O Espírito Santo na Vida Cristã

REFLEXÃO

O Espírito Santo na Vida Cristã

Um bispo mostra a igreja da Santíssima Trindade, em Roma, a um grupo de turistas japoneses. O altar central é presidido por uma bela pintura da Santíssima Trindade. Um turista aponta para a pintura e pergunta ao bispo: «– Quem é este Honorável Pássaro?». A Ave Honrosa é a Pomba, que representa o Espírito Santo. No Baptismo de Jesus por João Baptista, o Espírito desce sobre o Filho de Deus: «em forma de pomba, veio do céu» (Jo., 1: 32). Jesus Cristo, Deus e Homem, o Filho de Deus e o Filho de Maria, ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e enviou com Deus Pai o Espírito Santo aos Apóstolos, à Igreja.

A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos aconteceu no “Pentecostes”, ou seja, cinquenta dias depois da Páscoa, a grande festa dos judeus que comemora o dom da lei de Deus: das Tábuas com os Dez Mandamentos. Para os cristãos, “Pentecostes” significa reviver liturgicamente a experiência da descida do Espírito Santo sobre a Igreja.

São Lucas (Actos, 2, 1-13) narra a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos: o vento forte, as línguas de fogo e a consequente pregação milagrosa dos Apóstolos. A descida do Espírito Santo sublinha a universalidade da mensagem da Salvação: Deus quer a salvação de todos, e Jesus, seu Filho Unigênito, morreu por todos para todos salvar.

O ESPÍRITO SANTO É A TERCEIRA PESSOA DA SANTÍSSIMA TRINDADE –O Espírito Santo procede do Pai e do Filho (Credo). Ele é o amor do Pai e do Filho. “Agora, assim como a Palavra de Deus é o Filho de Deus, o amor de Deus também é o Espírito Santo. Portanto, o homem tem o Espírito Santo quando ama a Deus” (São Tomás de Aquino, “Sobre o Credo”; cf. Catecismo, n.os683-741).

JESUS FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO –“Como as nossas mentes fracas não podem compreender o Pai ou o Filho, foi-nos dado o Espírito Santo como nosso advogado imediato, para lançar luz sobre a dura doutrina de nossa fé: a encarnação de Deus” (Santo Hilário). A Terceira Pessoa Divina ilumina-nos para conhecermos Jesus profundamente e fortalece-nos para segui-lo fielmente e corajosamente. «Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo» (Rm., 8, 9).

No nosso próprio Baptismo, fomos baptizados na Santíssima Trindade e recebemos o Espírito (cf. Mt., 28, 19). Um artigo da nossa fé: “Creio no Espírito Santo”, que é o “Paráclito”, isto é, o consolador. Ele é o Espírito de graça, amor, verdade e liberdade. Ele nos ensina a verdade (Jo., 14, 17 e 16, 13). Ele nos torna verdadeiramente livres: «Onde quer que o Espírito esteja, ali há liberdade» (2 Cor., 3, 17). Ele ajuda-nos a rezar (cf. Rm., 8, 26; 1 Cor., 12, 3). Além disso, o Espírito Santo é o nosso auxílio quando somos perseguidos (Mt., 10, 19-20). Ele é o Espírito de alegre coragem. “Depois de receber o Espírito Santo, na forma de poderosas línguas de fogo, os discípulos se convertem e a sua timidez desaparece. Completamente transformados, tornam-se iluminados, decididos e prontos para pregar, testemunhar e lutar pela verdade” (Romano Guardini, “O Senhor”).

Após a ascensão de Jesus ao céu, estamos na era do Espírito Santo. Parece que por muito tempo o Espírito Santo foi “o Esquecido”. A partir da segunda metade do Século XX, especialmente depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade tornou-se – parece claro – cada vez mais existencialmente presente nas comunidades cristãs. Hoje, a teologia do Espírito Santo, “Pneumatologia”, é um ramo proeminente da teologia dogmática e espiritual. Verdadeiramente, o Espírito Santo é parte essencial da espiritualidade cristã.

O ESPÍRITO SANTO É O NOSSO ADVOGADO –“Eu vos enviarei o Advogado da parte do Pai” (cf. Jo., 15,26). Ele assiste-nos e sustenta-nos (cf. Jo., 14, 16-17). O Espírito Santo é o santificador, o agente da santidade. Ele derrama sobre nós a graça divina de sermos santos, a graça que nos torna filhos de Deus: participantes da própria natureza divina. Ele derrama sobre nós os seus Sete Dons (cf. Is., 11, 1-2). Ele nos convida continuamente a sermos santos. Como filhos de Deus, somos chamados à santidade, isto é, à união amorosa com Deus. Na nossa jornada de vida para a casa de Deus, temos que andar segundo o Espírito Santo, que é santidade.

É DIFÍCIL SER SANTO? –“Apenas um passo além da mediocridade e vós tornai-vos santos” (Leon Bloy). Devemos realmente querer ser santos: “querer, querer e querer” (São Tomás de Aquino). “Eu quero, eu quero, com as bênçãos de Deus, ser santa” (Santa Teresa de Calcutá). A santidade concentra-se em amar a Deus, amar todos os vizinhos, principalmente os necessitados e vulneráveis, e amar a criação de Deus. Santidade significa simplesmente fazer todos os dias o que devemos fazer com amor ascendente: colocar amor em tudo o que fazemos – grande ou pequeno.

O ESPÍRITO SANTO É O AGENTE DA EVANGELIZAÇÃO –A fé cristã, uma fé salvadora, dirige-se a todos. Os seguidores de Cristo são os instrumentos escolhidos por Deus para anunciar a Boa Nova da salvação a toda a criação (cf. Mc., 16,15).

O ESPÍRITO SANTO CONTINUA A VIR À NOSSA VIDA COMO UM VENTO FORTE E COM LÍNGUAS DE FOGO –Ele é – explica alguém – como o vento que nos leva ao mundo inteiro para anunciar a Boa Nova de Cristo. O Espírito Santo em nós é como a língua que prega a verdade. Ele é como o fogo do amor em nós, um fogo que queima o nosso egoísmo e coloca o amor de Jesus no centro da nossa alma. O Espírito Santo é “a chama viva do amor” (São João da Cruz). Assim, com a graça do Espírito Santo, podemos mostrar o rosto misericordioso de Deus a uma humanidade ferida.

Pe. Fausto Gomez, OP

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