“Oratório de Páscoa” na igreja de São Domingos
A igreja de São Domingos recebe, ao início da noite de 28 de Março, a Orquestra de Macau para o tradicional concerto com que o ensemble sinfónico do território se associa às celebrações pascais. Este ano, dificilmente a escolha poderia estar em maior conformidade com o espírito da quadra.
Com regência de Appolo Wong, a Orquestra de Macau associa-se ao Coro dos Aprendizes de Hong Kong (“The Learners Chorus”, em Inglês), para apresentar uma das mais monumentais obras de Johann Bach, o “Oratório de Páscoa”.
Apelidado por muitos de “O Quinto Evangelista”, o compositor alemão deixou uma obra vasta e complexa, caracterizada por um pendor marcadamente religioso e em poucas composições essa particularidade é tão evidente como no registo musical que a Orquestra de Macau leva à igreja de São Domingos a 28 de Março, já no fim do período da Quaresma.
Composta em 1725 e estreada a 1 de Abril desse mesmo ano, na igreja de Santo Tomás, em Leipzig, a partitura do “Oratório de Páscoa” é a primeira de uma série de três composições que Johann Sebastian Bach dedicou às datas mais importantes da liturgia cristã (as outras duas são o “Oratório da Ascenção” e o “Oratório de Natal”). A obra, que conjuga com grande mestria música instrumental, canto a solo e ensemble coral, reproduz melodicamente, em onze movimentos, os relatos dos Evangelhos sobre a morte e a ressureição de Jesus Cristo.
“Este trabalho reúne a essência do estilo musical barroco e descreve vividamente os sentimentos e as percepções de quatro personagens bíblicos, face à morte e ressureição de Jesus. A música, com um sentimento de remorso, mas também com vozes de gratidão e alegria, é capaz de transcender a religião e tocar o coração das pessoas”, escreve a Orquestra de Macau no seu portal electrónico.
Em poucas das composições de Bach, a sofisticação do barroco se faz tão visível e magnânima como no “Oratório de Páscoa”, composição que em alguns movimentos adquire a forma de um verdadeiro tratado de estética teológica, com a glória de Deus a insinuar-se no contraste entre a inquietude melodiosa e a transcendência das vozes.
Este é o segundo ano consecutivo em que a Orquestra de Macau apresenta obras de Johann Bach no concerto com que se associa às celebrações da Páscoa da Ressureição, depois de há um ano ter apresentado, também na igreja de São Domingos, trechos de alguns dos mais conhecidos hinos do compositor alemão.
Os bilhetes para o concerto de Quinta-Feira Santa custam 150 patacas e já se encontram à venda.
Marco Carvalho