Vaticano recebe ante-estreia de filme

Pio XII e os judeus

O Vaticano vai receber no dia 2 de Março a ante-estreia do filme “Shades of Truth” (Sombras da Verdade) sobre Pio XII, Papa entre 1939 e 1958, e a sua relação com os judeus, da realizadora Liana Marabini.

«O filme foi realizado com testemunhos inéditos de alguns judeus salvos por [Eugenio] Pacelli, cujo processo de beatificação está em curso, e tem por objetivo mostrar a inconsistência da lenda negra sobre o silêncio de Pio XII diante da tragédia da Shoah», adiantou a Rádio Vaticano.

A primeira exibição vai decorrer na data de aniversário de nascimento e da eleição pontifícia de Eugenio Pacelli (1876-1958).

Em Maio, o filme será apresentado no Festival de Cinema de Cannes e em Setembro na cidade norte-americana de Filadélfia, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias.

Segundo a realizadora Liana Marabini, Pio XII pode ser considerado como o “Schindler do Vaticano”, tendo ajudado a salvar «mais de 800 mil judeus» na Europa.

O Papa italiano foi declarado “venerável” por Bento XVI em Dezembro de 2009, o primeiro passo em direcção à beatificação.

Pio XII, assegurou o Papa emérito, «agiu muitas vezes de forma secreta e silenciosa, porque, à luz das situações concretas daquele complexo momento histórico, ele intuía que só desta forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus».

O Papa admitiu que «o debate histórico sobre a figura do servo de Deus Pio XII, nem sempre sereno, falhou no que toca a dar relevo a todos os aspectos do seu poliédrico pontificado».

Segundo Bento XVI, o Papa Pacelli percebeu desde o início «o perigo constituído pela monstruosa ideologia nacional-socialista (nazi, ndr), com as suas perniciosas raízes antissemitas e anticatólicas».

Na radiomensagem do Natal de 1942, Pio XII alertou para a situação de «centenas de milhares de pessoas que sem culpa nenhuma da sua parte, às vezes só por motivos de nacionalidade ou raça, se veem destinadas à morte ou a um extermínio progressivo».

Bento XVI citou os «numerosos e unânimes atestados de gratidão» dirigidos a Pio XII no final da guerra e no momento da sua morte, destacando as que chegaram das mais altas autoridades do mundo judaico, como por exemplo de Golda Meir: «Quando o martírio mais terrível se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazi, a voz do Pontífice levantou-se em favor das vítimas».

Em Julho de 2012, o memorial “Yad Vashem de Jerusalém”, que evoca as vítimas do Holocausto durante a II Guerra Mundial, modificou um texto que acusava o Papa Pio XII de não ter feito o suficiente pelos judeus.

O grupo de especialistas dedicado às actividades do Vaticano e de Pio XII levou em consideração «as pesquisas realizadas nos últimos anos» e apresenta «uma imagem mais complexa do que anteriormente».

Apesar de manter críticas ao Papa, a legenda acrescenta referências à sua neutralidade e às acções da Igreja Católica que permitiram salvar do Holocausto «um número importante» de judeus.

In ECCLESIA

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