Pandemia deixou imigrantes mais vulneráveis
A Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau tem vindo a reforçar as iniciativas de prevenção da toxicodependência direccionadas para as comunidades imigrantes radicadas no território. Este fim-de-semana, a organização assinala o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas com um evento que reúne em Ká Hó representantes das comunidades vietnamita, filipina, indonésia e nepalesa.
As requalificadas instalações da Vila de Nossa Senhora de Ká Hó, onde durante décadas funcionou a única leprosaria do território, acolhem na tarde do próximo Domingo um evento evocativo do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas. Promovido pela Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM), o certame visa este ano um alvo em particular: as comunidades imigrantes.
A pandemia de Covid-19 deixou dezenas de trabalhadores migrantes em situação de grande vulnerabilidade financeira e alguns tornaram-se presas fáceis de redes de tráfico de estupefacientes, alerta Augusto Nogueira. «É um fenómeno que tem vindo a ganhar alguma visibilidade e acho que tem um pouco a ver com esta questão da Covid-19», salienta o presidente da ARTM. «Um número significativo de pessoas perdeu os seus empregos, estão mais vulneráveis, não podem sair de Macau e algumas destas pessoas, empurradas pelo desespero, poderão ter-se sentido tentadas pela possibilidade de fazer dinheiro fácil e acabaram por enveredar por actividades criminosas», acrescenta o dirigente associativo.
Com o propósito de evitar que mais trabalhadores não-residentes caiam na armadilha do tráfico de droga, a ARTM está a intensificar as acções de prevenção direccionadas para as comunidades imigrantes. O objectivo é fazer chegar aos TNR’s informação sobre a lei da droga de Macau na sua própria língua. «O evento que vamos promover no próximo domingo tem a particularidade de apresentar informação sobre a lei da droga de Macau em línguas como o Vietnamita, Nepalês, Indonésio ou Tagalo», adianta Augusto Nogueira, em declarações a’O CLARIM. «Vamos proporcionar informação sobre as drogas e sobre a lei da droga nestas línguas, numa iniciativa que tem o objectivo de criar uma consciencialização para esta matéria entre essas comunidades, porque, como sabemos, ultimamente tem havido alguns problemas graves derivados do tráfico e do consumo de droga nessas comunidades», explica.
Agendada para a tarde de Domingo, o evento evocativo do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas realiza-se com um dia de atraso e contempla ainda uma componente cultural, a cargo das associações de migrantes que se associam à iniciativa. «Vamos ter junto às casas da antiga leprosaria vários tipos de actividades. Vamos ter danças com representantes de diferentes comunidades imigrantes. Convidámos associações do Vietname, das Filipinas e da Indonésia para participar na celebração desta efeméride, não apenas através dessa componente do espectáculo, mas também de barraquinhas, onde podem divulgar a sua cultura e a sua gastronomia», conclui Augusto Nogueira.
Marco Carvalho