Adolescência livre de telemóveis

FAMÍLIA E FÉ

Adolescência livre de telemóveis

«Tudo começou com uma conversa num parque em Barcelona na qual vários pais falaram do costume actual de oferecer um telemóvel aos filhos quando eles chegam aos doze anos. Alguns pais não estavam de acordo, mas temiam que se não dessem o telemóvel nessa idade, os seus filhos poderiam ficar sozinhos e isolados dos colegas. Logo, a pressão social era o motivo principal pelo qual tinham dado o telemóvel, mesmo sendo conscientes de que, nessas essas idades, esse “presente” era tudo menos inofensivo». São palavras de Tamara Fernández, porta-voz da iniciativa espanhola “Adolescência livre de telemóveis”. Os pais saíram do parque criando um grupo de WhatsApp para compartilhar notícias sobre telemóveis e jovens. Vinte dias depois, o movimento já contava com mais de sessenta mil membros em toda a Espanha.

Tamara é consciente de que este enorme interesse pelo assunto é consequência de vários acontecimentos: muitos estudos publicados recentemente nos Meios de Comunicação sobre a influência dos “smartphones” na saúde mental dos jovens, e várias notícias sobre todo o tipo de “bullying” cometido por jovens usando os telemóveis como fontes de difusão de informação caluniosa ou degradante.

A iniciativa “Adolescência livre de telemóveis” propõe dois objectivos fundamentais:

Primeiro: que os pais possam decidir livremente quando dar um telemóvel aos filhos, sem pressão de nenhum tipo e com a capacidade de ajudarem os filhos a realizarem uma utilização virtuosa do mesmo. Para isso, é muito importante que os pais não se sintam sozinhos neste esforço e percebam que há mais famílias preocupadas com o assunto.

Segundo: lutar para que o uso do telemóvel seja proibido nos centros escolares para menores de idade porque isto, na sua opinião, pode distorcer as relações entre os jovens e criar conflitos sérios. Este segundo objectivo requer o apoio das direcções das escolas, sendo que, muitas delas, são conscientes deste problema.

Não existem soluções fáceis nem únicas para este problema. No entanto, é preciso enfrentá-lo com coragem e determinação porque está em jogo a saúde mental e espiritual de muitos jovens.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Doutor em Teologia

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