Papa critica abandono do Acordo de Paris
O Papa visitou a sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, onde alertou para os efeitos das alterações climáticas no drama da fome, criticando quem abandona o Acordo de Paris.
«Vemos as consequências das mudanças climáticas todos os dias. Graças aos conhecimentos científicos, sabemos como se devem enfrentar os problemas e a comunidade internacional tem elaborado também os instrumentos jurídicos necessários, como, por exemplo, o Acordo de Paris, do qual, infelizmente, alguns se estão a afastar», disse, na passada segunda-feira, na celebração do Dia Mundial da Alimentação.
Francisco não se referiu a qualquer país em particular; o caso mais mediático de abandono do Acordo de Paris foi o dos Estados Unidos, por decisão do Presidente Donald Trump.
Firmado em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris, França, o Acordo de Paris estabeleceu a importância da adopção de modelos económicos que reduzam as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas.
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que este ano se propõe reflectir sobre o tema “Mudar o futuro da migração”, Francisco inaugurou uma estátua que evoca o pequeno Aylan, a criança síria encontrada sem vida à beira-mar, numa praia da Turquia, cuja imagem correu o mundo.
«As mortes por causa da fome ou do abandono da sua própria terra são uma notícia habitual, com o risco de provocar indiferença», advertiu o Papa.
O encontro na sede da FAO contou com a presença dos ministros da Agricultura dos países do G7.
O Papa apelou a uma maior responsabilidade «a todos os níveis» para garantir o direito à alimentação, evitando que as pessoas tenham de deixar a sua terra.
«Diante de um objectivo de tal envergadura, está em jogo a credibilidade de todo o sistema internacional», declarou.
Francisco apelou a um «desarmamento gradual e sistemático» para travar os conflitos e o tráfico de armas.
O discurso alertou para o desperdício de alimentos e para a especulação financeira com estes bens, pedindo uma «mudança de rumo» que inclua o «amor» como categoria da linguagem da cooperação internacional.
«O amor inspira a justiça e é essencial para levar a cabo uma ordem social justa, entre realidades diferentes que aspiram ao encontro recíproco», precisou.
A intervenção lamentou a falta de acção concertada para ajudar as vítimas da pobreza e da exclusão, da violência e das calamidades naturais, criticando o «açambarcamento de terras» e a corrupção.
In ECCLESIA