito carinho. Chegou a tal ponto a sua bondade que o seu grande amigo e filho espiritual, São Vicente de Paulo, exclamou: “Ó meu Deus, se Francisco de Sales é tão amável, como sereis Vós?”.

Com o alastrar do Calvinismo ofereceu-se como voluntário para evangelizar a região de Chablais. Nas suas pregações, em busca de diálogo, deparou-se com muitas portas fechadas, neve, frio, fome, noites ao relento, emboscadas, insultos e até ameaças. Francisco e os seus amigos católicos iam de casa em casa para colocar folhetos escritos à mão debaixo das portas, nos quais eram refutados os falsos argumentos da heresia calvinista. Por este facto, recebeu da Igreja o título de “Patrono dos jornalistas e escritores católicos”. Estes escritos foram posteriormente reunidos e publicados sob o título “Controvérsias”. Depois de alguns anos de duras lutas e perseguições, a população de Chablais converteu-se na totalidade.

Em 1602, após o falecimento de monsenhor Granier, foi nomeado bispo de Genebra. Dedicou-se às tarefas pastorais, acatando exemplarmente as reformas emanadas do Concílio de Trento.

No ano de 1604, em Dijon (França), conheceu Joana de Chantal, uma jovem senhora de origem nobre que se dedicava à família e também às obras de misericórdia e caridade. Órfã de mãe, Joana enviuvara do barão de Rabutin-Chantal, aos 28 anos.

A longa e intensa colaboração entre Francisco e Joana produziu grandes frutos espirituais, entre os quais a fundação da Congregação da Visitação de Santa Maria, no ano de 1610, em Annecy, com a finalidade de visitar e socorrer os pobres. Francisco escrevia entretanto as suas Constituições, inspiradas na regra de Santo Agostinho. Oito anos mais tarde a Congregação tornou-se Ordem Contemplativa e as monjas foram chamadas de Visitandinas.

Em 1622 o duque de Saboia convidou Francisco para com ele reunir em Avinhão. O então bispo aceitou, por respeito à parte francesa sob jurisdição da sua diocese, sabendo de antemão que estaria a arriscar a saúde, devido à longa distância que teria de percorrer em pleno Inverno. Daí que tenha deixado tudo organizado para a eventualidade de não regressar.

Quando chegou a Avinhão a multidão apinhou-se para vê-lo e as congregações pediram-lhe que pregasse para elas. Já no regresso, Francisco parou em Lyon, onde ficou hospedado na pequena casa do jardineiro do Convento da Visitação. Uma vez ali, auxiliou as religiosas durante um mês. Quando uma das irmãs lhe perguntou qual a virtude que deveria praticar, escreveu “humildade”.

Sob um Inverno muito rigoroso retomou a viagem de regresso, mas a saúde não resistiu e partiu para a Casa do Pai Celeste. A última palavra que proferiu foi o nome de Jesus.

Francisco de Sales faleceu no dia 28 de Dezembro de 1622, em Lyon. O culto a este santo começou no momento da sua morte. Viria a ser beatificado em 1661, constituindo essa a primeira beatificação a ocorrer na Basílica de São Pedro, em Roma. Foi canonizado quatro anos depois. Pio IX declarou-o Doutor da Igreja e Pio XI proclamou-o Padroeiro dos jornalistas e dos escritores católicos.

Em 1632, quando da abertura do seu túmulo, parecia que se encontrava num aprazível sonho. Joana de Chantal aproximou-se do corpo do santo, junto com as outras religiosas, ajoelhou-se, tomou a sua mão e colocou-a na cabeça para lhe pedir a bênção. Nesse momento todas as irmãs viram que a mão do santo parecia ter recuperado a vida, e movendo os dedos acariciava a humilde cabeça da sua discípula. Hoje, em Annecy, as irmãs da Visitação conservam o véu que Santa Joana usava naquele dia.

Francisco de Sales afirmou: «O mundo é uma oficina, na qual são batidas e talhadas as pedras vivas que devem servir na construção da Jerusalém Celeste. (…)O amor é a perfeição do espírito e a caridade é a perfeição do amor».

São Francisco de Sales, rogai por nós!

Miguel Augusto 

 com Acidigital, Felipe Aquino e Vatican News

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