Política de dois filhos na China Continental

Falta tudo o resto.

O padre Franz Gassner considera positiva a medida do Governo Central em permitir o nascimento de um segundo filho por casal, dado as implicações económicas e demográficas para a China continental. Para o docente da Universidade de São José falta, no entanto, dar passos importantes, como a melhoria da educação, redução da pobreza e a promoção da igualdade entre géneros.

O professor-assistente da Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de São José, padre Franz Gassner, disse a’O CLARIM que, embora tardia, é positiva a medida do Governo Central em permitir que os pais da China continental possam ter dois filhos, em vez de apenas um.

«É sem dúvida um passo positivo na direcção certa e deveria ter vindo mais cedo, porque para muitos [especialistas] a medida parece ter motivos económicos. Também vem um pouco tarde demais, tendo em vista as iminentes consequências demográficas», explicou o sacerdote dos Missionários do Verbo Divino, aludindo aos problemas demográficos e ao constante aumento da taxa de envelhecimento da população chinesa.

Franz Gassner lembrou que «a opinião dominante dos especialistas e do ensino oficial da Igreja Católica defende que a decisão sobre o número de crianças só deve ser tomada quando os cônjuges decidirem de forma responsável», acrescentando que «qualquer intervenção política directa causa mais mal do que bem nas pessoas e nas sociedades».

No seu entender, «a melhor de maneira de atingir o objectivo é aceitar o direito primário dos pais em escolher o número de filhos», porque «o controlo directo da população não é a solução para os problemas do desenvolvimento».

Nesse sentido, tudo deve acontecer de «forma indirecta» através da melhoria da educação, da redução da pobreza e da promoção genuína da igualdade e justiça em toda a sociedade, especialmente nas mulheres. «Quando as pessoas têm acesso à educação genuína preferem muitas vezes não se casar até serem mais velhas, limitando o número de filhos às suas conveniências».

«Muitas vezes também lemos o argumento que o controlo populacional é necessário para limitar o impacto do consumo e os estilos modernos de vida no planeta. É um facto que as classes ricas e médias globais causam um impacto mais severo no meio ambiente e no clima, do que as pobres», vincou o docente da USJ.

Para o padre Franz Gassner, é ainda «o momento para reflectir sobre as pessoas que cresceram sem qualquer irmão ou irmã e de recordar, em especial, os pais que ficaram sozinhos, ou seja, os que perderam os seus filhos únicos devido a acidentes ou doenças».

«São pais que estão numa situação muito difícil em termos emocionais, sociais, económicos e também espirituais. Devem ser o foco principal da sociedade chinesa e da ajuda por parte da Igreja Católica», concluiu.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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