Paróquia de Santo António recorda Santo André Kim com novena

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE É BOA OPORTUNIDADE PARA A COREIA DO SUL, CONSIDERA O PADRE JAMES RYU, BMC

Paróquia de Santo António recorda Santo André Kim com novena

O bispo D. Stephen Lee celebra, a 20 de Setembro, missa festiva pelo Santo André Kim, na igreja de Santo António. A Eucaristia é antecedida de novena, tendo esta início no dia 12.

«O Santo André Kim está para a Coreia do Sul como Santo António está para Portugal». O veredicto é do padre James Ryu Jae Hyoung, BMC. Com esta frase, o sacerdote sul-coreano, que é desde Junho último responsável pela paróquia de Santo António, explica porque razão Macau e a igreja onde agora desenvolve a sua missão têm um papel central na geografia sentimental dos católicos e do Catolicismo sul-coreano.

Celebrado pela Igreja Católica a 20 de Setembro, Santo André Kim Taegon foi enviado com apenas quinze anos pelos fiéis coreanos para estudar Filosofia e Teologia na Procuradoria das Missões Estrangeiras de Paris em Macau, onde chegou em Julho de 1837. A Sociedade detinha, à época, uma das suas principais casas de formação junto ao Jardim Camões e durante os cinco anos que passou no território o futuro sacerdote frequentou como fiel a igreja de Santo António. «Da mesma forma que os portugueses têm uma grande devoção por Santo António, nós temos uma grande devoção e um grande carinho por Santo André Kim. Por um lado, porque é o primeiro sacerdote e o primeiro santo coreano; por outro, porque o vemos como um exemplo a seguir. Esta é uma das razões pelas quais temos tanto interesse em estudar a sua história, o tempo que passou em Macau, porque é que foi detido pelas autoridades coreanas e porque foi martirizado», explicou o padre James. «A igreja de Santo António é um local muito especial porque, na primeira metade do Século XVII, aqui ao lado, no Jardim Camões, havia uma casa de formação da Sociedade das Missões Estrangeiras. Santo André Kim e dois outros seminaristas frequentaram essa casa de formação, onde estudaram Filosofia e Teologia. Daí que tantos peregrinos coreanos visitem a igreja de Santo António. Desta forma, confirmam aquilo que já sabem sobre André Kim e a sua fé: que Macau é muito importante, porque foi aqui que ele comprovou que o seu destino era o de seguir a Palavra de Deus», complementou.

Se é verdade que os católicos sul-coreanos não ignoraram Macau e a importância que a igreja de Santo António teve na formação do primeiro sacerdote coreano e na posterior difusão do Catolicismo na Coreia, a Paróquia dedicada ao Santo Casamenteiro também não esqueceu o mais famoso dos seus fiéis. A exemplo do que sucede desde há quinze anos, a igreja de Santo António acolhe na próxima semana uma novena em honra de André Kim. O padroeiro da Coreia do Sul, garantiu o padre James, é cada vez mais venerado pelos católicos locais. «Quando cheguei a Macau já a novena era celebrada. Os católicos já sabiam que Santo André Kim tinha estudado em Macau, sabiam de quem se trata. Quando chegámos a Macau e nos foi confiada a paróquia de Santo António, uma das missões que assumimos foi familiarizar um maior número de pessoas com a vida e o legado de André Kim. Foi o primeiro sacerdote coreano, é um dos mártires da Igreja. A ideia que tenho é que as pessoas sabem mais sobre ele e o respeitam mais hoje em dia, talvez por se terem apercebido de quão importante ele é para a Coreia», disse o pároco da igreja de Santo António.

Um dos sinais de que a devoção a André Kim está cada vez mais vincada em Macau é a adesão à novena que todos os anos antecede a celebração deste santo, de São Paulo Chong Hasang e dos restantes companheiros martirizados. A novena tem início na próxima terça-feira, 12 de Setembro. A 20 do mesmo mês, D. Stephen Lee desloca-se à igreja de Santo António para celebrar a missa, pelas 19:00 horas, com que a Paróquia assinala a festa litúrgica. «A novena foi organizada pela primeira vez em 2008, ou em 2009, se não estou em erro. Tem início a 12 de Setembro e vai decorrer até ao dia em que se celebra a festa litúrgica de Santo André Kim e de São Paulo Chong Hasang», adiantou o padre James.

UM FAROL PARA A JUVENTUDE

Martirizado em 1846, aos 25 anos de idade, Santo André Kim é, considera o padre James, um exemplo para a juventude sul-coreana, mas também para os milhares de jovens católicos que são aguardados em Seul, em Agosto de 2027, para a 38.ª edição da Jornada Mundial da Juventude. A maior peregrinação juvenil do mundo regressa ao continente asiático, ao fim de mais de três décadas de ausência. O sacerdote defende que a escolha da Coreia do Sul – país em que apenas dez por cento da população é católica – não é fruto do acaso, mas de uma abordagem ponderada do Papa Francisco sobre a realidade asiática. «Acolher a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude é para a Coreia do Sul, e para o continente asiático, algo muito especial. Acho que o Papa Francisco, ao eleger a Coreia do Sul, estava a pensar na prosperidade, na paz e na harmonia do Continente Asiático. Estamos a testemunhar um número cada vez maior de crises nesta zona do planeta, mas, na minha opinião, o que países como o Japão, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte e a Rússia querem, é paz e liberdade», sustentou, acrescentando: «esta é uma boa oportunidade para partilharmos as nossas crenças, os nossos valores e a nossa identidade com os católicos, mas também com pessoas que comungam de outras crenças e religiões. Há uma grande diversidade na Ásia e temos formas muito diferentes de pensar e de agir, seja com a mente ou com o coração. E é por isso que entendo que a Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade».

A última edição da JMJ em Lisboa levou a Portugal perto de cem jovens de Macau. A relativa proximidade entre a RAEM e a Coreia do Sul poderá contribuir para que um número ainda maior de jovens locais se desloque a Seul. A quase quatro anos de distância, o pároco de Santo António diz-se disponível para dar o seu contributo para a preparação da representação de Macau na próxima edição da Jornada: «Somos coreanos, conhecemos bem a Igreja na Coreia, o povo coreano e, obviamente, dominamos a língua. Creio que talvez possa ser mais fácil para nós introduzir as nossas tradições e a nossa cultura, os coisas boas e menos boas da sociedade coreana, a quem queira participar na Jornada Mundial da Juventude. Posso ajudar os católicos locais que desejem participar neste grande evento da vida da Igreja».

Marco Carvalho

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