O que significa a Igreja ser Santa?
Igreja, Una, Santa, Católica e Apostólica. É fácil aceitar que a Igreja seja única, seja católica e que proceda dos Apóstolos. Mas Santa? Muitas pessoas rir-se-ão desta afirmação. Poderão, facilmente, citar factos históricos que comprovem que não há nada de santo na Igreja.
A primeira coisa que devemos afirmar é que a santidade da Igreja não se refere primordialmente aos seus membros. Deixem-nos recuperar duas piadas, referentes ao Papa Bento XVI e ao Papa Francisco, para explicar o seu significado.
Peter Seewald, numa das suas entrevistas com o Papa Bento XVI, publicada sob o título “Last Testament: In His Own Words” – “O Último Testamento: Nas Suas Próprias Palavras”, perguntou ao Papa-emérito: «Então, quando estiver em frente do Todo Poderoso, o que Lhe dirá?».
Bento XVI respondeu: «Implorarei para que Ele mostre indulgência em relação aos meus infortúnios».
A fé faz com que o crente tenha consciência dos seus próprios pecados.
O mesmo ponto é abordado numa outra entrevista, desta vez com o Papa Francisco. Depois de ter sido eleito, um repórter perguntou ao novo Papa: «Quem é Jorge Mario Bergoglio?».
O Santo Padre respondeu: «Eu sou um pecador».
Parece que foi também a resposta que deu quando os cardeais, na Capela Sistina, lhe perguntaram se aceitaria a sua eleição. Na ocasião, terá afirmado: «Eu sou um pecador, mas creio na infinita misericórdia e paciência de Nosso Senhor Jesus Cristo».
Quando a revista italiana Credere(2 de Dezembro de 2015) entrevistou o Papa Francisco, este disse a determinado momento: «Eu sou um pecador… E estou seguro disso. Sou um pecador para o qual o Senhor olhou com misericórdia. Sou, como disse aos reclusos na Bolívia, um homem que foi perdoado. Ainda faço erros e cometo pecados, e confesso-me a cada quinze ou vinte dias. E se me confesso é porque preciso de sentir que a Misericórdia Divina ainda está comigo».
Assim sendo, porque dizemos que a Igreja é Santa? O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (nº 165) dá-nos seis razões: “A Igreja é santa, [1] porque Deus Santíssimo é o seu autor; [2] Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer dela santificadora; e [3] o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. [4] Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. [5] A santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. [6] A Igreja inclui no seu interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação”.
Todos nós, católicos, nos tornámos… católicos, não porque pensemos que já somos santos. De facto, é exactamente o contrário: tornamo-nos católicos porque sabemos que somos pecadores. Sempre que vamos à Missa, a Igreja convida-nos a “reconhecer os nossos pecados”, ao que respondemos: “Confesso… que pequei”. Pois, ao admitirmos que somos pecadores, também revelamos a razão de nos tornarmos católicos: a Igreja tem os meios e o poder de nos perdoar, purificar, curar e nos tornar santos.
Jesus ensinou-nos: «Os que são saudáveis não precisam de um médico, mas sim os que estão doentes; Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores(Marcos 2:17)». Se sabes que és pecador, a melhor coisa que tens a fazer é seres católico.
No entanto, precisamos de nos lembrar que para além de nos intitularmos católicos precisamos utilizar frequentemente os meios que a Igreja nos dá para sermos merecedores do perdão, da purificação, da cura e da santificação. Esses instrumentos são as Orações e os Sacramentos. Daí que o Papa Francisco tenha referido: «Ainda faço erros e cometo pecados. E se me confesso é porque preciso sentir que a misericórdia de Deus ainda está sobre mim».
Pe. José Mario Mandía