Visita do Santo Padre à República Popular da China

Falta encontrar o momento certo

O enviado especial às Filipinas da Rádio Polaca em Pequim, Tomasz Sajewicz (na foto), disse a’O CLARIM que a visita papal à República Popular da China poderá não estar para breve, porque tudo depende do momento ideal para a sua realização. Ao sugerir que Macau pode ser uma boa alternativa à recepção papal, o especialista em política chinesa referiu que os problemas políticos vividos em Hong Kong podem aproximar o Poder Central da Santa Sé.

«O momento ideal é muito importante, porque o Vaticano sabe que o cristianismo está a crescer na China, não só na Igreja Patriótica, como especialmente fora dela. Será bom para normalizar as relações com o Vaticano», salientou o jornalista polaco.

Quanto ao facto do Poder Central ver, de alguma forma, a Igreja Católica como uma ameaça à sua liderança, mostrou-se convicto que «um intercâmbio justo entre o Vaticano e Pequim, que não cause qualquer dano aos valores básicos essenciais da Santa Sé, poderá acontecer» e originar que «a Nunciatura Apostólica em Taipei [Taiwan] seja transferida para Pequim».

Tomasz Sajewicz, que acompanhou a visita do Sumo Pontífice à Coreia do Sul, em Agosto de 2014, descartou que a RAEM possa desempenhar qualquer papel fundamental de aproximação entre o Papa Francisco e o Presidente Xi Jinping, «porque, com o devido respeito, Macau não é tão importante como Hong Kong», mas «pode ser uma boa alternativa, caso o Papa não possa deslocar-se a Pequim e algum dos seus conselheiros se lembre desta ideia».

De igual modo, frisou que «os problemas políticos que recentemente começaram a vir à tona» na ex-colónia britânica são «um factor que ajudam à implementação das relações entre a China e o Vaticano».

Já Seán-Patrick Lovett, director da Rádio Vaticano em língua inglesa, lembrou que «o Papa quer ir a Pequim e tornou essa intenção muito, muito clara no voo proveniente da visita à Coreia do Sul, quando os jornalistas lhe puseram essa questão a bordo, e respondeu: “Iria no dia seguinte, se pudesse”. E acredito que ele iria amanhã se pudesse».

Contudo, o também docente da Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma sustentou que «é preciso haver primeiro um convite, porque há um protocolo a cumprir e o convite terá de ser avaliado, e haver condições ideais» para a sua concretização.

No seu entender, o maior obstáculo à intenção do Papa Francisco é mesmo «a questão» de saber qual «o momento ideal». E ao ser questionado se já tinha chegado o momento, o jornalista radicado há quatro décadas no Vaticano, «desde o tempo do abençoado Papa Paulo VI», foi bastante diplomático na resposta: «Não somos responsáveis pelo tempo. Deus é responsável pelo tempo. Realmente, será Deus a dizer-nos quando chegará a hora certa».

Fonte asiática próxima do Vaticano referiu categoricamente a’O CLARIM que «ainda não é o momento ideal», mas admitiu que «todos os católicos chineses esperam pela visita do Papa à RPC».

P.D.O.

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