A Família é a primeira escola de virtudes

PEQUENO E ÚLTIMO REFÚGIO DE CALOR HUMANO

A Família é a primeira escola de virtudes

Nos momentos de crises económicas ou políticas que temos atravessado, nós, pais e avós, temos tido – talvez – a impressão que a nossa família navega num mar agitado, ameaçado pelos ventos.Por vezes, os medos, as aflições, as angústias, obrigam-nos a fugir, a querermos salvar a nossa vida.

Não importa como nem onde, a única coisa que nos interessa é não parar para não termos que nos enfrentar connosco próprios.Elias andou quarenta dias e quarenta noites até chegar ao Horeb, monte de Deus. Há sempre um Horeb, um lugar, uma situação de paragem. Não devemos ter medo de procurar esse Horeb da nossa vida e aí parar.

Temos que fazer quilómetros dentro de nós, até chegarmos ao mais profundo, por onde Deus passa, onde Deus está, onde Deus quer permanecer. “Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de Santos – Deus quer um punhado de homens ‘seus’ em cada actividade humana. Depois a paz de Cristo no reino de Cristo”, diz-nos São Josemaría Escrivá em “Caminho”, ponto 301.Com efeito, a vida e o destino da família estão indissoluvelmente à sorte da sociedade.

Quanto mais inseguro e violento se mostra o meio social mais se sente a família como um pequeno e último refúgio de calor humano.Temos que nos adaptar a outras formas de estar no mundo.Deixar o individualismo.Ter uma orientação ordenada para o comportamento moral. Não existir distribuição desigual dos meios de subsistência destinada a todos os homens.

Servir o bem comum é servir a pessoa humana.Com efeito, a família permanece.A família é a primeira escola de virtudes que são a alma da vida e do desenvolvimento da própria sociedade. A família representa um lugar natural, o instrumento mais eficaz de humanização e personalização da sociedade.

A família possui e irradia ainda hoje energias formidáveis capazes de arrancar o homem do anonimato, de o manter consciente da sua dignidade pessoal.Deus quer que a família ajude a mudar o rosto e a vida da sociedade moderna.Isto exige, antes de mais que frente a um mundo dominado por interesses materialistas e pela manipulação, saibamos cultivar no nosso lar um profundo respeito pela dignidade de cada pessoa dando-lhe valor pelo que ela é.

É bom, na família, conversar sobre os problemas do trabalho, especialmente em tempos difíceis. Assim cresce a solidariedade familiar.Os filhos aprendem o esforço dos pais e o custo moral da vida do lar. Descobrem que podem ajudar suportando algumas privações e poupando no não necessário, porque o lar é fruto do amor de todos.

Na família temos além do trabalho, a economia, a alegria, a dor, a educação, temos também bens espirituais, como por exemplo a verdade, a beleza, o bem, a harmonia e a unidade pelo amor.

A família parte e reparte. O amor é o motor de repartir.A família que vive fechada em si mesma, sem sentir que é responsável pelos outros, não chega a crescer na sua originalidade. A família onde Cristo é uma ideia e que por ficar só na ideia não tem forças para levar Cristo ao mundo.

Na família também há sofrimento, mas tudo isso são riquezas.

A família quando reza apenas tem que colocar as pessoas nas mãos de Deus, não tem que acrescentar qualquer comentário. A família aceita em paz, tudo aquilo que falhou e diz com muita humildade: “Senhor não vejo nada, mas se Tu permitiste, faça-se”.

Temos que ser Santos para este tempo difícil. Uma Santidade feita de um caminho normal com a mão no pulso do tempo e o ouvido no coração de Deus. Qualquer família com a actual situação de pandemia tem comportamentos aceitáveis e inaceitáveis. Mas o aumento de convívio familiar também tem aspectos positivos, partilhando o trabalho doméstico, o diálogo e os momentos de oração. Tudo é sustentado na oração que reforça a Igreja doméstica.A oração transforma situações de aflição e preocupação em grandes alegrias. A nossa entrega passa pela família. Tentar perceber o sonho de Deus para cada um de nós. Aceitar a nossa realidade e a dos outros. “Não duvides da tua vocação, é a maior Graça que o Senhor te pode dar. Agradece-Lha” (“Caminho”, 913).

Luísa Loureiro 

 Técnica de Análises Clínicas

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