SÉTIMO DOMINGO DA PÁSCOA – Ano A – 21 de Maio (SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR)

SÉTIMO DOMINGO DA PÁSCOA – Ano A – 21 de Maio

(SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR)

Como podemos experimentar a presença de Cristo após a Sua Ascensão?

Na capela do Asilo de Betânia, lar de idosos gerido pela Cáritas de Macau na Ilha Verde, encontra-se um colorido quadro do mexicano Francisco Borboa. No centro da pintura está Cristo Ressuscitado, a caminhar com um casal de idosos. Por causa da sua velhice, Cristo segura-os nos braços para estarem seguros. Atrás de Jesus, há um sol poente que representa o contexto existencial e espiritual de muitos daqueles moradores. Mas o sol poente não é o fim do seu caminho, porque está atrás deles: Cristo é o sol nascente que lhes abre novos horizontes e um novo futuro. O significado é evidente: Cristo acompanha-nos no caminho da vida e, sobretudo, na última etapa, quando estamos mais vulneráveis e necessitados de ajuda.

Neste Domingo celebramos a Solenidade da Ascensão do Senhor. A pintura do Asilo de Betânia ilumina o significado deste mistério: “Abandonada às suas forças naturais, a humanidade não tem acesso à ‘Casa do Pai’, à vida e à felicidade de Deus. Só Cristo pode abrir ao homem este acesso: ‘subindo aos céus, como nossa cabeça e primogénito, deu-nos a esperança de irmos um dia ao seu encontro, como membros do seu corpo’” (Catecismo da Igreja Católica nº 661). Principalmente nos momentos de dificuldade ou de fraqueza, precisamos de alguém que abra o caminho e nos sustente no caminho que temos pela frente.

«Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos», proclama Jesus no último versículo do Evangelho deste Domingo (Mateus 28, 16-20). Estas palavras tranquilizadoras de Jesus são as últimas do Evangelho de Mateus. No primeiro capítulo do mesmo Evangelho, Jesus é chamado de «Emanuel», que significa «Deus connosco» (Mt., 1, 23). Tanto a primeira, quanto a última palavra do relato de Mateus sobre a vida de Jesus, enfatiza a presença constante de Cristo em todas as estações da nossa vida. Passo a passo, Ele acompanha-nos até ao nosso destino final. Mas como sentimos a presença de Cristo entre nós? O Catecismo explica: “«Jesus Cristo, que morreu, que ressuscitou, que está à direita de Deus, que intercede por nós» (Rm., 8, 34), está presente na sua Igreja de múltiplos modos: na sua Palavra, na oração da sua Igreja, «onde dois ou três estão reunidos em Meu nome» (Mt., 18, 20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros, nos seus sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da missa e na pessoa do ministro. Mas está presente «sobretudo sob as espécies eucarísticas»” (CIC nº 1373).

As freiras que trabalham no Asilo de Betânia, juntamente com muitas outras religiosas de várias congregações que trabalham em muitas outras instituições sociais da nossa cidade, levam a sério o que diz o Catecismo, especialmente sobre a Eucaristia, mas também prestam atenção especial à presença de Cristo Ressuscitado nos pobres, nos doentes, nos encarcerados, aqueles que poderíamos ser tentados a negligenciar. Um dia, Jesus disse aos seus apóstolos: «Com toda a certeza vos asseguro que, sempre que o fizestes para algum destes meus irmãos, mesmo que ao menor deles, a mim o fizestes» (Mateus 25, 40). Sempre que servimos um pobre, um doente ou um preso, é como se Jesus fosse essa pessoa.

Mas eu acrescentaria ainda outro aspecto. Na pintura que mencionei antes, o artista também pintou outras duas freiras ao lado de Jesus, uma empurrando uma cadeira de rodas e a segunda juntando duas pessoas idosas que seguem Jesus. Este é o ponto: normalmente, os residentes no lar de idosos experimentam a presença de Cristo através da presença carinhosa das freiras ao seu redor, das suas palavras, das suas acções, da oração que dirigem para Jesus. Esta é a forma como Jesus quis estar presente no mundo depois da Sua Ascensão. O mesmo poderia ser dito quanto aos professores, às enfermeiras, aos escriturários ou às pessoas da limpeza. Todas as profissões são uma forma de serviço.

Antes de voltar para o Pai, Cristo confiou poderosamente à Igreja, o Seu Corpo, a missão de levar Cristo aos outros: «Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado» (Mt., 28, 18-20). Cristo convida-nos, aos Seus discípulos, a continuarmos a Sua missão e a Sua presença no mundo, como Ele fez quando esteve entre nós. As dúvidas no coração dos discípulos, juntamente com muitas outras fraquezas e deficiências, não impediram que Cristo nos confiasse esta missão.

Às vezes podemos sentir que a missão de Cristo é uma grande responsabilidade, até mesmo um fardo que vai para além das nossas limitadas capacidades. Na verdade, é a graça e a honra que tornam as nossas vidas, o nosso trabalho e os nossos relacionamentos mais significativos e ligados à eternidade.

Pe. Paolo Consonni, MCCJ

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