QUINTA-FEIRA SANTA, DIA DE INÚMERAS CERIMÓNIAS, É CELEBRADA A 6 DE ABRIL

QUINTA-FEIRA SANTA, DIA DE INÚMERAS CERIMÓNIAS, É CELEBRADA A 6 DE ABRIL

Baptismo, Reconciliação, Santos Óleos e Instituição da Eucaristia

Foi na Quinta-feira Santa que Jesus cumpriu a tradição de “jantar a Páscoa”. Fê-lo com os Seus Apóstolos ou Discípulos, que eram como que a Sua “família”. Seguiu a tradição judaica, comendo um cordeiro puro, de um ano. Na tradição judaica aspergia-se com o sangue desse cordeiro a porta do espaço onde decorria a ceia (Sederno Judaísmo), como sinal de purificação. Se tal não fosse feito, o anjo exterminador entraria na casa e mataria o primogénito daquela família (décima praga), como relata o livro de Êxodo.

Na tradição católica, é a Quinta-feira Santa, ou Quinta-feira de Endoenças. É o quinto dia da Semana Santa no Cristianismo ocidental e o sexto no Cristianismo oriental (que conta também o Sábado de Lázaro, anterior ao Domingo de Ramos). Comemora-se o Lava-Pés e a Última Ceia de Jesus, seguindo a narrativa dos Evangelhos canónicos. Pode cair entre 19 de Março e 22 de Abril, variando os dias entre os Calendários Gregoriano e Juliano (Ocidente e Oriente). É o último dia da Quaresma.

Começa na Quinta-feira Santa o chamado Tríduo Pascal, a comemoração da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, o qual inclui também a Sexta-feira Santa, o Sábado de Aleluia, terminando no Domingo de Páscoa.

A missa da Quinta-feira Santa é geralmente celebrada ao final da tarde, em recordação do facto da Última Ceia marcar o início da sexta, de acordo com a tradição judaica. O novo dia, a sexta-feira, começa depois do sol-posto. A partir da Missa Vespertina inaugura-se, assim, o Tríduo Pascal. A designação latina é “Feria V in Coena Domini”. A Quinta-feira Santa recorda o dia em que Cristo, na sua última ceia, de despedida, antes da Paixão, instituiu a Eucaristia, além de ter ensinado a humildade e o sentido de serviço aos outros, através do lava-pés aos Apóstolos. Este dia é também o Dia dos Sacerdotes. Com efeito, Cristo instituiu os Apóstolos como sacerdotes na Quinta-feira Santa, como mediadores da Palavra, dos Sacramentos e da Salvação. Por isso, esta Eucaristia vespertina é especial, por rememorar a instituição da Santa Missa. A peregrina Egéria, que era hispânica, já no Século IV recordava esta missa, celebrada em Jerusalém, para encerrar o jejum quaresmal. A introdução da Eucaristia vespertina no Ocidente viria a ser mais tardia.

A Quinta-feira Santa inclui a celebração de várias cerimónias festivas: o Baptismo dos Neófitos, a Reconciliação dos Penitentes, a Consagração dos Santos Óleos, o Lava-Pés e a Comemoração da Santíssima Eucaristia. Em alusão a estas celebrações, o dia recebe várias designações, pela ênfase que cada terra dá a uma das cerimónias. Por exemplo, muitos recordam a Quinta-feira Santa como Festa da Quinta-feira do Lava-Pés ou “Lavatório”, que é a mais antiga das peculiares celebrações da Semana Santa.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, a Missa de Reconciliação dos Penitentes celebrava-se na manhã da Quinta-feira Santa, no sentido de purificar e predispor os fiéis para a celebração da Páscoa. Com Pio XII, a partir de 1955, a Eucaristia, como “in Coena Domini” (“Ceia do Senhor”), passou a celebrar-se à tarde, com o Lava-Pés, depois da homilia, abrindo-se aí o Tríduo Pascal. Dado que na Sexta-feira Santa não há Eucaristia, por ser dia sem liturgia, na Quinta-feira Santa consagra-se o Pão eucarístico que seria necessário para a comunhão no dia da Paixão de Cristo. Efectua-se então, depois dessa consagração, uma procissão da guarda da Sagrada Reserva e subsequente Adoração da Eucaristia até à meia-noite da Quinta-feira Santa.

A Missa Crismal é outra cerimónia marcante neste dia. É presidida pelo Bispo e concelebrada por todo o presbitério diocesano, é uma “Missa da Unidade” da Igreja e do Clero. É normalmente celebrada na igreja catedral da Diocese. Nela, os santos óleos são abençoados pelo Bispo para serem utilizados no Crisma, na unção dos enfermos e como óleo dos catecúmenos. O primeiro e o último serão administrados no Sábado de Aleluia, na Vigília Pascal, para baptizar e confirmar os que entram para a Igreja. A Missa Crismal tem lugar na manhã da Quinta-feira Santa, sendo marcada pela renovação, por parte dos padres e diáconos, das promessas efectuadas no dia da sua ordenação. É um reforço da comunhão entre o Bispo e os seus presbíteros no Sacerdócio e no Ministério de Cristo, sendo por isso um dia especial para o Clero.

Na Quinta-feira Santa, recorde-se, cessa o toque dos sinos, o altar é despido após as vésperas e o Ofício nocturno é celebrado sob o nome de “Tenebrae” (Ofício das Trevas). E começa o Tríduo da Páscoa.

Vítor Teixeira 

Universidade Fernando Pessoa

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