Solenidade da Epifania do Senhor tem lugar este domingo

Reis Magos seguem estrela ao encontro da Luz do Mundo (João 8:12).

Com a festa da Epifania, a Igreja celebra a manifestação de Jesus ao mundo. Epifania, palavra de origem grega, significa “manifestação externa”, “aparecimento”. «Para a Igreja crente e orante, os Magos do Oriente, que, guiados pela estrela, encontraram o caminho para o presépio de Belém, são apenas o princípio de uma grande procissão que permeia a história. Por isso, a liturgia lê o Evangelho que fala do caminho dos Magos juntamente com as estupendas visões proféticas de Isaías 60 e do Salmo 72 que ilustram, com imagens ousadas, a peregrinação dos povos para Jerusalém. Os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, n’Ele honram o Filho de Deus e se prostram diante d’Ele. A Igreja chama a esta festa “Epifania” – a manifestação do Divino», explica o Papa emérito Bento XVI.

De acordo com a narração de São Mateus, os Magos, quando chegaram a Jerusalém, primeiro de tudo visitaram Herodes, o rei romano da Judeia, e perguntaram quem era o rei que havia nascido, pois tinham visto aparecer a “sua estrela”. Herodes, que claramente não conhecia a profecia do Antigo Testamento (Miqueias 5:1), perguntou aos sábios sobre o lugar onde deveria nascer o Messias, para que também ele pudesse adorá-lo.

Mateus apresenta Jesus como a luz e a glória de Deus para o povo de Israel, sendo a Ele que os povos vêm em adoração, numa perspectiva universalista, a qual está presente também no pensamento de São Paulo, na segunda leitura do Domingo da Epifania do Senhor.

Guiados pela estrela, os Magos chegaram a Belém, que fica a cerca de dez quilómetros de Jerusalém. Mateus conta que, ao encontrarem o menino na manjedoura, abriram os seus cofres e ofereceram-lhe presentes simbólicos: ouro, incenso e mirra (Mateus 2:1-12). O ouro (destinado aos reis), um presente para Jesus na qualidade de rei; o incenso (que se queima diante dos deuses), um presente para Jesus na qualidade de Deus; e a mirra (usada para o embalsamamento dos mortos), um presente para Jesus na qualidade de homem, já profetizando a sua morte salvífica.

Tendo sido alertados, em sonho, para nada dizerem a Herodes, voltaram para as suas terras por uma outra estrada. Com medo, Herodes mandou matar todas as crianças de Belém que tivessem menos de dois anos de idade.

O evangelista não diz quem são estes reis, nem o seu número, mas a tradição conta que eram três e a eles dá os nomes de Melchior, Baltazar e Gaspar. São denominados “magos” não porque se dedicassem à magia, mas porque tinham grande conhecimento em Astrologia.

Além do Evangelho de São Mateus, há documentos apócrifos no Vaticano, muito antigos e de grande valor, que relatam a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus. E um mosaico do século VI, em Itália, refere os nomes dos três Magos.

Santo Agostinho também comentou a adoração dos Reis que vieram do Oriente: “Ó menino, a quem os astros se submetem! De quem é tamanha grandeza e glória de ter, perante seus próprios panos, Anjos que velam, reis que tremem e sábios que se ajoelham! Quem é este, que é tal e tanto? Admiro de olhar para panos e contemplar o céu; ardo de amor ao ver no presépio um mendigo que reina sobre os astros. Que a fé venha em nosso socorro, pois falha a razão natural”.

 

As relíquias dos Reis do Oriente – Segundo São João Crisóstomo, mártir e doutor da Igreja, Patriarca de Constantinopla, os três Reis Magos foram mais tarde baptizados pelo apóstolo São Tomé e muito trabalharam para a expansão da Fé.

O “site” da catedral de Colónia (Alemanha) conta que a mãe do imperador Constantino, Santa Elena, encontrou as relíquias dos Reis do Oriente, na cidade de Sabá, e as transladou até à então capital do Império Romano, Constantinopla, hoje Istambul.

Actualmente, o santuário dos Magos do Oriente encontra-se na catedral de Colónia e é um dos relicários com maior significado da Idade Média. A ornamentação do santuário inclui ouro e prata, painéis de filigrana, pedras preciosas, colunas e arcos. As imagens reflectem episódios da História da Salvação, desde o começo dos tempos até ao Juízo Final.

 

Astrónomo defende a existência da estrela de Belém – O astrónomo Mark Thompson, membro da Royal Astronomical Society de Londres, realizou um estudo científico em que explica a natureza da estrela que conduziu os Reis Magos até Belém, confirmando a narração do Evangelho de São Mateus.

Acerca da estrela de Belém que os Reis Magos viram foram aventadas várias hipóteses: inicialmente, dizia-se que se trata de um cometa, mas estudos de Astronomia revelam que, ao que tudo indica, deveu-se à conjunção dos planetas Saturno e Júpiter na Constelação de Peixes.

Neste sentido, os Reis Magos decidiram muito possivelmente viajar em busca do Messias, dado que na antiga Astrologia o planeta Júpiter era considerado a estrela do Príncipe do Mundo; a Constelação de Peixes o sinal do Final dos Tempos; e o planeta Saturno a Estrela da Palestina. Ou seja, presume-se que os “sábios do Oriente” anteviram que o Senhor do final dos tempos apareceria naquele ano e na Palestina.

Recorrendo a registos históricos e simulações por computador que permitem mapear a posição das estrelas e dos planetas em torno da data em que Jesus nasceu, Thompson defende que naquela época houve um evento astronómico incomum.

De acordo com o académico, entre Setembro do ano 3 a.C. e Maio do ano 2 d.C. houve três conjunções em que o planeta Júpiter e a estrela Regulus passaram perto um do outro. Thompson explica: «Curiosamente, no mundo da Astrologia antiga, Júpiter é considerado o rei dos planetas e Regulus, que é a estrela mais brilhante da Constelação de Leão, a rainha das estrelas. Os três Reis Magos eram considerados por alguns como sacerdotes zoroastristas, que eram astrónomos de renome na época. Quando o rei dos planetas passou tão perto da rainha das estrelas, por três ocasiões, devem ter julgado que se tratava de um facto muito significativo, e interpretaram-no como o nascimento de um novo rei».

Esta teoria, no entanto, não é inteiramente nova. Ela coincide com as apresentadas por outras autoridades da Astronomia em diversas épocas. De facto, a estrela de Belém sempre intrigou filósofos, teólogos e cientistas. A ideia que a famosa estrela resultou de uma conjunção de astros de primeira magnitude já foi defendida por respeitadas autoridades da Astronomia.

Thompson conclui: «Não cabe a mim dizer se realmente a Bíblia está certa ou errada. Eu apresento o mapa dos factos que estão diante de mim».

A estrela que guiou os Reis do Oriente há mais de dois mil anos é hoje Maria Santíssima. Peçamos a Graça a Deus, que Nossa Senhora – luz celeste entre nós – nos guie ao encontro do Senhor, a verdadeira luz do mundo e da alma!

Miguel Augusto 

 com Luiz da Rosa (académico e teólogo) e Aleteia

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