Papa pede perdão pelos «escândalos» da Igreja
O Papa Francisco pediu «perdão», na passada quarta-feira, pelos escândalos da Igreja, em particular os que recentemente aconteceram no Vaticano, sem se referir directamente a casos específicos.
«Gostaria, antes de iniciar a catequese, de pedir-vos perdão em nome da Igreja pelos escândalos que nos últimos tempos aconteceram, tanto em Roma como no Vaticano. Peço-vos perdão», disse o Papa, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, na audiência pública semanal.
Francisco observou que a confiança «espontânea» que as crianças têm em Deus nunca deve ser «ferida».
«O terno e misterioso laço de Deus com a alma das crianças nunca deveria ser violado», insistiu.
A 28 de Agosto, o Vaticano anunciou a morte do antigo núncio na República Dominicana, Józef Wesolowski, de 67 anos, que ia ser julgado por abuso sexual de menores e posse de pornografia infantil.
Já a 3 de Outubro, um dia antes do início do Sínodo da Família, o polaco Krzysztof Charamsa, sacerdote que estava ao serviço da Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé), assumiu a sua homossexualidade perante a Imprensa, num acto desde logo condenado pelo Vaticano.
O Papa começou a sua catequese a partir do alerta de Jesus contra os escândalos, relatado pelos Evangelhos.
«Jesus é realista e diz: é inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai do homem por causa do qual acontece o escândalo», advertiu.
A reflexão abordou as «promessas» de amor e de cuidado que os pais e educadores fazem às crianças, um compromisso sério que Francisco convidou a cumprir com determinação.
Diante de cerca de trinta mil pessoas, entre eles os mineiros chilenos que sobreviveram ao acidente na mina de São José em 2010, o Papa convidou os presentes a questionar-se sobre até que ponto são «leais às promessas que fazem às crianças».
«Acolhimento e cuidado, proximidade e atenção, confiança e esperança são promessas fundamentais, que convergem numa só: amor», acrescentou.
Ao recordar que as crianças esperam a confirmação dessa promessa, Francisco alertou que «quando acontece o contrário, as crianças são feridas por um “escândalo” insuportável, ainda mais grave, dado que não têm os meios para decifrá-lo».
«Apenas se olharmos as crianças com os olhos de Jesus, poderemos realmente entender como, ao defender a família, protegemos a humanidade», defendeu o Papa.
A intervenção deixou um cumprimento especial aos 33 mineiros chilenos que estiveram debaixo de terra durante setenta dias.
«Penso que qualquer um de vós seria capaz de vir aqui e dizer-nos o que significa a esperança. Obrigado por terdes esperança em Deus», declarou.
Francisco saudou depois os peregrinos lusófonos, pedindo que todos acompanhem com a oração o Sínodo dos Bispos que decorre no Vaticano.
«A Virgem Mãe nos ajude a seguir a vontade de Deus, tomando as decisões que melhor convenham à família. Rezai também por mim! Deus vos abençoe!», concluiu.
In ECCLESIA