TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (214)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (214)

Qual deve ser a nossa atitude em relação à criação material?

Jesus explicou a sexualidade como tendo sido estabelecida desde o «princípio» (Mateus 19, 4), quando «macho e fêmea os criou»; e «os abençoou e lhes ordenou: “Sede férteis e multiplicai-vos!”» (Génesis 1, 27-28).

Da mesma forma, podemos traçar as raízes do Sétimo Mandamento “desde o princípio”, quando «tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o cultivar e guardar» (Génesis 2, 15; cf. 1, 28-30). Deus fez-nos todos mordomos da sua criação material. O cuidado com o Meio Ambiente é um ensinamento bíblico “desde o princípio”.

É disto que trata o Sétimo Mandamento. “Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 503). Além disso, “a Igreja encontra fundada neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o recto agir na actividade económica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres” (idem).

Como já mencionado, este Mandamento defende o direito de uma pessoa possuir “coisas”, de «ter domínio» (Génesis 1, 28) sobre elas. Este direito, no entanto, não é um direito absoluto. Não se pode continuar a adquirir e a guardar bens materiais de que não necessitamos ou sobre os quais não temos direito de propriedade. A 5 de Junho de 2013, o Papa Francisco afirmou: «a comida que se descarta é como se fosse roubada da mesa de quem é pobre, de quantos têm fome!». Ou seja, comida desperdiçada é comida roubada!

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere no ponto 504: “O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das necessidades fundamentais de todos os homens”.

Defendemos o direito à propriedade privada não por causa da propriedade em si, mas por causa dos seres humanos que dela necessitam (cf. Génesis 1, 29).

“A finalidade da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade” (CCIC nº 505).

O que o Sétimo Mandamento nos ordena?

“O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção” (CCIC nº 506).

E quanto aos animais?

Dissemos na última edição que não podem ser tratados como se fossem filhos. Então, que atitude devemos ter para com os animais? O Catecismo adverte-nos sobre dois extremos opostos: “O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais” (CCIC nº 507).

Que actos o Sétimo Mandamento considera pecaminosos?

“O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento” (CCIC nº 508).

Pe. José Mario Mandía

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