Precisamos de Perdão Frequente

Ainda há espaço para mais um

Um Católico estava a conversar com um amigo que não é Católico. O amigo disse-lhe: «– Sabes porque é que eu não quero ser Católico?»

«– Não. Porquê?»

«– Porque há muitos pecadores na Igreja Católica.»

«– Oh, não te preocupes», disse-lhe o amigo, «– Há sempre lugar para mais um».

Nós Católicos somos pecadores. Como qualquer outra pessoa. Em todo o Mundo houve apenas duas pessoas que nunca pecaram: Jesus («Quem de vós me acusará de pecar?», João 8:46) e Maria («Cheia de Graça», Lucas 1:28).

Somos Católicos porque somos pecadores. Se não fossemos pecadores não precisaríamos da Igreja Católica. Os que têm saúde não precisam dos médicos, apenas os que estão doentes (Lucas 5:31). Estamos doentes. Somos pecadores. Realmente somos. É por isso que somos Católicos. «Eu não vim para convocar os virtuosos, mas chamar os pecadores para que se arrependam (Lucas 5:32)». Se sou Católico e penso que não há nada de errado comigo – nada a corrigir, nada a alterar – então sou um grande tolo. Algo está terrivelmente errado.

Ser-se Humano significa que se pode ser aperfeiçoado. Há sempre algo que pode ser melhorado, algo que se pode fazer melhor. Somos Católicos porque sabemos que Jesus Cristo forneceu a Igreja com os meios para nos transformar de pecadores em Santos.

O Papa Francisco comparou a Igreja com um hospital de campanha. Jesus Cristo equipou-a com os recursos necessários e suficientes para curar todos os tipos de doenças espirituais: orgulho e arrogância, luxúria, avareza materialista e egoísmo, indiferença, raiva e rivalidades, inveja.

Entre esses recursos estão os sacramentos. Os sacramentos são os sinais visíveis aos quais Jesus concedeu efeitos espirituais específicos.

Esses sinais visíveis compõem-se de: (1) sinais materiais (tais como a água, óleo perfumado, pão e vinho), (2) um certo tipo de acção (por exemplo derramar a água, benzer com óleo, consagrando o pão e o vinho) e (3) palavras audíveis (as orações que acompanham cada sacramento). E porque é que eles precisam de ser visíveis? Porque o ser humano adquire conhecimento através dos seus sentidos. Para nos salvar, o Deus invisível transformou-se num Homem visível (Jesus Cristo), estabeleceu uma Igreja visível, e Ele instituiu meios de salvação visíveis.

Através dos sinais visíveis, que se podem observar, de cada sacramento, asseguramo-nos de que estamos a receber uma Graça. Os sacramentos certificam que recebemos uma Graça. Eles são a assinatura de Deus.

Como Católicos, precisamos de admitir que pecamos. Mas não nos ficamos por aí. Necessitamos de procurar o perdão, vezes sem conta. Um Santo é aquele que responde «setenta vezes sete» ao perdão oferecido por Jesus «setenta vezes sete» vezes. (ver Mateus 18:22)

Na sua audiência de 19 de Fevereiro o Papa Francisco desafiou cada um de nós a perguntar a si próprio: «Quando foi a ultima vez que fui à Confissão? E se foi já há algum tempo não percamos nem mais um dia! Vão, o padre será acolhedor. E, Jesus (estará presente), e Jesus é melhor que qualquer padre – Jesus recebe-nos. Ele receber-nos-á com tanto amor! Tende coragem, vão à Confissão».

O Santo Padre fez também esta observação, em Novembro do ano passado: «Os padres também precisam de se confessar, mesmo os bispos. Todos somos pecadores. Até o Papa se confessa a cada duas semanas, porque também ele é pecador. O meu confessor ouve o que eu digo, dá-me o seu conselho e perdoa-me. Todos necessitamos disto!»

Na sua primeira mensagem de Angelus a 17 de Março o Santo Padre disse: «O Senhor nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão».

 S. João Paulo II encontrava-se com o seu confessor todos os sábados. E eu?

Em Outubro de 2005 uma menina perguntou, um dia, ao Papa Bento XVI, o seguinte: «– Santo Padre, antes do dia da minha Primeira Comunhão fui confessar-me. Tenho-me confessado em outras ocasiões, desde então. Gostava de lhe perguntar: Tenho que me confessar de cada vez que vou receber a Comunhão, mesmo quando apenas cometi os mesmos pecados? Porque verifiquei que os meus pecados são sempre os mesmos».

O Santo Padre ficou divertido com a pergunta e respondeu: «– Deixa-me dizer-te duas coisas. A primeira, naturalmente é que não tens que te confessar antes de todas as vezes que recebes a Comunhão, a menos que tenhas cometido um pecado muito sério, que precise ser confessado. E por isso não é necessário confessarmo-nos antes de cada vez que formos comungar. Este era o primeiro ponto. Só é necessário confessar-se se se tiver cometido um pecado realmente sério, no qual tenhamos ofendido Jesus profundamente, ao ponto de que a Sua amizade tenha sido destruída, e aí ter-se-á que recomeçar novamente do princípio. Apenas neste caso, em que se está em estado de “pecado mortal”, por outras palavras, (pecado) grave, é que é preciso confessar-se antes da Comunhão. Este é o meu primeiro ponto.

O meu segundo ponto: mesmo que, como eu disse, não seja necessário confessar-nos antes de cada Comunhão, ajuda muito que nos confessemos com alguma regularidade. É verdade que os nossos pecados são sempre os mesmos, mas nós limpamos as nossas casas, os nossos quartos, pelo menos uma vez por semana, mesmo que a sujeira seja sempre a mesma, para podermos viver limpos e para podermos começar de novo. De outra maneira, a sujeira poderá até nem se ver, mas vai-se acumulando. Pode-se dizer algo parecido com respeito à alma para mim próprio. Se eu nunca for confessar-me a minha alma ficará descuidada e acabo por me contentar apenas comigo e deixar de perceber que preciso de trabalhar constante e duramente para melhorar e que devo fazer progressos.

Esta é a limpeza da alma que Jesus nos deu, através do Sacramento da Confissão ajuda-nos a ter a nossa consciência mais alerta, aberta, e isso também nos ajudará a amadurecer espiritualmente, e como seres humanos.

Sendo assim, duas coisas: a Confissão só é necessária em caso de um pecado grave, mas ajuda muito confessarmo-nos regularmente para que cultivemos a limpeza e a beleza da alma, para amadurecer-mos a nossa vida diariamente».

Nós, Católicos, somos pecadores cuja ambição é ser santo «Deves ser santo por mim: Porque eu, o SENHOR, sou santo (Levítico 20:26)». E o que é que podemos fazer com a graça que Deus nos concede através dos sacramentos? «Sem mim vós não pudereis fazer nada (João 15:5)».

Caso tenhamos um amigo que sente que é um pecador, mas que quer ser santo, convidem-no a vir à Igreja.

Há SEMPRE espaço para mais um.

 JOSÉ MARIO MANDÍA

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