TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (61)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (61)

Que erros devemos evitar quando explicamos a União Hipostática?

Como a Encarnação é um mistério, qualquer tentativa para explicá-lo pode originar erros. Tais como no caso da Santíssima Trindade, os erros aparecem devido a uma compreensão errónea da união hipostática. Se Jesus Cristo teve duas naturezas, como pode Ele ser apenas uma Pessoa? Para resolver esta aparente contradição, alguns recorrem a negar o facto de que Jesus Cristo é um homem; outros negam o facto de Ele ser Deus; outros ainda dizem que na realidade são duas pessoas! Alguns destes erros são repetidos ainda hoje, com pequenas variações. Deixem-nos corrigir esses erros, e assim evitar cair neles, enquanto tentamos aprofundar a nossa compreensão do mistério de Jesus Cristo.

1– Jesus não é um homem verdadeiro.

1.1 – Docetismo gnóstico: O nome “docetismo” vem de “dokesis”, “aparência” ou “similaridade”. Esta seita ensinava que Cristo apenas “parecia” ou “dava a impressão de” ser um homem, ter nascido, ter vivido e sofrido.

Alguns negavam a veracidade total da Sua natureza humana, enquanto outros apenas negavam a realidade do Seu corpo humano ou o Seu nascimento ou morte (Catecismo da Igreja Católica nº 465). Mas desde o começo, os credos ou profissões de fé dizem claramente que Jesus realmente sofreu e morreu, prova de que Ele era um homem verdadeiro.

1.2 – Monofisistas. O nome deriva do grego “phúsis”, o qual os monofisistas tomaram como significando de “natureza”. Estes ensinavam que a natureza humana de Jesus cessara quando uma Segunda Pessoa Divina assumira essa posição; Ele apenas teve natureza divina depois da Encarnação. A Igreja corrigiu esse erro durante o quarto Concílio ecumênico de Calcedónia em 451 (CIC nº 467).

2– Cristo não é um Deus verdadeiro.

2.1 – Paulo de Samossata. O ensinamento de Paulo têm um erro duplo – erra em relação à Santíssima Trindade e erra sobre Jesus Cristo.

Para Paulo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são uma única pessoa (“prosopon”). O Filho ou Logos não é uma Pessoa por si próprio – é simplesmente a sabedoria de Deus; antes da Criação, Ele nasceu como um filho invisível.

Por outro lado, está Cristo, o Salvador – Jesus, que é essencialmente um homem com uma personalidade própria, e o Espírito Santo inspirava-O a partir de cima (do Céu). O Logos, ou Filho, como Sabedoria, habitava no homem Jesus. Por conseguinte, Jesus Cristo tornou-se um filho apenas por uma espécie de adopção, não por natureza (CIC nº 465). A Igreja corrigiu este erro no Concílio de Antioquia.

2.2 – Arianismo. O nome vem de Arius, o qual começou esta linha de pensamento. O Arianismo foi o primeira de entre todas as disputas doutrinárias que perturbaram a Cristandade depois de Constantino ter reconhecido a Igreja em 313 d.C., e que deu origem a muitas mais durante cerca de três séculos. Tal como o erro de Paulo de Samossata, foi um erro tanto trinitário quanto cristológico. O Filho não é da mesma natureza ou substância que o Pai; Ele próprio foi criado, sendo assim inferior ao Pai, embora maior do que as criaturas e a Humanidade. Este erro foi rejeitado pelo Concílio de Constantinopla em 381 d.C. (CIC nº 465).

2.3 – Nestorianismo. O termo deriva de Nestorius, o qual ensinava que Jesus Cristo era uma pessoa humana que se unira à divina pessoa do Filho de Deus; assim, Maria era apenas a Mãe do homem Cristo (Christotokos), mas não a Mãe de Deus (Theotokos). Este ensinamento foi anulado pelo Concílio de Éfeso em 431 d.C. (CIC nº 466).

3– Jesus é ou são duas Pessoas.

O ponto 468 do Catecismo da Igreja Católica refere: “Depois do Concílio de Calcedónia, alguns fizeram da natureza humana de Cristo uma espécie de sujeito pessoal. Contra eles, o quinto Concílio ecuménico, reunido em Constantinopla em 553, confessou a propósito de Cristo: ‘não há n’Ele senão uma só hipóstase (ou pessoa), que é nosso Senhor Jesus Cristo, «um da santa Trindade»’. Tudo na humanidade de Cristo deve, portanto, ser atribuído à sua pessoa divina como seu sujeito próprio; não só os milagres, mas também os sofrimentos e a própria morte: «Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e um da Santíssima Trindade»”.

Pe. José Mario Mandía

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