DOMINGO DE PENTECOSTES (23 DE MAIO)

DOMINGO DE PENTECOSTES (23 DE MAIO)

São Domingos e Nossa Senhora do Carmo “aguardam” o Espírito Santo

As paróquias da Sé Catedral e de Nossa Senhora do Carmo, tradicionalmente mais vocacionadas para a pastoral de língua portuguesa, celebram também este Domingo a Solenidade de Pentecostes.

Nos últimos dias, os fiéis vêm-se preparando para o Pentecostes, com a realização, entre outras actividades, de uma novena dedicada ao Espírito Santo, que termina amanhã, sábado. A mesma está disponível no canal de YouTube, “padre Daniel Ribeiro SCJ”, sendo partilhada nos grupos de WhatsApp em língua portuguesa.

A’O CLARIM, o vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa, padre Daniel Ribeiro, lembrou que a missa deste Domingo, em Português, na igreja de São Domingos, será presidida pelo bispo D. Stephen Lee, estando prevista a imposição do Sacramento da Eucaristia (Primeira Comunhão) a dois jovens, e o Sacramento da Confirmação (Crisma) a mais de vinte jovens e adultos.

No que respeita à paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa, a irmã Maria Lúcia, obreira das Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, tem estado a ensaiar o coro da igreja, com um programa específico de cantos para a celebração do Pentecostes.

Em declarações ao nosso jornal, a irmã Lúcia enfatizou: «Solenizada por vozes crentes e entusiastas, que executarão cânticos de acordo com a Liturgia de Pentecostes, [a celebração]certamente deixará na alma dos participantes mais fé e vontade de manifestar o seu amor ao mesmo Deus que nos envia o Espírito Santo. Confiamos todos os confirmandos, seus familiares e amigos, à protecção divina. Imploramos para eles e para todos nós, a alegria e a perseverança na fé, testemunhando-a sem medos e com coragem – porque cheios do Espírito Santo –, a fim de levarem outros jovens a aderir à mesma fé e a pertencerem à Igreja, a nossa Mãe».

UM NOVO PENTECOSTES

Luiz da Rosa, mestre em Ciências Bíblicas, explica que o “Pentecostes” é uma festa judaica: «Faz parte da tradição do Antigo Testamento e a sua origem é explicada em Levíticos 23:15-22. Recordamos como uma festa cristã, a festa que celebra o dom do Espírito Santo aos apóstolos reunidos no Cenáculo. São duas coisas diferentes. De facto, às vezes escuta-se dizer “pentecostes cristão” e “pentecostes judaico”». Segundo Luiz da Rosa, «é uma palavra que recorda o número cinquenta, especificamente ligado a cinquenta dias. Os cristãos, cinquenta dias após a ressurreição de Cristo, receberam o Espírito Santo. Os judeus celebravam o Pentecostes, sete semanas depois da Páscoa, recordando a saída do Egipto».

São Lucas evangelista conta no livro dos Actos dos Apóstolos: «De repente, veio do céu um barulho que parecia o de um vento soprando muito forte e esse barulho encheu toda a casa onde estavam sentados. Então todos viram umas coisas parecidas com chamas, que se espalharam como línguas de fogo; e cada pessoa foi tocada por uma dessas línguas. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, de acordo com o poder que o Espírito dava a cada pessoa» (Actos, 2:2-4).

São Pedro proclamou na manhã de Pentecostes que nos «últimos tempos» o Espírito do Senhor renovará o coração dos homens, gravando neles uma Nova Lei; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação, e Deus habitará nela com os homens na paz.

Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começaram a proclamar «as maravilhas de Deus» (Actos, 2:11) e comunicaram aos novos cristãos, pela imposição das mãos, os dons do Espírito que por meio deles operava.

O ESPÍRITO MOVE-SE E CRIA

O primeiro livro das Sagradas Escrituras (Génesis), logo no início do primeiro capítulo, aborda a acção criadora do Espírito Santo: «No começo, Deus criou os céus e a terra… O Espírito de Deus movia-se por cima da água. Então Deus disse: “– Que haja luz!”. E a luz começou a existir» (Génesis, 1:3).

Os dons e graças, com que o Espírito Santo une a Igreja e a alma cristã, são inumeráveis; não há língua que possa especificá-los. O Espírito Santo é amor e misericórdia; é quem começou e há de acabar a obra de santificação do Homem – por intercessão do Espírito Santo, o Verbo divino se fez carne no seio imaculado de Maria Santíssima; e a alma de Jesus Cristo através do seu (dela) corpo uniu a divindade à humanidade. Concluiu a obra de santificação, comunicando-se, no dia de Pentecostes, aos apóstolos e discípulos, e pela conversão das almas.

Todos os teólogos consideram o mistério da Encarnação, isto é, a união da divindade com a humanidade numa pessoa, como a maior obra das maravilhas do Espírito Santo, a quem se deve atribuir a obra-prima do amor, e dela participa a Mãe do Senhor.

Em Maio de 2012, o Papa Bento XVI, na homilia pela Solenidade de Pentecostes, afirmou: «Queridos amigos, devemos viver segundo o Espírito de unidade e de verdade, e por isto temos que rezar a fim de que o Espírito nos ilumine e guie para vencermos o fascínio de seguir verdades nossas, e acolhermos a verdade de Cristo transmitida na Igreja. A narração do Pentecostes em Lucas diz-nos que Jesus antes de subir ao céu pediu aos Apóstolos que permanecessem juntos para se prepararem para receber o dom do Espírito Santo. E assim reuniram-se em oração com Maria no Cenáculo na expectativa do acontecimento prometido. Recolhida com Maria, como no seu nascer, a Igreja reza também hoje: “Veni Sancte Spiritus! – Vem, Espírito Santo – enche os corações dos teus filhos e acende neles o fogo do teu amor!”. Amém».

Miguel Augusto

com Felipe Aquino e Veritatis Splendor

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