SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE É CELEBRADA A 1 DE OUTUBRO

SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SANTA FACE É CELEBRADA A 1 DE OUTUBRO

A “Pequena Flor” que buscava a santidade nas pequenas coisas

Também conhecida como Santa Teresa de Lisieux, esta santa francesa nasceu a 2 de Janeiro de 1873, em Alençon, na Normandia, vindo a falecer a 30 de Setembro de 1897 (com apenas 24 anos de idade), em Lisieux, Calvados. Nasceu Marie-Françoise-Thérèse Martin, a mais nova dos nove filhos do casal Louis Martin e Zélie Guérin (ambos santos): desta prole, morreram quatro em tenra idade (dois meninos e duas meninas), vingando-se cinco irmãs, que viriam a ser todas religiosas de clausura, quatro no Carmelo, como Teresinha, e uma visitandina (embora esta tenha ainda sido antes clarissa).

A Irmã Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, monja carmelita descalça, foi beatificada a 29 de Abril de 1923 pelo Papa Pio XI, vindo a ser canonizada a 17 de Maio de 1925, pelo mesmo Papa. A sua Festa litúrgica cai a 1 de Outubro. Foi proclamada Doutora da Igreja em 19 de Outubro de 1997, pelo Papa João Paulo II. É a padroeira de França, como das missões católicas e das doenças infecto-contagiosas (tuberculose e SIDA), além dos floristas e jardineiros.

Teresa nasceu numa família sem dificuldades. Teve uma infância muito feliz. Era muito chegada aos progenitores, que amava de forma expressa. Esta felicidade foi atribulada pelo acontecimento trágico da perda da mãe, aos cinco anos de idade, um corte abrupto na sua existência. O amor na família não se perdeu, como relataria mais tarde, mas a tristeza da partida da mãe afectou-a profundamente. As irmãs educaram Teresa, particularmente a segunda, Marie-Pauline (1861-1951), que seria a primeira a entrar no Carmelo de Lisieux. O pai foi sempre uma figura presente e de grande amor paterno, ensinando as filhas a rezar e a amar os pobres e a natureza. Aos nove anos de idade, sofreu uma nova provação, a da entrada da irmã, a sua “segunda mãe”, no Carmelo, em 1882. A tradição da vida consagrada, recorde-se, estava arreigada na família: o pai, como a mãe, tentaram ser religiosos, mas o destino não o quis, ao contrário de outros familiares.

A entrada da irmã no noviciado carmelita, em 1882, como depois sucedeu com a irmã mais velha, Marie Louise (1860-1940), no ano de 1886, no mesmo ano em que Leónie, a terceira irmã, se tornou clarissa (visitandina em 1894), ajudou Teresa a confirmar e reforçar a sua vocação monástica. Com quinze anos expressou essa intenção, mas como era menor de idade foi-lhe vedada a admissão. Efectuou mesmo uma peregrinação a Roma, onde foi suplicar ao Papa, Leão XIII (1878-1903), permissão para entrar no Carmelo. «Entrarás, se Deus quiser», ter-lhe-á respondido o Pontífice, de forma que a menina achou convincente. Mas trouxe também uma permissão papal para ser admitida no Carmelo, mesmo tendo apenas quinze anos. Cumprirá nove anos de vida consagrada no Carmelo Descalço de Lisieux, até perecer aos 24 anos, de tuberculose. Um dos grandes sofrimentos de Teresa nos últimos dias de vida foi a privação de receber a Eucaristia, devido à doença. A última vez que comungou foi a 19 de Agosto, pouco mais de um mês antes de falecer.

A Infância de Jesus e a Sua paixão são os mistérios centrais da sua espiritualidade no Carmelo, onde adoptou como nome monástico Irmã Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Nos últimos tempos da sua vida, correspondeu-se com dois padres missionários, um no Canadá e outro na China, acompanhando-os constantemente com orações. Por isso Pio XII quis associá-la, em 1927, a São Francisco Xavier, o padroeiro das missões.

“A Pequena Flor”, como ficou conhecida a Irmã Teresa, era conhecida pelo “modo simples” de levar o seu quotidiano, fazendo pequenas coisas e cumprir as obrigações diárias. Esta simplicidade aliava-se a uma fé transbordante, tornando-se um modelo de espiritualidade e de santidade para inúmeras pessoas comuns em todo o mundo, vindo a exercer uma influência excepcional em milhões de pessoas através dos seus escritos e partilhas da sua piedade e visão do caminho para Deus. Teresa sonhou em juntar-se a um grupo de monjas que queriam fundar um Carmelo em Hanói, no Vietname, então colónia francesa. Tal desiderato nunca se concretizou, da parte da jovem monja. Contudo, foi proclamada padroeira das Missões pelo Papa Pio XI. Como o foi Doutora da Igreja, em 1997, em reconhecimento da influência excepcional da sua espiritualidade em todo o mundo. Era a terceira mulher elevada a Doutora da Igreja, juntando-se às Santas Teresa de Ávila (carmelita descalça) e Catarina de Siena (terceira dominicana). Até 1970, havia 32 Doutores da Igreja, todos homens. Os seus escritos e a sua vida enfatizaram o amor de Jesus e a misericórdia de Deus, proclamou o Papa São João Paulo II, na justificação do título de Doutora da Igreja conferido à mais jovem teóloga da Igreja: “Numa cultura racionalista, uma cultura em que o materialismo prático está muitas vezes presente, sugeriu ela, com uma expressão, ‘o caminho simples’ que, voltando aos fundamentos das coisas, conduz ao segredo de toda a existência: a Caridade Divina que envolve e está presente em toda matéria humana…”.

A “Pequena Flor”, teóloga da simplicidade, assim “tocou” Papas, revelou-se exemplo de conversão e mostrou o caminho aos jovens, aos ateus e aos que podem procurar a santidade nas pequenas coisas simples da existência.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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