Paróquias preparam Natal com alegria e esperança
A Igreja Católica celebra este fim-de-semana o Primeiro Domingo do Advento e o início de um novo ano litúrgico. Na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa, a contagem decrescente para o Natal é assinalada com um espectáculo que tem as crianças da Catequese como principais protagonistas. Na paróquia da Sé, o começo do Advento coincide com um momento de adoração e formação.
A pastoral de língua portuguesa da igreja de Nossa Senhora do Carmo vai assinalar o início do Tempo do Advento e o arranque das celebrações da quadra natalícia com uma apresentação festiva por parte das crianças da Catequese e de demais grupos.
A iniciativa, que decorre este Domingo, logo após a Missa Dominical, tenciona despertar os paroquianos para a vivência do Advento, o mistério da espera e da preparação da vinda de Jesus Cristo. Com o certame, os diferentes grupos querem também alertar os fiéis para o verdadeiro sentido do Natal. “Haverá uma apresentação dos mais pequenos, uma actuação das crianças do grupo da Profissão de Fé, e os outros grupos cantarão duas lindas canções de Natal”, informa a equipa coordenadora da Catequese numa mensagem, enviada aos pais, a que O CLARIM teve acesso.
O Coro de Santa Maria, responsável pela animação da Eucaristia em Português no Carmo, vai interpretar duas canções alusivas à quadra, antes das crianças da pré-Catequese apresentarem “O Rapaz do Tambor” e do grupo de jovens que está a preparar a Profissão de Fé recrear o cenário da Natividade, dando vida ao Presépio. Segue-se uma segunda actuação musical, protagonizada pelos catequistas e catequizandos da Paróquia, que vão dar voz a “Dá-me o Deus Menino” e “Alegram-se os Céus e a Terra”, antes do padre Eduardo Emilio Agüero, SCJ, concluir a cerimónia com uma intervenção sobre os valores que somos convidados a colocar em prática na caminhada de preparação para o Natal.
TEMPO DE VIVER A DOCE ESPERA
Mas como devem, afinal, os católicos prepararem-se adequadamente para o nascimento de Jesus Cristo? O Advento é um período de preparação, de sobriedade e de expectativa, mas também de alegria, pela vinda do filho de Deus feito Homem. Sendo um tempo de espera, é também um período propício ao recolhimento e – argumenta o padre Daniel Ribeiro, SCJ – à oração e a uma vivência plena dos Sacramentos. «Na Liturgia da Igreja, é muitas vezes feito um paralelismo entre o Advento e a Quaresma, mas o Advento não tem o carácter penitencial que tem a Quaresma. É mais um tempo de espera», sublinha o sacerdote. «Uma forma de preparar a vinda de Jesus Cristo é, obviamente, a preparação religiosa, pela via dos Sacramentos. Ou seja, através da Confissão ou da participação nas celebrações da Eucaristia. Mas há outras formas, muito especiais, através das quais as pessoas se podem preparar. Um outro modo é através da caridade: fazendo obras de misericórdia, visitando aqueles que vivem sozinhos, aqueles que estão enfermos ou colaborando com os que não têm tantos recursos, com os mais pobres», assinala o vigário paroquial da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa.
Do ponto de vista litúrgico, as quatro semanas do Advento estão divididas em dois momentos distintos, que nos recordam as duas vindas do Filho de Deus. O primeiro, que se celebra até 17 de Dezembro, alerta para a segunda vinda de Cristo, em data que ainda se desconhece. Entre 17 de Dezembro e a noite da Natividade, os católicos de Macau e do mundo são convidados a pensar na primeira vinda de Jesus, ocorrida há mais de dois mil anos, e a colocar em prática os ensinamentos que o Senhor lhes legou.
«De uma forma muito particular, os católicos são convidados a reflectir sobre as duas vindas de Jesus: a reflectir sobre o Natal, a vinda de Cristo que já aconteceu, mas a reflectir também – e é para isso que a Igreja nos convida – sobre a segunda vinda de Cristo», explica o padre Daniel, acrescentando: «Muito mais do que a segunda vinda de Cristo, que já aconteceu, o Natal também nos convida a preparar a segunda e definitiva vinda de Cristo, que um dia acontecerá. É o que nós chamamos de “parousia”, mas não sabemos quando vai ocorrer».
ARREPIAR CAMINHO PARA O NATAL
Na paróquia da Sé a preparação da vinda do Senhor arrancou ainda antes do começo formal do Tempo do Advento. Em meados do presente mês, mais de vinte paroquianos participaram num retiro de três dias na Vila de São José, em Coloane. A iniciativa, que teve como ponto de partida uma das encíclicas do Papa Bento XVI, procurou fomentar a reflexão sobre o amor divino e o papel que Deus reserva a cada um no plano da salvação. Um segundo momento de preparação para o Natal vai ocorrer já este sábado, na Igreja de São Domingos. «A Paróquia organizou um retiro entre os dias 15 e 17 de Novembro. Durante três dias tivemos Missa diariamente e os participantes reflectiram sobre o amor que Deus oferece a cada um de nós. Esse amor não pode ser guardado, não pode ficar restrito apenas a quem o recebe. Deve, pelo contrário, ser propagado: todos os católicos, todos os cristãos devem tornar-se missionários, propagadores do amor e da mensagem de Cristo», defende o padre Daniel. «Um outro momento de preparação decorre já este sábado, na igreja de São Domingos. Este mês, o último Domingo coincide com o Primeiro Domingo do Advento e, como habitual, vamos ter um momento de adoração e também de formação, cujo tema principal é, exactamente, sobre como os fiéis se podem preparar bem para o Natal» adianta.
A 15 de Dezembro, na Casa Matteo Ricci, em Cheoc Van, haverá «um momento de espiritualidade e de recreação», direccionado para as crianças da Catequese e para os seus familiares. O padre Daniel vai celebrar a respectiva Missa, numa jornada de partilha em que estão ainda previstos momentos de espiritualidade e lazer.
Aos catequistas e catequizandos da Sé caberá ainda a responsabilidade de representar a pastoral de língua portuguesa da Sé Catedral no já tradicional Bazar de Natal, a 14 de Dezembro. «A comunidade de língua portuguesa é responsável por uma barraca, na qual serão organizadas actividades pelas crianças da Catequese. É a forma que a comunidade arranjou para se envolver, tanto as crianças, como os catequistas», concluiu o padre Daniel.
Marco Carvalho