Para São Vicente e Granadinas

Estamos com tudo planeado para zarparmos esta semana rumo a São Vicente e Granadinas. Iremos navegar directamente de Sainte Anne (Martinica), onde estamos desde que chegámos a este departamento francês ultramarino, para o Sul da ilha de São Vicente, sem parar na ilha que fica de permeio, St. Lucia. Se tudo correr de feição, será uma velejada de cerca de 24 horas com ventos favoráveis e mar calmo. Haverá apenas dois locais onde a técnica terá de ser mais apurada: primeiro, será na travessia do canal que separa St. Lucia de São Vicente, onde a corrente de Oeste ronda os três nós – se não for acautelada pode empurrar o veleiro muito para fora da rota; segundo, será na chegada ao local onde esperamos ancorar a Sul, também devido à corrente que na zona muda de direcção de acordo com o período do dia. Aí, possivelmente, teremos de ancorar com duas âncoras, uma à proa e outra à popa, para evitar que o barco rode no ancoradouro e bata noutros veleiros. Se a situação for complicada podemos sempre recorrer a bóias de amarração ou mesmo ficar na marina que existe no local, algo que será decidido no momento.

Esta semana temos andado a ultimar os preparativos – compras de mantimentos e equipamento necessário para o barco e vida a bordo – antes de rumarmos a Sul. Para nós será uma nova experiência. Dizem-nos que a variedade de produtos “europeus” nessas águas é escassa. Portanto, mais vale prevenir do que remediar! Queijos, vinho, cerveja, enlatados, Compal, Guaraná, massas italianas, enlatados franceses, etc. Um sem fim na lista de compras que transportámos para a nossa casa flutuante nos últimos dias. Agora até uma máquina de gaseificados (SodaStream) temos a bordo, com capacidade para produzir água e sumos com gás, não havendo necessidade de recorrer aos refrigerantes engarrafados.

Também esta semana temos guardado água em grande quantidade pois não queremos ir com o nosso veleiro à zona da marina de Le Marin. A entrada é complicada, com muitos recifes de ambos os lados, e o vento tem estado muito forte. Aos poucos, dia a dia, tentamos arrecadar 20 a 40 litros de água extra para atestar os dois tanques laterais que estavam vazios. Por sorte, tem havido imenso Sol e vento, o que ajuda a produzir energia suficiente para todos estes gastos extra.

Também esta semana, numa das visitas a uma loja de produtos náuticos em segunda mão, encontrei um alternador de modelo igual aos que usamos no nosso motor e aproveitei para comprar. Custou 90 euros e tem mais potência do que os dois instalados a bordo. Os que temos são de 100 amperes e o “novo” é de 150 amperes. Testei-o e funcionava, mas não o deixei instalado porque tem a “poli” mais pequena do que a dos alternadores que utilizamos a bordo. Resultado: a correia não serve na perfeição. Vamos ter que esperar até comprarmos uma correia mais pequena ou então mudarmos a “poli” por uma de tamanho igual à dos outros alternadores, para que possa usar o mesmo tipo de correia.

A mudança de alternadores veio como uma bênção. Os contactos dos cabos eléctricos tiveram de ser limpos e agora estamos a produzir muito mais energia quando ligamos o motor do veleiro. Este incidente ensinou-me algo. Quando chegarmos a Sul, onde iremos ficar vários meses parados, uma das tarefas será substituir todo o sistema de cabos eléctricos que levam a energia do alternador para as baterias.

A vida de mar é uma aprendizagem contínua…

João Santos Gomes

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