Por que é designado de Bom Pastor e das Vocações?
É designado como o Domingo do Bom Pastor, sendo também o Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
O Quarto Domingo da Páscoa é o dia litúrgico que ocorre três semanas após a celebração cristã da Páscoa. No tradicional catolicismo tridentino, anterior a 1970, segundo o Rito Romano da Igreja Católica, este dia era oficialmente conhecido como o Terceiro Domingo depois da Páscoa. Recebia também a denominação de Domingo do Jubileu, devido ao “incipit” (“Iubilate Deo”) do intróito atribuído a este dia. O intróito latino era um cântico de júbilo e de aclamação do Senhor, pelas Suas obras e virtudes. Baseava-se no Salmo 66, 1-3 (antigamente, Salmo 65).
Entre 1847 e 1911, este Domingo também foi celebrado como a Solenidade de São José, como Padroeiro da Igreja Universal. Em 1911 esta Festa foi transferida para a quarta-feira seguinte, onde permaneceria até ser totalmente suprimida em 1955.
Depois de 1970, já sob os ventos do Catolicismo pós-Vaticano II, e até aos dias de hoje, depois da revisão naquele ano do Missal Romano, este dia passou a ser designado como o “Quarto Domingo da Páscoa”, com o referido intróito “Iubilate Deo” deste Domingo a ser trocado pelo do Domingo anterior (o Terceiro Domingo da Páscoa). A leitura do Evangelho do Domingo anterior também foi deslocada para este dia. Porque essa leitura do Evangelho, então do Terceiro Domingo da Páscoa, é precisamente a parábola do Bom Pastor. Assim, o Quarto Domingo da Páscoa passou a ser depois de 1970 também conhecido como Domingo do Bom Pastor (uma denominação anteriormente atribuída ao Terceiro Domingo da Páscoa, ao qual a leitura foi originalmente, antes de 1970, adjudicada).
Entretanto, em 1964, o Papa Paulo VI estabeleceu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações que deveria coincidir com o Domingo do Bom Pastor, que passou a ser celebrado no Quarto Domingo da Páscoa. Por essa razão, este Quarto Domingo do Tempo da Páscoa também é conhecido na Igreja Católica como Domingo das Vocações. A Igreja de Inglaterra (Anglicana) também celebra o Domingo das Vocações neste dia.
O objectivo desta sobreposição do Bom Pastor com as Vocações é de cumprir o mandamento de Jesus plasmado em Mateus 9, 38: «Por isso, orai ao Senhor da seara e pedi que Ele mande mais trabalhadores para a sua colheita». Valorizando todas as Vocações, a Igreja canaliza a sua atenção na formação de pastores para o povo de Deus a partir das Vocações para as Ordens Sacras (Sacerdócio e Diaconato) e para a vida consagrada, encorajando todos os que estão em discernimento vocacional a rezar mais intensamente para que possam ouvir e responder ao chamamento de Deus. Além de despertar também a abertura ao chamamento noutros cristãos.
Recorde-se que nos anos 60 e 70, quando se criou este dia das Vocações, estas conheciam uma forte erosão e decréscimo no mundo católico. «O Senhor é o meu pastor», recorda o Salmo 23, lido neste Quarto Domingo, em exortação para que O sigam, abrindo-se o coração ao Seu chamamento, depositando confiança na Sua guia e orientação. A quem O seguir, nada faltará, como se proclama no Evangelho de João (Jo., 10, 11-16), a par da reflexão na parábola da “ovelha perdida” do Evangelho de Lucas (Lc., 15, 3-7).
Jesus proferiu a parábola do Bom Pastor, enquanto estava em Jerusalém para a Festa dos Tabernáculos, em meados do mês de Outubro. É uma declaração do amor de Jesus a quem o seguir, a quem se Lhe entregar a vida. Em tempos de escuridão, tempos difíceis, tempos de angústias e sofrimento, o Bom Pastor guia e acolhe. A vocação reside na abertura de espírito e na capacidade de discernir para O seguir, para aguentar e ajudar os outros nesses dias maus, em todos os dias da vida.
No tempo pascal, de aclamação e alegria na esperança na vinda do Espírito Santo (Pentecostes), exalta-se, de forma conjugada, a confiança filial no Bom Pastor, na fé como na vocação, para a qual a Igreja convida a orar. É este o sentido deste Quarto Domingo, pleno de significações e motivações.
Vítor Teixeira
Universidade Fernando Pessoa