A vida longa já não é um caso raro, nem uma excepção. A ciência e a medicina, no seu progresso, vão retardando a chegada da morte e multidões de idosos, em número crescente, povoam a terra. No começo do século XX a esperança de vida rondava os 40 anos, hoje aproxima-se dos 80.
A velhice é um período rico e luminoso que permite contemplar serenamente o passado e dar um sentido pleno a toda a existência.
O menosprezo pelo idoso será um sinal de pobreza espiritual, pois a experiência da vida só ele a tem, só ele tem histórias para recordar e contar, só ele se pode dar ao luxo de olhar para trás e sentir a tranquilidade da missão cumprida.
No entardecer da vida, a hora da velhice pode também ser um tempo para rezar por tudo e por todos, pelos que já partiram, pelos que ainda cá estão e por todos os vindouros.
Para alguns, os que não tiveram a felicidade de encontrar Deus no seu caminho, poderá até ser um momento de conversão. Abandonar o passado, o presente e o futuro nas Suas mãos é uma fonte de leveza, de serenidade e de Paz.
O recurso ao Sacramento disponível para esta idade – a Unção dos Doentes – é ainda uma forma de preparar a viagem no último capítulo da história terrena.
“Fica connosco Senhor” porque se faz tarde e a nossa vida está a chegar ao fim é um apelo no crepúsculo, na hora da viragem, é a ânsia da chegada à pátria definitiva para todo o sempre.
No dizer de Gilles Deleuze – filósofo francês – a velhice será uma sabedoria e uma arte de bem saber acabar de viver.
Susana Mexia
Professora