A perspicácia da Virgem Maria: história de coragem e sabedoria
Imaginem que seriam uma rapariga, entre os doze e os dezasseis anos de idade, num mundo sem escolas. Maria, apesar da sua pouca idade, revelou a maturidade de uma adulta. Quando o anjo Gabriel lhe apareceu, não ficou gelada nem entrou em pânico, como muitos de nós. Pelo contrário, respondeu com curiosidade e lucidez, questionando: “Como pode ser, sendo eu virgem?” (cf. Lucas 1, 34). Ela estava no comando, colocando questões sem medo, expondo o seu pensamento lógico e o desejo de compreender o acontecimento extraordinário que lhe era proposto.
Maria não se limitou a aceitar cegamente a mensagem do anjo. Procurou esclarecimentos, o que indica uma mente pensativa e perspicaz. Aceitou o convite de Deus com o devido discernimento. A sua humildade não foi passiva, mas uma escolha activa de confiança no plano de Deus. Não estava apenas a admirar o anjo; estava a esclarecer as suas dúvidas e a deliberar a sua resposta. Este processo de discernimento pode ter demorado algum tempo, exteriorizando uma profunda reflexão e consideração.
Mesmo quando o anjo anunciou que o seu filho seria um rei, teria uma posição muito poderosa, Maria não se deixou influenciar. Deve ter reflectido sobre as consequências da sua escolha, sabendo as repercussões sociais e pessoais de ser mãe solteira no seu contexto cultural. Aceitar a mensagem do anjo exigiu uma coragem imensa. A decisão de abraçar este papel, apesar do potencial de vergonha e ostracização, destaca a sua força interior e resiliência.
Maria não foi, de facto, uma escolha aleatória de Deus – foi escolhida e preparada pelo seu extraordinário sentido de sabedoria, discernimento e coragem. A sua história não é, pois, inspiradora? A imensa força da sua personalidade é algo com que todos podemos aprender. Esforcemo-nos por discernir as nossas escolhas com a mesma clareza e coragem que Maria demonstrou na sua conversa com o anjo.
Pe. Jijo Kandamkulathy, CMF