A Igreja Católica em 2019.
As expectativas da juventude e a celebração da dimensão missionária do território são as duas principais prioridades da acção pastoral da diocese de Macau para 2019. O ano que principiou na terça-feira deverá pautar ainda o arranque das obras de requalificação do Centro Católico, na Avenida da Praia Grande.
Juventude e missionação. Estes são os dois grandes pilares da actividade pastoral que a diocese de Macau tem prevista para 2019. Com a mudança de calendário arrancou também o período de três anos que a Diocese, por indicação directa do bispo D. Stephen Lee, dedica aos problemas e às expectativas dos mais novos.
O ano de 2019 arranca praticamente com a 34ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude, evento que decorre entre 22 e 27 de Janeiro na cidade do Panamá. A diocese de Macau não vai estar representada a título oficial na iniciativa, mas o Paço Episcopal propõe-se compensar a ausência com a definição de um período de três anos em que a abordagem às questões da juventude é a principal prioridade da Igreja Católica do território: «Este ano, com o Novo Ano, arrancou aquilo que D. Stephen Lee definiu como um triénio dedicado à juventude. O bispo alude a este triénio da juventude na mensagem de Natal e na mensagem à juventude divulgadas pela Diocese», recordou a’O CLARIM o padre Manuel Machado. «D. Stephen Lee quer, ao longo dos próximos três anos, impulsionar uma aproximação à juventude, aos problemas e às expectativas da juventude, nomeadamente no que toca ao que os mais novos esperam da Igreja e à forma como a Igreja pode responder aos anseios que os jovens têm», complementou o chanceler da diocese de Macau.
O arranque do triénio consagrado à juventude foi, de resto, antecipado, com a organização, no último Domingo, de um Fórum Pastoral da Juventude. D. Stephen Lee recebeu no Paço Episcopal mais de quarenta jovens, com quem esteve à conversa com o propósito de perceber quais são as expectativas que as gerações mais novas nutrem e de que forma é que a Igreja pode contribuir para dar resposta aos anseios dos mais novos.
«Algumas das actividades que a Diocese vai organizar este ano deverão ter um enfoque exclusivo na juventude. É possível que venha a ser constituída uma Comissão da Juventude, mas o objectivo é que várias forças se conjuguem em torno deste desígnio do triénio da juventude», explicou o padre Manuel Machado, reiterando o propósito de D. Stephen Lee fazer da juventude a grande prioridade da acção pastoral da Diocese, não só para o ano de 2019, mas também para os dois anos subsequentes.
OUTUBRO, MÊS DA MISSIONAÇÃO
A acção pastoral da diocese de Macau deverá centrar-se na juventude, mas não se resume apenas a este ponto. Este ano cumpre-se o centésimo aniversário da promulgação da Carta Apostólica Maximum Illud, com a qual o então Papa Bento XV tentou dar um novo impulso à responsabilidade missionária.
Um século depois, o Papa Francisco instou a Igreja a não deixar passar a efeméride em claro e a diocese de Macau respondeu afirmativamente ao repto do actual titular da cátedra de São Pedro e decretou Outubro de 2019 como mês missionário extraordinário: «Estamos a ver se durante o mês de Outubro, que normalmente é o mês das missões, fazemos algo com um pouco mais de visibilidade», referiu o padre Manuel Machado. «Pedimos ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais autorização para promover algumas actividades na Praça do Tap Seac e nas Ruínas de São Paulo. O objectivo, de qualquer forma, passa por acentuar esse aspecto da Igreja missionaria. O território sempre foi um ponto de partida e de chegada de missionários e esta iniciativa tem por objectivo reavivar essa dimensão da fé», disse.
NOVO CENTRO CATÓLICO
Actividade pastoral à parte, 2019 poderá ser também o ano em que um dos mais visíveis activos da Igreja Católica no território poderá começar a ganhar nova vida. A remodelação do edifício do Centro Católico deverá finalmente avançar, assim espera o padre Manuel Machado: «Os planos já deram entrada na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Falta ainda a apreciação do Governo, mas a Diocese espera poder começar este ano com os trabalhos, nomeadamente com a primeira fase, a do demolição do edifício actualmente existente», revelou o sacerdote. «É evidente que o processo se deve prolongar por três ou quatro anos, mas o arranque das obras é um outro aspecto que talvez este ano possa acontecer. Não é uma iniciativa de natureza pastoral, mas é algo muito importante, porque no futuro também vai contribuir para dinamizar o trabalho pastoral da Igreja», concluiu.
A AGENDA DO PAPA FRANCISCO PARA 2019
Jornadas Mundiais da Juventude, Cidade do Panamá, entre 22 e 27 de Janeiro: O encontro é o terceiro do pontificado de Jorge Bergoglio, na sequência das Jornadas que se realizaram no Rio de Janeiro, em 2013, e em Cracóvia (Polónia), em 2016. A deslocação ao Panamá pauta ainda a sétima visita do Papa Francisco à América Latina desde que foi eleito em 2013.
Visita aos Emirados Árabes Unidos, entre 3 e 5 de Fevereiro: Naquela que é a primeira visita de um pontífice a um dos países da Península Arábica, Francisco tem prevista uma deslocação à Grande Mesquita de Abu Dhabi, bem como a realização de uma missa num dos maiores estádios do País. O Vaticano estima que vivam nos Emirados Árabes Unidos cerca de um milhão de católicos, a maior parte dos quais provenientes das Filipinas, da Índia e do Sudeste Asiático.
Cimeira sobre o Abuso, Roma, entre 21 e 24 de Fevereiro: É a primeira grande iniciativa conduzida pela Santa Sé com o propósito de dar resposta à questão dos abusos sexuais protagonizados por membros da Igreja. Bispos de todo o mundo vão estar reunidos em Roma, num encontro em que a Igreja terá necessariamente que avançar com uma acção resoluta e unânime. Ao convidar os responsáveis pelas conferências episcopais nacionais para marcar presença na cimeira, o Papa propõe-se testar um processo de decisão e de governança da Igreja que passa por um modelo mais colaborativo. Entre os organizadores do certame está o cardeal norte-americano D. Blase J. Cupich, de Chicago.
Visita a Marrocos, entre 30 e 31 de Março: O Papa Francisco é o segundo pontífice a visitar aquele que é o mais influente dos países do Magrebe. João Paulo II foi o primeiro Papa a visitar Marrocos, no já longínquo ano de 1985.
Visita à Bulgária e à Macedónia, entre 5 e 7 de Maio: Numa e noutra nação, a comunidade católica totaliza menos de um por cento da população e não chega sequer aos quarenta mil devotos. No passado, o Papa Francisco visitou outros países onde os católicos perfazem uma pequena minoria, como a Estónia ou a Suécia.
Assembleia Especial para a Amazónia do Sínodo dos Bispos, em Outubro: A quarta reunião geral do Sínodo dos Bispos do pontificado do Papa Francisco vai centrar-se na Bacia da Amazónia e nas preocupações evangélicas e pastorais com que se depara a região. Em discussão deverão estar o impacto da globalização e das alterações climáticas nos povos indígenas, bem como os desafios que se colocam à evangelização em locais remotos.
Marco Carvalho