«Sei que irei ser ajudado».
Segunda-feira, 18 de Janeiro, 15 horas e 30 – D. Stephen Lee, nomeado bispo de Macau, entra no Paço Episcopal para reunir com D. José Lai. Sobe as escadas de acesso ao primeiro andar, acompanhado pelo vigário-geral da Diocese, padre Pedro Chong, onde o aguardamos. Chega sorridente, pronto a ouvir as explicações e opiniões do seu futuro antecessor e de alguns elementos da Cúria Diocesana. Findos os encontros, a expressão facial revela contentamento. Conduz-nos para uma sala, onde responde, de forma franca, rápida e concisa, às perguntas que lhe vão sendo colocadas. Diz vir por vontade do Papa Francisco, «com espírito de missão», pronto a «aprender», colocando a tónica na «espiritualidade» e no «reforço do Catolicismo». Amanhã, sábado, na igreja da Sé Catedral, pelas 15 horas, D. Stephen Lee assume o Episcopado, ao mesmo tempo que a Igreja celebra os 440 anos da fundação da Diocese de Macau.
O CLARIM – É bispo auxiliar em Hong Kong. Ficou surpreendido com a nomeação para bispo de Macau?
D. Stephen Lee – Foi uma surpresa, não estava à espera. Há apenas duas semanas o representante da Santa Sé em Hong Kong comunicou-me a vontade do Papa.
CL – Quais as prioridades para o seu mandato?
D.S.L. – Ainda não pensei. Primeiro tenho de continuar a falar com o bispo D. José Lai e com outros elementos do Governo da Diocese, bem como com o Clero em geral.
CL – Há muitas escolas católicas em Macau. Que importância atribui ao ensino?
D.S.L. – O ensino é muito importante. As escolas católicas desempenham um papel fundamental na formação e evangelização dos alunos, mesmo que muitas vezes, por exemplo, não sejam baptizados.
CL – A catequese das crianças e dos adultos é igualmente importante…
D.S.L. – As escolas têm essa função, mas também as paróquias. A catequese faz parte do processo de evangelização.
CL – É bispo do Opus Dei. Podemos esperar alguma mudança na relação entre a Igreja e os fiéis?
D.S.L. – Primeiro, sou bispo auxiliar em Hong Kong, como o podia ser noutra diocese. Segundo, venho para Macau, como podia ir para outra diocese. É a vontade do Santo Padre que conta. Quanto ao facto de ser bispo do Opus Dei, o importante é a minha espiritualidade. Podia pertencer a qualquer congregação ou ordem religiosa que em nada seria diferente.
CL – Depois de conhecido o seu nome algumas pessoas criticaram o facto de não falar Português. Quer comentar?
D.S.L. – De facto, não falo Português, mas tenciono aprender. Falo Espanhol – uma língua parecida, com sotaque diferente – o que me pode ajudar e também sei que irei ser ajudado. O Português é língua oficial de Macau. É para manter como até agora, seja nas missas, noutras actividades da Igreja e nos seus organismos.
CL – Pedimos que deixe uma mensagem aos leitores d’O CLARIM?
D.S.L. – Quero apenas dizer que venho para Macau com espírito de missão, esperando contribuir para o reforço do Catolicismo, estando sempre ao lado do Clero e dos fiéis.
BIOGRAFIA
O bispo D. Stephen Lee Bun-sang, nascido em Hong Kong a 10 de Novembro de 1956, foi baptizado na ex-colónia britânica a 24 de Julho de 1976, na igreja de Santa Margarida. Estudou Arquitectura em Inglaterra, primeiro no Politécnico de Oxford (1976-1977) e depois na Escola de Arquitectura de Londres, obtendo o bacharelato em 1981.
Em 1978 já tinha aderido à Prelatura do Opus Dei em Londres, como numerário. De volta a Hong Kong, começou a exercer a profissão de arquitecto. Em 1984 entrou no seminário internacional da Prelatura do Opus Dei em Roma, onde estudou Filosofia e Teologia. Prosseguiu os estudos eclesiásticos na Universidade de Navarra, em Pamplona (Espanha), onde obteve o doutoramento em Direito Canónico, sendo a sua tese de doutoramento sobre as “Relaciones Iglesia-Estado en la Republica Popular China”.
Ordenado padre a 20 de Agosto de 1988, em Espanha, regressou no ano seguinte a Hong Kong, onde começou o seu trabalho pastoral como capelão de alguns centros e escolas do Opus Dei. Em 1989 foi também nomeado pelo bispo de Hong Kong como Defensor do Vínculo no Tribunal Diocesano de Hong Kong, tornando-se em 1994 supervisor da Escola Tak Sun.
Em 2012 foi nomeado vigário regional da Ásia-Pacífico pelo prelado do Opus Dei, continuando ao mesmo tempo o trabalho pastoral nos retiros. Lecciona doutrina católica na Prelatura, na Diocese, nas paróquias e em diferentes comunidades religiosas.
Foi nomeado bispo auxiliar de Hong Kong pelo Papa Francisco, a 11 de Julho de 2014, sendo ordenado bispo a 30 de Augusto de 2014. Esteve a cargo da formação de leigos, de escolas, de comunicações, de liturgias e de projectos de construção da diocese de Hong Kong. A nomeação como novo bispo de Macau por parte do Papa Francisco aconteceu após a resignação do bispo D. José Lai Hung-seng, ocorrida no último sábado (16 de Janeiro de 2016).
José Miguel Encarnação