Queridíssimos: que Jesus me guarde as minhas filhas e os meus filhos!

Como vos costumo lembrar nesta época, os dias de Agosto são ricos em festas marianas. Entre o dia 2, comemoração de Nossa Senhora dos Anjos, e 22, festa da Coroação de Nossa Senhora, celebraremos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior (Nossa Senhora das Neves, a 5 de Agosto) e, sobretudo, a solenidade da Assunção de Maria, em corpo e alma, ao Céu. Nesse dia, muito unidos a S. Josemaria, a D. Álvaro e a todos os fiéis da Obra que já gozam de Deus, renovaremos a Consagração do Opus Dei ao Imaculado e Dulcíssimo Coração da Maria, que o nosso Fundador fez pela primeira vez, em Loreto, a 15 de Agosto de 1951.

Na liturgia desse dia, a leitura do Apocalipse mostra-nos uma Mulher vestida de sol, com a lua a seus pés e coroada com doze estrelas, em luta contra o dragão infernal que tenta devorar o filho das suas entranhas. Esta figura representa em primeiro lugar a Igreja que aparece, por um lado gloriosa, triunfante, e por outro, ainda se encontra em dificuldade. De facto, assim é a Igreja, dizia o Papa Francisco: se no Céu já está associada à glória do seu Senhor, na História enfrenta constantemente as provações e desafios que o conflito entre Deus e o maligno, o inimigo de todos os tempos, traz consigo. Desta cena, podemos tirar uma primeira lição, muito clara. É preciso lutar sem tréguas, para caminharmos fiéis a Deus na nossa vida quotidiana, o caminho da santidade para nós. S. Josemaria escreveu, já quase no fim da sua peregrinação terrena, como resumo da sua resposta a Deus: este é o nosso destino na Terra: lutar por amor até ao último instante. Deo gratias! Sem a luta quotidiana – em que há vitórias, e também derrotas, das quais nos podemos levantar recorrendo ao Sacramento da Penitência –, viveríamos como uns soberbos. Para vencermos nesta luta, ou recuperarmos de imediato, se alguma vez somos vencidos, contamos com a graça de Deus e a ajuda de tantos intercessores, em primeiro lugar da Santíssima Virgem.

“Auxilium christianorum!”, Auxílio dos cristãos! Reza com plena segurança a ladainha loretana. Já experimentaste repetir essa jaculatória nas tuas dificuldades? Se o fizeres com fé, com ternura de filha ou de filho, verificarás a eficácia da intercessão da tua Mãe Santa Maria, que te levará à vitória.

Também a Virgem Maria conheceu dificuldades e duras provas, durante a sua vida na Terra. Mas foi fiel a Deus em todos os momentos, conservando sempre vivo no seu coração o fiat que tinha pronunciado em Nazaré. «Maria foi progredindo constantemente na sua união com Deus – escreveu D. Álvaro – de claridade em claridade, de uma graça a outra graça maior, sem travões de nenhum tipo, até que teve lugar o acontecimento singular e maravilhoso que a Igreja celebra no próximo dia 15».

A mulher do Apocalipse é também figura de Nossa Senhora. Como a Igreja, Maria compartilha, em certo sentido, esta dupla condição. Ela, claro, entrou definitivamente na glória do Céu. Mas isso não significa que esteja longe, que esteja separada de nós. Na verdade, Maria acompanha-nos, luta connosco, sustenta os cristãos no combate contra as forças do mal. A oração com Maria, especialmente o Terço (…), também tem essa dimensão “agonística”, ou seja, de luta, uma oração que dá apoio na luta contra o maligno e seus aliados.

A grande festa da Assunção oferece-nos a possibilidade de dar um grande presente a Nossa Senhora: o propósito de uma renovada lealdade à vocação cristã que cada um e cada uma recebeu, concretizada numa conversão mais decidida, mais exigente, contra aquilo que nos separa ou nos pode afastar de Deus. Para isso, esmeremo-nos no exame de consciência, especialmente antes da Confissão. Peçamos a Santa Maria «que saibamos ser de Deus e para Deus, que Lhe respondamos com um fiat! que seja o distintivo que nos caracteriza».

O Evangelho da solenidade da Assunção transcreve o cântico do Magnificat, que nos fala de esperança. É a virtude daqueles que, experimentando o conflito, a luta diária entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, crêem na Ressurreição de Cristo, na vitória do Amor. (…) O canto de Maria, o Magnificat, é o cântico da esperança, é o cântico do Povo de Deus no seu caminhar pela História (…).

Este cântico é particularmente intenso onde o Corpo de Cristo está hoje a sofrer a Paixão. Onde está a Cruz, para nós cristãos, há esperança, sempre. Se não há esperança, não somos cristãos. Por isso gosto de dizer: não deixeis que vos roubem a esperança. Que não vos roubem a esperança, porque esta força é uma graça, um dom de Deus que nos faz avançar olhando o Céu. E Maria está sempre lá, próxima dessas comunidades, desses nossos irmãos, caminhando com eles, sofrendo com eles, e cantando com eles o Magnificat da esperança.

Estas palavras animam-nos a rezar pelos homens e pelas mulheres que, em várias partes do mundo, sofrem ou são perseguidos por causa da sua fé. Não os deixemos sós! Com a nossa oração e os nossos sacrifícios, mesmo que estejamos fisicamente afastados, podemos ajudá-los, aliviá-los nas suas penas, graças à Comunhão dos santos, que nos une no Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.

Não quero passar por alto a outra festa mariana que celebramos neste mês, no dia 22: Santa Maria, Rainha e Senhora de toda a criação. «Eu imagino esta coroação, dizia D. Álvaro, como se o Pai, o Filho e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade, tomasse posse, de forma ainda mais especial, da Rainha dos Anjos e dos Santos. Uma posse – tão imensa! – que deve ter sido como uma explosão de luz, de tal maneira que a Santíssima Virgem, com a sua santidade, com o seu encanto, com a sua beleza, se elevasse sobre todos, para que a honrassem, a venerassem e a amassem com mais força».

Com todo o afecto, abençoa-vos

o vosso Padre

 + Javier

 S. José da Costa Rica, 1 de Agosto de 2014

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