Rosas para a Mãezinha – II

Corrigindo uma mente divagante

“É aborrecido, é repetitivo e distraio-me com facilidade”. Parece existirem razões suficientes para não se recitar o Rosário. Mas as crianças podem ser aborrecidas, repetitivas e facilmente se distraem, e ainda assim as crianças dizem “mãezinha” o dia todo.

Mas, e porque razão devemos ser como as crianças? «Porque delas é o Reino dos Céus (Mateus 19:14)», disse o Senhor.

“Eu não consigo ficar quieto. Existirá algo que eu possa fazer para evitar que a minha mente se distraia?”

Eis algumas ideias que poderão ajudar-nos.

Uma coisa a ter em conta é que o Rosário não se refere apenas a Maria. Está mais relacionado com Jesus. São João Paulo II, repetindo os ensinamentos de outros Papas que o precederam, escreveu no “Rosário da Virgem Maria” – “Rosarium Virginis Mariae”: «O Rosário, se bem que claramente Mariano no seu carácter, é no seu coração uma oração Cristocêntrica [centrada na figura de Jesus]» (nº 1). «Recitar o Rosário não é nada mais do que Contemplar Juntamente com Maria a Face de Cristo» (nº 3).

O beato Papa Paulo VI escreveu, em 1974: «Sem a contemplação o Rosário será apenas um corpo sem alma, e a sua recitação corre o risco de se tornar apenas uma repetição mecânica de fórmulas escritas» (Marialis Cultus, nº 47).

São João Paulo II acrescenta: «O centro gravitacional é Ave Maria, a charneira que ali junta as suas duas partes é o nome de Jesus. Por vezes, numa recitação mais apressada, este centro gravitacional poderá ser negligenciado, e nesse contexto também o mistério da Contemplação de Cristo será negligenciado. No entanto, é precisamente a ênfase conferida ao nome de Jesus e ao seu Mistério, que é o sinal de uma significativa e frutífera Recitação do Rosário» (Rosarium Virginis Mariae, nº 33).

São João Paulo II também citou o beato Papa Paulo VI, que falou sobre «o costume, ainda em uso em certos lugares, de se adicionar ao nome Jesus em cada Ave Maria uma referência ao Mistério que está a ser contemplado. E isto foi feito precisamente para ajudar na contemplação e fazer com que a mente e a voz trabalhem em conjunto» (Marialis Cultus, nº 46). Por exemplo, na Alemanha, quando se recita a Ave Maria durante a contemplação do terceiro Mistério é acrescentada a seguinte frase, após o nome de Jesus, “geboren hast” (significa, “aquele que nasceu”).

Rezar é algo muito pessoal. Aqui deixamos algumas indicações para personalizar o seu Rosário.

1- Leia a relevante PASSAGEM DAS ESCRITURAS. Alguns livretos sobre o Rosário incluem o versículo das Escrituras referentes a cada Mistério. Isto é uma preciosa ajuda à meditação e contemplação.

2- Pense numa VIRTUDE a ser considerada em cada Mistério, em particular uma que pense que necessita nesse momento.

3- Escolha uma PALAVRA ou FRASE para dissecar. Por exemplo, São Josemaría focava-se bastantes vezes na palavra “agora”. Algumas pessoas enfatizam a palavra “pecadores”.

4- Junte uma INTENÇÃO a cada década. Nós rezamos com mais fervor quando precisamos desesperadamente de algo.

5- Use IMAGENS. Para além dos livros de devoção, as aplicações para os telemóveis já têm som e imagem. As imagens reforçarão a atenção.

6- Faça os SEUS PRÓPRIOS MISTÉRIOS, baseados no Evangelho. Esta foi uma ideia que o meu amigo David me deu. Por exemplo, durante a Quaresma, pode-se meditar sobre as cenas e parábolas do Evangelho sobre a Misericórdia. A Congregação para a Divina Oração declarou que «o Rosário é tão susceptível que em dias particulares pode substituir muito apropriadamente a meditação de um Mistério, de forma a conciliar a prática piedosa com a estação litúrgica» (Carta Circular – Instruções e Propostas para a Celebração do Ano Mariano).

Quando meditamos sobre a vida de Jesus através dos olhos de Maria descobrimos que cada momento Gososo ou Doloroso da nossa vida estão recheados de Luz e promessas de glória. A LUZ revela-nos o SIGNIFICADO de cada momento, enquanto que as PROMESSAS DE GLÓRIA enchem-nos de ESPERANÇA. Quando rezamos o Rosário a nossa vida é preenchida com significado e esperança.

Pe. José Mario Mandía

jmom.honlam.org

(Tradução: António R. Martins)

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *