Chefe do Executivo dá espaço à acção social em Lisboa
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau visitou ontem a Fundação Champalimaud, tendo dias antes sido recebido pelos responsáveis do Grupo Luz Saúde, detido pelo conglomerado chinês Fosun.
À margem da “Sessão de Promoção de Investimento e de Turismo Macau-Portugal”, realizada no âmbito da visita do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, a Portugal, António José de Freitas explicou a’O CLARIMque estas visitas têm como objectivo conhecer novos práticas e modelos de gestão de saúde. «A Fundação Champalimaud é um centro de investigação médico-científico de renome internacionalmente conhecido. Há dias, também visitámos o Grupo Luz Saúde, um dos maiores grupos de prestação de cuidados de saúde em Portugal. Detém oito hospitais e presta serviços de residência sénior, sendo esta uma modalidade que combina um seguro de saúde com a prestação de serviços médicos», disse o responsável.
O provedor considera que a deslocação a Portugal permitiu «conhecer certos aspectos da prestação de cuidados de saúde em Portugal», constituindo esta uma mais-valia para a actividade da Misericórdia de Macau: «A razão do provedor estar nesta comitiva, a convite do IPIM, prende-se com o facto da Santa Casa ser também ela uma empresa, mas com a diferença de ser uma empresa social. Estamos igualmente ligados à área da Saúde, nomeadamente à saúde infantil através das creches; à saúde dos idosos através do nosso lar; e à saúde dos invisuais. Em termos sociais, entre outras iniciativas, gerimos uma loja social».
No discurso que proferiu na abertura da “Sessão de Promoção de Investimento e de Turismo Macau-Portugal”, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Francisco André, afirmou que «a relação entre Portugal e Macau não é apenas económica, mas também cultural e histórica». António José de Freitas assina por baixo: «A Misericórdia de Macau, como tantas outras, é uma instituição multissecular. Há mais de 450 anos que tem uma ligação histórica com Portugal. Existe um cordão umbilical entre as Misericórdias de Portugal e a Misericórdia de Macau. São raízes que continuam vivas. Posso mesmo afirmar que a Misericórdia de Macau é o espelho da solidariedade de Portugal transportada para Macau».
Também por esta razão, o dirigente defende a inclusão de mais personalidades ligadas à área social nas deslocações do Chefe do Executivo e de outros altos dignitários da RAEM ao estrangeiro. «Há que continuar a encetar contactos como os agora efectuados com o Grupo Luz Saúde e com a Fundação Champalimaud. Por que não vir também a Cáritas de Macau? É sempre importante para o intercâmbio de informação e experiência».
NEGÓCIOS E MUITO TURISMO
O Chefe do Executivo aterrou na capital portuguesa na quarta-feira, para uma visita de quatro dias a Portugal, acompanhado por uma delegação empresarial composta por cerca de cinquenta personalidades.
Na bagagem, Ho Iat Seng leva um conjunto de intenções com vista ao reforço das relações entre Portugal e Macau em diversos sectores de actividade, incluindo o intercâmbio entre entidades de carácter associativo.
O programa da visita arrancou na terça-feira com uma acção promovida pela Direcção dos Serviços de Turismo, intitulada “Sentir Macau Sem Limites – Promoção de Macau em Lisboa”, na emblemática Praça do Comércio. Para além do incondicional sector do Jogo, a iniciativa – a ter lugar até amanhã, sábado – destaca o Património Histórico de Macau, marcadamente influenciado pela presença ainda hoje dos missionários católicos no território.
Já na “Sessão de Promoção de Investimento e de Turismo Macau-Portugal” foi projectado o vídeo promocional “Macau, o nosso momento”. Trata-se de uma sucessão de imagens alusivas a alguns dos maiores atractivos turísticos da RAEM, desde as Ruínas de São Paulo, até ao Farol da Guia e capela homónima, passando pela igreja de Nossa Senhora das Dores, em Ká Hó.
A abertura da referida sessão esteve a cargo do secretário para a Economia e Finanças, que expôs as vantagens que Macau oferece aos actuais e potenciais futuros investidores estrangeiros. Lei Wai Nong destacou o projecto do Grande Delta do Rio das Pérolas, que inclui entre outros conceitos o da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin.
Por sua vez, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal revelou a vontade do Governo português em apostar nos jovens talentos de Macau, particularmente no sector das tecnologias de informação; no ensino e promoção da língua portuguesa (tanto em Macau como no Interior da China), no recurso ao Fundo de Cooperação e Desenvolvimento China-Países de Língua Portuguesa e no potencial de investimento oferecido pelo projecto do Grande Delta do Rio das Pérolas.
Momento marcante foi a alusão feita por Francisco André a grandes autores da língua portuguesa com fortes ligações a Macau, como «Camões, Camilo Pessanha, Luís Gonzaga Gomes e Vicente Jorge».
Ainda na mesma sessão, intervieram o subdirector dos Serviços de Turismo, Cheng Wai Tong, o vogal executivo da AICEP, Luís Rebelo de Sousa, e o presidente do IPIM, Vincent U, entre outros. Foram assinados dois protocolos envolvendo estas entidades e protocolos de intenção entre empresas.
José Miguel Encarnação
EM PORTUGAL