PAPA UNIU-SE AOS CATÓLICOS DE TODO O MUNDO NA JORNADA DE JEJUM E ORAÇÃO PELA PAZ

PAPA UNIU-SE AOS CATÓLICOS DE TODO O MUNDO NA JORNADA DE JEJUM E ORAÇÃO PELA PAZ DA PASSADA SEGUNDA-FEIRA

Desmascarar o diabo

O Papa rezou o Terço diante da imagem de Nossa Senhora da Paz, na basílica de Santa Maria Maior, em Roma, no passado Domingo. No dia seguinte, 7 de Outubro, o Santo Padre participou na jornada de jejum e oração pela paz, pedida pelo bispo de Jerusalém e posteriormente convocada pelo Papa, juntamente com todos os bispos da Europa.

Neste contexto, recordo que há muito que o Papa Francisco nos vai alertando, frequentemente, para os perigos do demónio. Na audiência semanal de 2 de Outubro, perante a multidão de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, foi, mais uma vez, muito concreto: «Hoje assistimos a um fenómeno estranho relacionado com o diabo. Em certos ambientes culturais, julga-se simplesmente que ele não existe. Seria um símbolo do inconsciente colectivo, ou da alienação, em suma, uma metáfora. Mas “a maior astúcia do demónio é levar a crer que não existe”, como escreveu alguém. O demónio é astuto: faz-nos crer que não existe e assim domina tudo. É ardiloso!».

Toda a audiência se centrou neste tema, a alertar as pessoas para o risco que correm, que na nossa época é máximo: «O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, de ocultismo, de espiritismo, de astrólogos, de vendedores de feitiços e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas».

O Papa Bento XVI afirmou que um dos grandes méritos da missionação foi libertar as culturas pagãs de medos e bruxarias irracionais. Em vez de temerem malévolos poderes ocultos, as pessoas abriram-se ao conhecimento científico, a um mundo cheio de beleza e sentido, e compreenderam que ele é o projecto de amor de um Deus cheio de bondade.

Infelizmente, o anúncio cristão, que libertou tantos povos dos feitiços despóticos, perdeu força na sociedade ocidental e o diabo voltou a entrar.

Disse o Papa Francisco na audiência: «Expulso pela porta, o diabo voltou a entrar, dir-se-ia, pela janela. Expulso pela fé, volta a entrar com a superstição. E se fores supersticioso, inconscientemente dialogas com o diabo. Com o diabo não se conversa!».

O diabo dá-se bem com os cristãos de vida medíocre, porque os afasta de Deus sem eles se darem conta. Com os santos, esta estratégia suave não funciona: «É na vida dos santos, precisamente, que o diabo é obrigado a manifestar-se, a pôr-se “contra a luz”. Todos os santos dão testemunho da sua luta contra esta realidade obscura, e não se pode honestamente supor que estavam todos enganados ou eram vítimas dos preconceitos do seu tempo».

A fraqueza dos instintos explica em parte a maldade humana, mas há certos abismos de pura crueldade que parecem ultrapassar as tendências desordenadas e só se compreendem pelo ódio satânico contra Deus e os homens. Segundo o Papa, «a actuação do diabo está patente em certas formas extremas e “desumanas” de maldade e perversidade que vemos à nossa volta».

Para ele, é difícil definir exactamente «onde termina a acção diabólica e onde começa a nossa própria maldade». Daí – defendeu – «a prova mais forte da existência de Satanás são os santos», a luta que travaram para não caírem nas seduções diabólicas.

Rezar, invocar a Nossa Senhora, vigiar para não cairmos em tentação. «Não deis ocasião ao diabo!», exortou, citando a Carta de São Paulo aos Efésios.

Infelizmente, na nossa sociedade muitos desistiram de lutar, atrasam a Confissão e nem se dão conta de que o demónio entra de mansinho na sua alma e se instala.

Aconteça o que acontecer, estamos nas mãos de Deus e Ele tem sempre a última palavra, mas estamos à beira de uma tragédia universal. Contra o ódio desenfreado, são precisos, mais do que nunca, a oração e o jejum.

José Maria C.S. André Professor do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa

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