Qual o significado de Penitência?
Quando ofendemos alguém que nos ama sentimo-nos tristes e tentamos “compensar” a ofensa. Este “compensar” traduz-se na Penitência.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica refere no ponto 300: a penitência interior “é o dinamismo do ‘coração contrito’ (Sal., 51,19), movido pela graça divina a responder ao amor misericordioso de Deus. [1] Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, [2] o propósito firme de não mais pecar e [3] a confiança na ajuda de Deus. Alimenta-se da esperança na misericórdia divina”.
A aversão “aos pecados cometidos” não é apenas o sentir-se “estúpido” por ter cometido o acto que cometeu; é, acima de tudo, reconhecer que alguém se voltou contra Alguém, que merece ser amado, acima de tudo.
A INCIATIVA DE DEUS –A conversão não é possível sem a iniciativa de Deus. Ele é quem toma os primeiros passos depois de termos pecado. Foi Ele quem «nos amou primeiro» (I João 4:19) e nos convida ao arrependimento. «Porque assim declara Yahweh, o Soberano Deus: Eu mesmo buscarei as minhas ovelhas e delas cuidarei pessoalmente. Assim como o pastor busca as ovelhas dispersas quando dedica-se ao cuidado do rebanho, também tomarei contra das minhas ovelhas. Eu as livrarei de todos os lugares para onde foram dispersas, no Dia de nuvens ameaçadoras e de trevas….(Ezequiel 34:11–12)». «Procurarei os perdidos e os trarei de volta, e farei curativos aos aleijados, e fortalecerei os fracos, e aos gordos e fortes eu vigiarei; Eu alimentá-los-ei com justiça» (cf. Mateus 18:12-14; Lucas 15:1-7).
MANIFESTAÇÕES EXTERNAS –O CCIC diz-nos no ponto 301: “A penitência manifesta-se de muitas maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a esmola. Estas e muitas outras formas de penitência podem ser praticadas na vida quotidiana do cristão, especialmente no tempo da Quaresma e no dia penitencial de Sexta-feira”.
No entanto, os cristãos comuns não podem jejuar todos os dias devido às exigências do seu trabalho e da vida familiar. Ainda assim, há actos de Penitência que os fiéis podem realizar todos os dias. São Josemaría Escrivá deixou algumas recomendações:
“Penitência é o cumprimento exacto do horário que marcaste, ainda que o corpo resista ou a mente pretenda evadir-se em sonhos quiméricos. Penitência é levantar-se na hora. E também não deixar para mais tarde, sem um motivo justificado, essa tarefa que te é mais difícil ou trabalhosa.
A penitência está em saberes compaginar todas as tuas obrigações – com Deus, com os outros e contigo próprio –, sendo exigente contigo de modo que consigas encontrar o tempo de que cada coisa necessita. És penitente quando te submetes amorosamente ao teu plano de oração, apesar de estares esgotado, sem vontade ou frio.
Penitência é tratar sempre com a máxima caridade os outros, começando pelos da tua própria casa. É atender com a maior delicadeza os que sofrem, os doentes, os que padecem. É responder com paciência aos maçantes e inoportunos. É interromper ou modificar os programas pessoais, quando as circunstâncias – sobretudo os interesses bons e justos dos outros – assim o requerem.
A penitência consiste em suportar com bom humor as mil pequenas contrariedades da jornada; em não abandonares a tua ocupação, ainda que de momento te tenha passado o gosto com que a começaste; em comer com agradecimento o que nos servem, sem importunar ninguém com caprichos.
Penitência, para os pais e, em geral, para os que têm uma missão de governo ou educativa, é corrigir quando é preciso fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita dessa ajuda, sem fazer caso de subjectivismos néscios e sentimentais.
O espírito de penitência leva a não nos apegarmos desordenadamente a esse bosquejo monumental de projectos futuros, em que já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria damos a Deus quando sabemos renunciar às nossas garatujas e broxadas de mestrinho, e permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e as cores que mais lhe agradem!” (“Seguindo os passos do Senhor”, em “Amigos de Deus”, São Josemaría Escrivá).
Por último, não devemos esquecer o sinal mais importante da Penitência: o Sacramento da Reconciliação. Mais tarde abordaremos este assunto.
Pe. José Mario Mandía