Todos os fiéis baptizados são Sacerdotes, Profetas e Reis. Como assim?
Todos os fiéis baptizados são Sacerdotes, Profetas e Reis. Quando somos baptizados tornamo-nos membros do Corpo Místico de Cristo. Nesse momento, Cristo, que é Sacerdote, Profeta e Rei, leva-nos a partilhar o seu apostolado triplo (em Latim, “triplex”).
A totalidade da Igreja – Corpo de Cristo e Povo de Deus – é sacerdotal, profética e real. O ponto 783 do Catecismo da Igreja Católica diz: “Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e constituiu ‘sacerdote, profeta e rei’. Todo o povo de Deus participa destas três funções de Cristo, com as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam (João Paulo II, Encíclica Redemptor hominis, 18-21)”.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (nº 155), pergunta: “Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?”. E responde: “O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no seu ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e dos que sofrem”.
SACERDOTE– «Porquanto, todo sumo sacerdote, sendo escolhido dentre os homens, é designado para representá-los em questões relacionadas com Deus, a favor da humanidade, a fim de oferecer tanto dons quanto sacrifícios pelos pecados (Hebreus 5:1)».
Todos os baptizados são chamados a oferecerem as suas alegrias e tristezas, os sucessos e insucessos, os desafios e decepções, as realizações e tentativas, o trabalho e descanso, as amizades e relações sociais, a vida em família, no altar, com o Corpo e Sangue de Cristo. Desta forma, Deus pode transformar “o trabalho das mãos humanas” (Preparação a apresentação das oferendas, Ordinário da Missa) de «cinco pães e dois peixes (Mateus 14:13-21; Marcos 6:31-44; Lucas 9:12-17; João 6:1-14)» em bênçãos infinitas para qualquer alma na terra ou no purgatório que delas precise.
PROFETA– Um profeta é Deus a falar. Os seus ensinamentos não são dele próprio (João 7:16). Assim, primeiramente, ele precisa de escutar Deus. Como? Pela meditação e frequente, regular e sistemática leitura das Sagradas Escrituras (a Palavra de Deus).
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica diz-nos que o profeta deve aceitar e aprofundar o que ouviu, especialmente com a ajuda da Sagrada Tradição e dos ensinamentos do Magistério da Igreja, e por fim colocá-lo em prática. “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”, escreve o Papa Paulo VI na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi.
REIS E PASTORES– Como já mencionado, os deveres de um rei e de um pastor não é o de ser servido, mas servir e dar a sua vida como resgate para muitos (Mateus 20:28; Marcos 10:45; João 13:1-17).
Podemos ainda afirmar que um rei deve governar. E o que ele governa? Em primeiro lugar, a si próprio, por meio do auto-controlo e da abnegação. Não pode governar outras pessoas, se não for capaz de governar a si próprio. Também tem que governar o mundo «para o cultivar e manter (Génesis 2:15)», não para dele abusar. Muita vezes, também, será chamado a governar outros, sempre com o objectivo de servi-los e não de subjugá-los, aterrorizá-los ou explorá-los.
Pe. José Mario Mandía