Fórum em Pequim assinala legado do jesuíta flamengo
As instalações do Centro Yale, em Pequim, acolhem a 9 de Outubro um fórum dedicado à vida e ao legado de Ferdinand Verbiest. Co-organizado pelo Instituto Ricci de Macau, a iniciativa decorre no exacto dia em que se assinalam os quatrocentos anos do nascimento do influente jesuíta flamengo.
Figura de proa do diálogo com a corte imperial da China, Ferdinand Verbiest nasceu há quatrocentos anos e a efeméride vai ser assinalada na capital chinesa. Fruto da colaboração entre o Instituto Ricci de Macau, a Universidade de São José e o Centro Yale de Pequim, o fórum conta com o apoio institucional da Embaixada da Bélgica em Pequim. Para além de palestras sobre vários aspectos do percurso do missionário na corte do Imperador Kangxi, contempla uma visita às instalações do antigo Observatório Astronómico de Pequim e uma exposição com alguns objectos e adereços pessoais do próprio Verbiest.
Nascido a 9 de Outubro de 1623 na pequena localidade de Pittem, na Flandres, Ferdinand Verbiest, chegou à China em 1660 e depressa se tornou uma referência no campo de ciências como a Astronomia e a Matemática. «É, na verdade, uma grande oportunidade para o Instituto Ricci assinalar este importantíssimo quarto centenário de Ferdinand Verbiest no Centro Yale. Ferdinand Verbiest é considerado um dos maiores missionários que se dedicaram à China, depois de Matteo Ricci e de Johann Adam Schall von Bell», recordou o padre Stephan Rothlin, SJ. «A memória destes missionários europeus é muito mais acarinhada na China do que nos países de onde são oriundos, onde quase não são lembrados. No momento actual, pautado por crises e por sérios confrontos à escala global, Ferdinand Verbiest continua a ser muito respeitado na China pela sua excelência no campo das ciências exactas, que são, obviamente, muito mais valorizadas na China, quando comparadas com a mensagem do Evangelho», acrescentou o director do Instituto Ricci de Macau.
Verbiest, que pode muito bem ter sido o inventor do primeiro veículo movido a vapor, notabilizou-se como astrónomo, matemática, tradutor, inventor e explorador, tendo-se tornado um dos conselheiros mais próximos do Imperador Kangxi. O exemplo do missionário belga, segundo o padre Stephan, permaneceu ao longo dos séculos e mantém-se nos dias que correm mais actual do que nunca: «O diálogo com a China, neste momento, parece quase impossível. Assim sendo, Verbiest pode inspirar todas as partes interessadas a usar primeiro o cérebro e a optar por uma abordagem racional e científica, com o propósito de resolver problemas e conflitos. Verbiest operou, claramente, no encalço da tradição de Matteo Ricci e do seu antecessor Johann Adam Schall von Bell, que desempenhou o cargo de director do Antigo Observatório de Pequim».
«O foco desta conferência recai muito claramente no diálogo com a China, tendo por base a ciência e a inovação social. Na verdade, será uma oportunidade para as pessoas que não têm grande familiaridades com a vida e o legado de Verbiest poderem ter um primeiro vislumbre sobre as suas espectaculares inovações, incluindo os primeiros modelos de automóveis autónomos, o trabalho desenvolvido no âmbito da Cartografia ou a grande variedade de instrumentos astronómicos que ajudou a aperfeiçoar», concluiu o padre Stephan.
M.C.