Teologia, Uma dentada de cada vez (11)

Jesus tinha um plano de sucessão?

Muitas pessoas vêem Jesus Cristo como sendo excepcional e aceitam a Sua divindade, embora também para muitas seja uma personagem ligada a um passado muito remoto, sem conexão com o presente. Será assim? Ou, por outro lado, Jesus assegurou que a Sua missão continuaria através dos séculos?

Os Evangelhos Sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas) dizem-nos que Jesus escolheu pessoalmente doze homens, de entre os Seus seguidores (discípulos), aos quais entregou uma missão especial (enquanto apóstolos): «E Ele chamou os Seus doze discípulos e concedeu-lhes autoridade [poderes] sobre os espíritos impuros, para expulsá-los e curar todas as doenças e enfermidades (Mateus 10:1)»; «Subiu a uma montanha e chamou aqueles que quis; eles vieram ter com Ele. E designou doze, para ficar com Ele, para serem enviados a pregar, e tinham autoridade [poder] de expulsar os demónios (Marcos 3:13-15)»; «Naqueles dias, Ele subiu a uma montanha para rezar, e rezou continuamente a Deus, durante toda a noite. E quando se fez dia, chamou os Seus discípulos, e escolheu doze de entre eles, aos quais chamou de apóstolos (Lucas 6:12-13)».

Em Mateus (28:18-20) estão registadas as palavras de Jesus, que concedem autoridade aos Seus apóstolos: «E Jesus veio até eles e disse-lhes: “foi-me concedida toda a autoridade [poder] no céu e na terra. Por isso ide e façam discípulos em todas as nações, baptizem-nos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a seguir tudo o que Eu vos ordenei; e estarei sempre convosco, até ao fim dos tempos”».

Jesus transmitiu a autoridade e a missão que recebera do Pai (a palavra “missão” vem do Latim “mittere”, que significa “enviar”) para enviar os apóstolos. «Como o Pai me enviou, Eu também vos envio (João 20:21)». Assim, disse-lhes ainda: «Aqueles que vos escutarem, escutaram-me a Mim, e aqueles que vos rejeitarem, rejeitam-me a Mim que vos enviei (Lucas 10:16; João 13:20)».

Mais tarde São Pedro explicou que a sua missão foi prestar testemunho sobre Jesus Cristo. «E nós éramos testemunhas para todos; do que Ele fez, tanto no país dos judeus como em Jerusalém. Eles mataram-no, suspendendo-O de uma árvore; mas Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e disso fez prova [manifesto]; não para toda a gente, mas para nós que fomos escolhidos por Deus como testemunhas, os que com Ele comeram e beberam, depois que Ele ressuscitou dos mortos. Ele ordenou-nos que pregássemos às pessoas e testemunhássemos que Ele era o Ungido [Escolhido] por Deus para julgar os vivos e os mortos (Actos 10:39-42)». Foi por isso que quando tiveram que escolher um sucessor de Jesus, Ele soletrou as credenciais requeridas para o candidato: «Assim será um homem que nos acompanhou durante todo tempo que o Senhor Jesus esteve connosco [entre nós] e nos deixou, começando pelo baptismo de João até ao dia em que Ele foi levado de entre nós – um destes homens deverá tornar-se, como nós o somos, uma testemunha da Sua ressurreição (Actos 1:21-22)».

Para além de tudo isto, Jesus prometeu estar com eles «até ao fim dos tempos», até ao fim do mundo. Não apenas nomeou o Seu sucessor imediato, como ainda garantiu que a Sua missão fosse passada aos Seus sucessores até ao fim dos tempos. A história mostra-nos que através dos séculos o mandato dos apóstolos foi passado aos bispos: são estes os sucessores dos apóstolos. Esta é uma das razões pela qual professamos que a verdadeira Igreja é “apostólica”.

O poder apostólico foi passado através da “imposição das mãos”. Daí que São Paulo tenha escrito a Timóteo, o primeiro bispo dos Efésios: «Não descures a dádiva que tens, a qual te foi concedida por um pronunciamento profético quando o concelho dos anciãos impôs a suas mãos sobre ti (I Timóteo 4:14, 5:22 e II Timóteo 1:6)».

Pe. José Mario Mandía

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