«O Espírito gosta de descer quando estamos todos juntos»

SÍNODO 2021-2023: DECLARAÇÕES DE FRANCISCO PROFERIDAS DURANTE A MISSA DA SOLENIDADE DE PENTECOSTES

«O Espírito gosta de descer quando estamos todos juntos»

O Papa apelou à unidade da Igreja, no processo sinodal que termina em 2024 – com uma segunda sessão (extraordinária) da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos –, tendo rejeitado a ideia de que esta consulta global seja um «parlamento» para «reclamar direitos».

«O Sínodo em curso é – e deve ser – um caminho segundo o Espírito: não um parlamento para reclamar direitos e exigências à maneira das agendas de trabalho no mundo, nem ocasião de se deixar levar ao sabor de qualquer vento, mas a oportunidade para ser dóceis ao sopro do Espírito», disse, na homilia da Missa da Solenidade de Pentecostes do passado Domingo, a que presidiu na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Francisco considerou que o Espírito é «o coração da sinodalidade, o motor da evangelização»: «Sem Ele, a Igreja fica inerte, a fé não passa duma doutrina, a moral dum dever, a pastoral dum trabalho. Tantas vezes ouvimos alguns pensadores, teólogos, que nos oferecem doutrinas frias, parecem matemática».

A celebração do Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, evoca a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade na doutrina católica. «Ponhamos o Espírito no início e no coração dos trabalhos sinodais», apelou o Papa.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de Outubro de 2023, sendo que Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

«O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja. […]Caminhemos juntos, porque o Espírito, como fez no Pentecostes, gosta de descer enquanto estamos todos juntos», indicou o Santo Padre.

Na intervenção convidou os presentes a questionar-se sobre a forma como vivem a sua fé – «sou dócil ao Espírito ou sou teimoso, à letra, às chamadas doutrinas, que são apenas expressão fria?» – e a pedir a «graça do conjunto», do perdão e da reconciliação.

«Se o mundo está dividido, se a Igreja se polariza, se o coração se fragmenta, não percamos tempo a criticar os outros e a zangar-nos com nós mesmos, mas invoquemos o Espírito. Ele é capaz de resolver tudo», declarou o Pontífice.

A «pluralidade», prosseguiu Francisco, mais do que «gerar confusão», deve ser entendida segundo a «harmonia» do Pentecostes, que «não cria uma língua igual para todos, não apaga as diferenças, as culturas, mas harmoniza tudo sem homogeneizar nem uniformizar». E clarificou: «Assim começa a vida da Igreja: não dum plano preciso e articulado, mas da experiência do mesmo amor de Deus. É assim que o Espírito cria harmonia, convidando a maravilhar-nos com o seu amor e os seus dons presentes nos outros».

Acelebraçãofoi presidida, no altar, pelo cardeal D. João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, devido aos problemas que têm afectado o Papa num joelho.

«Espírito Santo, Espírito de Jesus e do Pai, fonte inesgotável de harmonia, nós te confiamos o mundo, consagramos-te a Igreja e os nossos corações. Vem, Espírito criador, harmonia da humanidade, renova a face da terra. Vem, Dom dos dons, harmonia da Igreja, torna-nos unidos a ti. Vem Espírito do perdão, harmonia do coração, transforma-nos, como Tu sabes, por meio de Maria», disse Francisco, numa oração que propôs durante a homilia.

O Papa saudou a Assembleia, no final da celebração, percorrendo o corredor central da Basílica de São Pedro numa cadeira de rodas.

In ECCLESIA

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