Doutrina Social da Igreja pode tornar iniciativa de Pequim mais humanas e sustentável

“Faixa e Rota”, para além da economia.

A Doutrina Social da Igreja pode dar à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” uma dimensão mais humana e ajudar a fazer com que o crescimento económico, associado ao programa de criação de infra-estruturas impulsionado pelo Governo de Pequim, adquira uma faceta mais sustentável.

O contributo da Igreja Católica para a “Faixa e Rota” esteve no final da semana passada em análise ao longo de dois dias, no âmbito de um simpósio promovido pelo Instituto Ricci de Macau. Subordinada ao tema “Explorar a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota: O Desafio da Comunicação e do Intercâmbio Cultural”, a iniciativa reuniu no território académicos e especialistas em representação de diversos quadrantes e oriundos de vários pontos do planeta.

«Estou muito satisfeito com a forma como decorreu o Simpósio. Atraiu líderes, académicos e empreendedores de todos os continentes. Os participantes estavam bem preparados e concentraram-se nos aspectos-chave da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, que correspondem à missão quer do Instituto Ricci, quer da Universidade de São José», disse a’O CLARIM o director do Instituto Ricci de Macau.

O papel da Igreja no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” ganha uma nova projecção à luz do acordo provisório assinado em Setembro entre o Vaticano e a República Popular da China. Para o padre Stephan Rothlin, a face humanista da Doutrina Social da Igreja pode fazer toda a diferença no âmbito de um projecto cuja natureza é eminentemente económica. «No Simpósio foram discutidas diferentes abordagens à forma como a Igreja, e em particular a Doutrina Social da Igreja, pode dar um contributo pequeno, mas significativo, para que o crescimento económico ao longo da Nova Rota da Seda se torne mais sustentável e mais benéfico para aqueles que habitualmente são deixados para trás», explicou o responsável. «A Doutrina Social da Igreja pode ajudar a dar uma maior visibilidade a esses aspectos e contribuir para que a dignidade individual de cada um seja respeitada», acrescentou o jesuíta.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” pode contribuir ainda, no entender do padre Stephan Rothlin, para que as tradições filosóficas e religiosas associadas à Rota da Seda se propaguem de uma forma mais vigorosa. O director do Instituto Ricci de Macau diz que uma tal tendência já é palpável, contrastando com a realidade prevalecente em regiões como a Europa e os Estados Unidos da América. «A dinâmica de crescimento de tradições e religiões, como o Confucionismo, o Cristianismo, o Budismo, o Taoísmo ou o Islão, nas regiões situadas ao longo da Nova Rota da Seda é um fenómeno que contrasta com a situação que se vive, por exemplo, na Europa e nos Estados Unidos, onde a Igreja parece sofrer uma grande erosão. Contudo, o objectivo do Simpósio foi o de provar precisamente que o crescimento destas diferentes religiões e tradições filosóficas não é apenas benéfico para os fiéis, mas que deve ter também um impacto benéfico para a sociedade, de um modo geral, e para os diferentes actores que tomam parte na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”», sublinhou o padre Stephan Rothlin.

Marco Carvalho

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