TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (105)

TEOLOGIA, UMA DENTADA DE CADA VEZ (105)

Qual o destino dos nossos corpos?

Assim que uma pessoa morre, o seu corpo começa a decompor-se e a apodrecer (Catecismo da Igreja Católica nº 997).

Do ponto de vista filosófico, a alma (a substância que forma o corpo) dá a vida e une o corpo. Assim que o corpo e a alma se separam na morte, o corpo perde a sua unidade. Ele começa a desintegrar-se: todas as substâncias, que costumam fazer parte do “todo”, iniciam uma existência independente, separada das outras substâncias.

No entanto, a Fé diz-nos que tal não é o fim. São Paulo, na sua primeira carta aos Coríntios (15:12-14), ensina-nos que o nosso corpo mortal voltará de novo à vida: Se Cristo foi pregado na cruz e ressuscitou dos mortos, “como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé” (CIC nos990 e 991).

No Credo, professamos acreditar na “ressurreição do corpo”. Significa que veremos corpos mortos a andarem? Não! Porque eles estarão novamente vivos. O Catecismo da Igreja Católica refere no ponto 997: “Deus, na sua omnipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus”.

Será que todos – tanto as boas como as más pessoas – se levantarão novamente? Sim, todos os mortos ressuscitarão: “os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação” (João 5:29; Daniel 12:2; CIC nº 998).

Mas, claro está, os corpos dos justos serão muito diferentes dos que tiverem rejeitado Deus.

Cristo, por exemplo, “ressuscitou com o seu próprio corpo: «Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo» (Lc., 24, 39); mas não regressou a uma vida terrena. De igual modo, n’Ele «todos ressuscitarão com o seu próprio corpo, com o corpo que agora têm», mas esse corpo será «transformado em corpo glorioso», em «corpo espiritual»” (4º Concílio de Latrão, ano 1215; Filipenses 3:21; II Coríntios 15:44; Catecismo da Igreja Católica nº 999).

Peter Kreeft (“Cristandade Católica”, pág. 139) explica como os corpos dos justos serão como o corpo de Cristo ressuscitado. “Os nossos únicos dados reais referentes ao que sabemos sobre os nossos próprios corpos numa ressurreição futura vêm dos relatos dos Evangelhos com referência ao corpo ressurrecto de Cristo. Esse corpo foi reconhecido como o Corpo de Cristo. Tem continuidade com o Seu corpo anterior; e era Ele e não era nenhum outro. E no entanto Ele era diferente. Tão diferente que de início os seus próprios discípulos não o reconheceram – e então O fizeram (Lucas 24:13-32; João 20:11-16; 21:1-13). Ele pode atravessar paredes (João 20:19) e subir ao céu (Actos 1: 9-11). No entanto, era um corpo, não um fantasma; podia comer e ser tocado (Lucas 24: 36-43; João 20: 19-29; Mateus 28: 9)”.

De acordo com os ensinamentos de São Tomás de Aquino, “a glória e o poder da alma, elevada à visão divina, acrescentarão algo mais amplo ao corpo unido a si mesmo. Pois este corpo estará inteiramente sujeito à alma – o poder divino afará isso” (Summa Contra Gentiles). São Tomás resumiu este princípio em quatro características, recorrendo a passagens das Sagradas Escrituras:

1– Os corpos dos justos não podem sofrer qualquer dor: «Semeia-se corrupção, mas ressuscitará incorruptível» (1 Coríntios 15:42). É chamado o dom da “impassibilidade”.

2– O corpo está sujeito à alma e não é pesado ou prejudicado pela matéria (como quando Cristo entrou no cenáculo após a ressurreição): «Semeou-se corpo corruptível, mas ressuscitará espiritual» (1 Coríntios 15:44). É chamado o dom da “sutileza”.

3– O corpo obedece prontamente ao que a alma ordena (como quando, após a sua ressurreição, Cristo poderia aparecer onde quisesse): «Semeia-se na fraqueza, mas levantar-se-á com força» (I Coríntios 15:43). É chamado o dom da “agilidade”.

4– Os corpos dos justos serão cheios de beleza e esplendor: «Os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai» (Mateus 13:43). É chamado o dom da “clareza”.

E quando tudo isto irá acontecer? “Definitivamente no último dia, no fim do mundo. A ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo: «Ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro» (1 Ts., 4, 16)” (João 6: 39-40, 44, 54; 11:24; CIC nº 1001).

Pe. José Mario Mandía

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