PADRE CARLOS LUIS SUAREZ CODORNIU, SCJ, SUPERIOR GERAL DOS SACERDOTES DO CORAÇÃO DE JESUS (DEHONIANOS)

PADRE CARLOS LUIS SUAREZ CODORNIU, SCJ, SUPERIOR GERAL DOS SACERDOTES DO CORAÇÃO DE JESUS (DEHONIANOS)

Responder às necessidades da Igreja em Macau

O padre Carlos Codorniu esteve em Macau para se encontrar com os irmãos da sua Congregação que vivem em Macau e Hong Kong, e com o bispo D. Stephen Lee. A’O CLARIM, concedeu uma entrevista pouco antes de partir para Taiwan.

O CLARIM – Que retrato faz da Igreja Católica em Macau?

PADRE CARLOS CODORNIU – Nos últimos seis anos fui contactando com os religiosos da nossa Congregação que vivem em Macau. Esta foi a segunda oportunidade que tive de os visitar. Durante este tempo, percebi que estamos perante uma Igreja muito activa e com muita sensibilidade, especialmente nas áreas da Educação e do acompanhamento às comunidades de diferentes origens. Isto faz-me compreender que se trata de uma Igreja que procura servir e acolher a todos, para que todos se sintam em casa no seio da sua comunidade de fé. Parece-me que é uma Igreja com uma visão muito aberta e atenta às realidades do mundo de hoje, a partir de Macau. Penso – até pelo que sei – que existe uma boa comunhão entre os nossos irmãos. Estamos muito gratos pelo apoio que sempre receberam do bispo Stephen Lee, dos leigos, das comunidades religiosas de Macau e do clero diocesano. Tudo isto facilitou muito a adaptação dos nossos irmãos à Diocese e a toda esta realidade, para a qual procuram contribuir com o nosso carisma dehoniano.

CL – Qual o contributo específico que os Dehonianos podem dar às dioceses de Macau e Hong Kong, onde estão representados por oito religiosos (sete sacerdotes e um diácono)?

P.C.C. – A partir da nossa experiência carismática, alimentamos o desejo de estarmos sempre muito atentos às realidades da Igreja e da sociedade, procurando responder a situações concretas. No nosso caso, a nossa presença, seja em Macau ou em Hong Kong, tem tido, antes de mais, o objectivo de apreciar e compreender a dinâmica eclesial, a cultura, a língua… Tudo isto resulta de um longo tempo de preparação. Nestes anos que aqui estamos, temos procurado encarar a nossa disponibilidade de serviço ao outro como um elemento muito carismático do nosso carisma; tal como fez o Padre Dehon ao longo da sua vida, no cumprimento do princípio “Aqui estou para fazer a tua vontade” (cf. Heb., 10, 7). É neste “Aqui estou” que procuramos viver em resposta às necessidades da Igreja local, seja no serviço pastoral das paróquias, no mundo educativo, na pastoral aos imigrantes, e até nos Meios de Comunicação Social. Vivemos este “Aqui estou” também no modo como nos aproximarmos das pessoas, partilhando a nossa espiritualidade, em particular a Eucaristia e a reconciliação.

CL – Que futuro deseja para a presença dehoniana nestas terras?

P.C.C. – Lembro-me que quando o Papa João Paulo II convidou a Igreja a evangelizar na Ásia, a nossa Congregação recebeu esse convite com grande alegria. O nosso Superior Geral à época, com grande entusiasmo, encorajou a Congregação a olhar com carinho para a Ásia, a estar disposta a aprender com a cultura desta região do mundo e também a servir a Igreja. Imbuída na tarefa evangelizadora da Igreja junto de vários países da região, surgiram Macau e Hong Kong também como uma oportunidade de missão. A Igreja pode também aqui manifestar o seu carinho, tendo a nossa Congregação aderido à missão de evangelizar nesta terra. É o que vimos fazendo com muita esperança e alegria. Mas sabemos, pois disso temos consciência, das dificuldades que esta missão acarreta. Ainda assim, a confiança no Senhor é cada vez maior, e tal manifesta-se quando servimos as pessoas, que nos são cada vez mais familiares e queridas. Com elas percorreremos o Caminho, olhando destemidamente para o horizonte, sempre com o desejo de alimentar a vida, servindo o Evangelho.

CL – Em Macau, por exemplo, a Província Portuguesa dos Dehonianos contribui para o ministério da Palavra em língua portuguesa. Que mais podem os Sacerdotes do Coração de Jesus oferecer a esta Igreja?

P.C.C. – O nosso fundador, o venerável Padre Dehon, sempre teve presente de que a Palavra de Deus era o nosso alimento diário. Ele mesmo foi um homem que viveu o Evangelho, contemplando-o e vivenciando-o no dia-a-dia. Daí termos a tradição de sempre zelar pelo estudo da Palavra de Deus, por meio da meditação e da pregação. É por isso que nunca faltaram à tradição dehoniana irmãos que tivessem um apostolado muito específico de serviço e difusão à Palavra de Deus. Nos últimos anos, os nossos irmãos em Portugal caracterizaram-se por partilhar a Palavra de Deus de uma forma muito bem trabalhada e bem estudada, tendo-se colocado ao serviço do povo, através da publicação de comentários ao Evangelho e de comentários às leituras bíblicas, com o intuito de fortalecer o conhecimento e a identidade cristã dos leigos. É um ministério que levamos muito a sério. Estamos gratos por poder servir a Igreja na Ásia também neste campo da formação bíblica.

Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ

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