APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO CELEBRADA A 2 DE FEVEREIRO

APRESENTAÇÃO DE JESUS NO TEMPLO CELEBRADA A 2 DE FEVEREIRO

Quarenta dias depois do Natal

Apresentação de Jesus no Templo! Sob esta denominação, alude-se a um episódio do Evangelho, depois plasmado como um tema iconográfico na arte cristã. Trata-se da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, pelos Seus pais. A sua fonte é a narrativa do Evangelho de Lucas (Lc., 2, 22-40). Ocorre, porém, um episódio relacionado com a Apresentação do Menino, que a arte e a liturgia observam: a circuncisão de Jesus (Lc., 2, 21), operação ritual prescrita na religião judaica, oito dias após o nascimento, a qual foi realizada em Jesus, na forma judaica (Brit Milá). Esta cai a 1 de Janeiro. A Apresentação ocorreu, no entanto, mais tarde, quando os dias de purificação terminaram. Por isso, a Igreja celebra a 2 de Fevereiro, no mesmo dia em que é celebrada a Purificação da Virgem, por associação simbólica e dos actos em si. Relacionada com a Virgem é também chamada de Festa das Candeias ou Virgem da Candelária.

A Festa da Apresentação de Jesus no Templo recorda o encontro da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, com dois fiéis anciãos que cumprem a Lei de Deus: Simeão e Ana. Este simples acontecimento contém um profundo simbolismo cristão: é o abraço do Senhor com o Seu povo. Segundo a Lei de Moisés, havia um antigo costume do povo de Israel, no qual quarenta dias após o nascimento do primogénito, este deveria ser apresentado ao Templo. Como bons judeus, foi assim que Maria e José procederam com o Menino Jesus, em conformidade com o que estava ordenado pela Lei de Moisés. Na transposição desse acto para a Igreja Católica, esta conta quarenta dias após o dia de Natal (25 de Dezembro) para celebrar a Apresentação do Senhor (2 de Fevereiro). A Escritura diz: «José e Maria levaram o bebé Jesus até Jerusalém para apresentá-lo a Deus no templo» (Lc., 2, 22).

Ao chegar ao Templo, os pais de Jesus, com o Menino nos braços, encontraram Simeão, o velho a quem o Espírito Santo prometeu que não morreria sem primeiro ver o Salvador do mundo. Pelo Espírito, a boca deste profeta proferiu que aquela criança seria o Redentor e o Salvador da Humanidade – “Esta criança está destinada a causar a queda de muitos em Israel, e também a ascensão de muitos outros. Ele foi enviado como um sinal de Deus, mas muitos se lhe oporão” (Cântico de Simeão, em Lc., 2, 22-40) –, anunciando a Sua morte na cruz.

Outra mulher estava no Templo, Ana, idosa também, de 84 anos, que ali andava todos dias e noites desde há décadas, em jejum e oração. Ao ver o Menino, Ana reconheceu-O e começou a proclamar a todos aqueles que esperavam a redenção de Jerusalém que a Salvação havia chegado (Lc., 2, 36-40). São as chamadas profecias de Simeão e Ana.

Falamos de uma Festa antiga, de origem oriental. É uma das mais antigas da Igreja Católica, com vasta sermonária sobre a mesma entre os Padres Antigos. A Igreja de Jerusalém já a celebrava no Século IV, quarenta dias depois da Festa da Epifania, no dia 14 de Fevereiro.

Egéria, a peregrina da Terra Santa entre 381 e 384, narra a Festa no seu famoso diário, acrescentando que era “celebrada com a maior alegria, como se fosse a própria Páscoa”. Egéria descreveu-a como um dia solene em Jerusalém, com uma procissão até à Basílica da Ressurreição. Originalmente, era uma celebração menor, mas de Jerusalém espalhar-se-ia para outras igrejas no Oriente e no Ocidente.

Em 541, porém, desencadeou-se uma grande praga em Constantinopla, matando milhares de pessoas. Foi a chamada praga de Justiniano, imperador bizantino, que depois de consultar o Patriarca de Constantinopla ordenou um período de jejum e oração por todo o Império Bizantino. Na Festa oriental do “Encontro do Senhor”, organizou grandes procissões nas maiores localidades, além de ordenar orações e solenidades contra a peste. Em 542, passada a praga, em agradecimento pelo fim da mesma, a Festa foi elevada para uma celebração mais solene e passou a ser celebrada por todo o império pelo imperador.

No Século VII, ou mesmo antes, a Festa é assinalada em Roma. Uma procissão de velas estava a ela associada. A Igreja Romana, todavia, já celebrava o feriado quarenta dias depois do Natal. Mais recentemente, na revisão de 1969 do calendário romano, determinou-se a designação de “Apresentação do Senhor”.

Vítor Teixeira

Universidade Fernando Pessoa

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