O CLARIM na Peregrinação Aniversária de Outubro

D. Stephen Lee rezou em Fátima.

A vida por este lado vai mudando de rumo, conforme os ventos! Se na passada semana dávamos como certo uma visita a Vila do Conde, a verdade é que fomos a Fátima.

Houve uma mudança de horários no evento em que iríamos participar, sendo que não se adaptavam ao nosso conceito de comida. Acabámos por cancelar o mesmo. Assim, dado não termos qualquer compromisso no fim-de-semana e havendo a celebração do 13 de Outubro, não hesitámos em ir ao Santuário de Fátima para participarmos na Procissão das Velas, na sexta-feira, e na do “Adeus” no sábado. Em boa altura o fizemos, pois ficámos a saber que o bispo D. Stephen Lee também lá estava. Foi com alegria que ouvimos o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria e Fátima, anunciar a presença do chefe da diocese de Macau no Santuário, numa celebração que foi presidida pelo bispo de Hiroshima (Japão), D. Alexis Mitsuru Shirahama.

D. Stephen Lee não participou activamente na homilia mas integrou o grupo de vinte bispos (entre os quais, um cardeal) que esteve nas celebrações dos dias 12 e 13 de Outubro.

Como já vem sendo habitual, deslocámo-nos a Fátima na companhia da Maria e dos meus pais. Chegámos a meio da tarde do dia 12, com muito tempo para procurar um local para estacionar a autocaravana e ir ao recinto do Santuário pagar promessas. Oferecemos sempre uma vela por cada um de nós, uma tradição que se arrasta há anos na nossa família e que fazemos questão de manter.

O bispo de Hiroshima, nas várias intervenções que proferiu ao longo dos dois dias da última peregrinação aniversária de 2018, abordou os horrores da guerra, evocando sempre a Paz. Segundo D. Alexis Shirahama, «a arrogância é o actual grande inimigo da humanidade».

Na homilia do dia 13, perante os milhares de fiéis que enchiam a Cova da Iria, o bispo japonês perguntou: «–Que inimigo é este contra o qual devemos lutar no mundo de hoje?». Em jeito de resposta, recordou que durante a visita do Papa João Paulo II ao Japão, em 1981, o Santo Padre referiu que Hiroshima e Nagasaki representavam a capacidade do ser humano em destruir com a sua arrogância o mundo inteiro e a natureza. «Acredito que a arrogância do ser humano é o seu grande inimigo no mundo de hoje», afirmou.

Nas já tradicionais palavras finais antes da Procissão do Adeus, D. António Marto acentuou que a presença de D. Alexis Shirahama em Fátima dava «relevo» à mensagem de Nossa Senhora, quando disse aos pastorinhos que o seu Imaculado Coração triunfaria e o mundo conheceria um período de paz.

A última peregrinação aniversária deste ano começou de forma um pouco tímida, com a Procissão das Velas – sempre muito concorrida pelos fiéis e curiosos – a não reunir muitas pessoas. Comparando com as celebrações de 13 de Maio, que marcam a primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos (Lúcia, Santa Jacinta e São Francisco), a afluência em Outubro foi muito reduzida. O recinto estava pouco mais de meio, o mesmo acontecendo com os parques de estacionamento circundantes, cuja ocupação é sempre um bom indicador da afluência de fiéis.

Já no dia seguinte, com bom tempo e um ambiente favorável, o Santuário encheu completamente, e assim se manteve durante grande parte do dia.

A passagem de D. Stephen Lee por Fátima tem um importante simbolismo: além de reforçar os laços que Fátima tem com Macau, deu-se no seguimento dos esforços de aproximação entre o Vaticano e a China. Aliás, quem segue estas crónicas, lembrar-se-á que no 13 de Maio deste ano esteve presente o cardeal D. John Tong, bispo-emérito de Hong Kong, numa altura em que muitas notícias davam conta de inúmeros encontros entre responsáveis da Santa Sé e de Pequim.

Para além do clero proveniente dos cinco continentes e dos milhares de fiéis e curiosos, também participaram nas celebrações da noite do dia 12 vários reitores de universidades católicas de fora da Europa, nomeadamente de Macau, da Austrália e do Japão.

Quem não conhece bem as actividades que se realizam no Santuário de Fátima pode ficar a pensar que se resumem à Procissão das Velas e à Procissão do Adeus. Afinal de contas, é apenas isso que passa na televisão! No entanto, há muitas celebrações – entre as quais estão as peregrinações aniversárias – que são muito mais do que as procissões. São, digamos, autênticas maratonas de fé, com o intuito de agradar a todos os gostos.

No dia 12, celebrou-se a primeira missa às 7 horas e 30 da manhã, em Alemão, tendo-se seguido outras missas nas mais variadas línguas. Às 10 horas e 15 realizou-se a veneração dos pastorinhos, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e às 18 horas e 30 a saudação a Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições. A Procissão das Velas teve início às 22 horas e 15, sendo que no final da mesma foi celebrada missa e rezou-se pela noite dentro. Este longo período culminou com a Procissão Silenciosa.

No dia 13, aquando da Procissão do Adeus (passava do meio-dia), já muitas celebrações tinham decorrido, entre missas, adorações e outras actividades.

Nestes dias o Santuário de Nossa Senhora de Fátima prima por organizar eventos do foro religioso a todas as horas, para que os peregrinos tenham a oportunidade de escolher o horário que preferem para as suas orações ou simples contemplação. O Santuário não dorme durante estes dias, embora o mesmo aconteça noutras épocas do ano, se bem que com menos frequência.

Aos que ainda não tiveram a oportunidade de se deslocar a Fátima, podem visitar a página do Santuário na Internet (www.fatima.pt) e aí encontrar toda a informação e ligações em tempo real a uma câmara de filmar colocada na Capelinha das Aparições. Em casa, no escritório ou em qualquer outro lugar, os cibernautas podem ver todas as actividades que ali se desenrolam, como se lá estivessem. Uma boa forma de manter o contacto com Nossa Senhora de Fátima, sempre e em toda a parte!

João Santos Gomes

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