Sentimentos de Maio

Obrigado Mãezinha por seres uma Mulher

Temos falado bastante sobre a inteligibilidade do Universo e da Inteligência que está na sua origem. Esta “Razão Criativa” (segundo as palavras do Papa Bento XVI) «colocou todas as coisas no seu lugar com “conta peso e medida”» (Sabedoria 11:20). Ele imprimiu uma ordem subjacente de forma a que nós possamos fazer um uso consciente de tudo.

Também vimos a importância de respeitarmos essa ordem, e não apenas nos aspectos das coisas visíveis e físicas (no que respeita ao ambiente) mas mesmo no que respeita às matérias mais invisíveis, não físicas, no aspecto intangível, tais como o que se relaciona com a nossa alma.

No entanto, e porque somos livres, somos capazes de dar mau uso às coisas: um martelo de carpinteiro pode ser útil na construção de uma casa, mas podemos usá-lo para partir a cabeça de alguém; o bisturi de um cirurgião pode curar, mas também pode ser usado para matar a vida inocente no ventre da mãe; o dom da palavra pode ser usado para encorajar e enaltecer, mas também pode ser usado mal e destruir a reputação de um outro alguém.

Como somos livres, podemos tratar as pessoas como simples objectos, e isto acontece especialmente com as mulheres. Em muitos casos, elas são tratadas como objectos e não como mulheres. As mulheres são vistas, muitas vezes, como objectos de prazer. Por vezes elas são vistas de forma errada do que deviam e é-lhes dito que deviam ser como os homens. Há muita gente a advogar a igualdade dos géneros, que dizem que as mulheres devem ser “construídas” à imagem do homem.

Mas, conforme o Papa Francisco disse a 15 de Abril, «o texto bíblico (no Génese) repete por três vezes em apenas dois versículos (26-27): “o homem e a mulher são a imagem e a semelhança de Deus”. Isto diz-nos que a imagem de Deus não é apenas o homem isolado, ou que a mulher só por si é a imagem de Deus, o Homem e a Mulher como um casal é que representam a imagem de Deus. As diferenças entre o Homem e a Mulher não significam oposição, ou subordinação, mas antes existem no interesse da comunicação e geração, sempre à imagem e semelhança de Deus».

São João Paulo II, na sua Carta apostólica “Mulieris Dignitatem” (A Dignidade das Mulheres, 12 de Agosto de 1988), relembra as palavras que Jesus disse à mulher samaritana : «Se conhecesses o dom de Deus» (João 4:10), ao dizer aquelas palavras Ele mostrou «a sua profunda estima para com a dignidade da mulher e a vocação que lhes permite partilharem a sua missão messiânica».

Através da Razão e da Fé podemos descobrir a Ordem Divina no Universo e através da Razão e da Fé podemos reconhecer o papel insubstituível da Mulher no contexto do planeamento Divino.

Foi isso que São João Paulo II escreveu: «A Igreja agradece por todas as manifestações do “génio” feminino que surgiram no decurso da história, no seio de todos os povos e nações, a Igreja agradece todo o carisma que o Espírito Santo distribuiu às mulheres na história do Povo de Deus, por todas as vitórias que a Igreja ficou a dever à sua Fé, Esperança e Caridade: A Igreja agradece todos os frutos da santidade feminina» (Mulieris Dignitatem, 31).

Na sua Carta às Mulheres de 1995, São João Paulo II escreveu: «Obrigado, mulheres que são mães! Vós albergastes seres humanos dentro de vós numa experiência única de felicidade e dificuldades . Esta experiência transforma-vos no próprio sorriso de Deus para com as crianças recém-nascidas , no que guia os primeiros passos da vossa criança, que as ajuda a crescerem e que os apoia durante o caminho que a criança percorre na sua jornada da Vida».

E aí ele agradece às «mulheres que são esposas», «mulheres que são filhas e mulheres que são irmãs», «mulheres que trabalham», «mulheres consagradas». E concluiu: «Agradeço a cada mulher pelo simples facto de serem mulheres!».

No mês de Maio celebramos o Dia da Mãe. A Mãe das mães é Maria. O Papa Francisco, numa das suas visitas à Basílica de Santa Maria Maior (a 4 de Maio de 2013), mencionou três coisas que as mães fazem.

Primeira: «Uma mãe ajuda o seu filho a crescer e deseja que cresça forte; é por isso ela os ensina a não serem indolentes – o que pode derivar de uma certa situação de bem estar adquirido – e a não se deixarem cair num tipo de vida confortável, contentando-se com a mera posse de algo. A mãe cuida para que as suas crianças se desenvolvam da melhor forma, que cresçam fortes, capazes de aceitarem responsabilidades, de participarem na vida, lutarem por melhores ideais».

Segunda: «Uma mãe pensa na saúde dos seus filhos, ensinando-lhes também a enfrentarem as dificuldades da vida. Não se ensina, não se cuida da saúde evitando os problemas, pensando que a vida é uma auto-estrada sem obstáculos… sem enfrentar desafios não há um rapaz ou rapariga que saiba como resolver ou superar obstáculos, serão rapazes ou raparigas sem espinha dorsal».

Terceira: «Finalmente, uma boa mãe não só acompanha as suas crianças durante o seu crescimento, sem evitar os problemas e os desafios da vida, uma boa mãe também ajuda as suas crianças a tomarem decisões definitivas com liberdade… a Liberdade é-nos concedida para que possamos saber como tomar boas decisões na vida!».

«Caros irmãos e irmãs, quão difícil é tomarmos uma decisão definitiva nos nossos dias! As coisas temporárias seduzem-nos. Somos vítimas de uma tendência que nos empurra para o que é provisório… e assim pensamos em sermos eternos adolescentes. Existe um pequeno encanto em sermos adolescentes para toda a vida. Não devemos ter medo de assumir responsabilidades para o resto da vida, que sejam assumidos e relativos à vida toda! Desta forma a nossa vida será frutífera! E isto também é liberdade: ter a coragem de tomar essas decisões com generosidade!», disse o Santo Padre na mesma ocasião.

Pe. José Mario Mandía

(Tradução: António R. Martins)

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