PAPA FRANCISCO TRAÇA RETRATO DIFÍCIL DA HUMANIDADE

PAPA FRANCISCO TRAÇA RETRATO DIFÍCIL DA HUMANIDADE

Estamos a retroceder à primeira civilização

Com a ajuda do monsenhor Filippo Ciampanelli, da Secretaria de Estado da Santa Sé, o Papa Francisco recordou, na audiência semanal da última quarta-feira, “as guerras, as alterações climáticas, as injustiças planetárias, as migrações, e a crise da família e da esperança”, que afectam a Humanidade.

Na mensagem lida pelo monsenhor, Francisco mostrou-se particularmente crítico da “lógica muitas vezes voraz da economia, com uma visão da vida que descarta aqueles que não produzem e lutam para olhar além do imanente”.

“Poderíamos até dizer que nos encontramos na primeira civilização da história que tenta organizar globalmente uma sociedade humana sem a presença de Deus, concentrando-se em enormes cidades que permanecem horizontais, mesmo que tenham arranha-céus vertiginosos”, acrescentou.

O texto deixou alertas contra o individualismo e a indiferença, os nacionalismos e as “estruturas técnico-económicas que inculcam a crença de que Deus é insignificante e inútil”.

A Igreja, indicou o Papa, é chamada a “habitar as encruzilhadas” da Humanidade e “converter a pastoral para que ela incorpore melhor o Evangelho no hoje”.

“É preciso estar nas encruzilhadas do hoje. Abandoná-las significaria empobrecer o Evangelho e reduzir a Igreja a uma seita”, insistiu, na terceira catequese dedicada à Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, que publicou em 2013, ano da sua eleição pontifícia.

Francisco recordou ainda que, no próximo Domingo (3 de Dezembro), se inicia o Advento, tempo de preparação para o Natal no calendário litúrgico católico.

“Que este tempo espiritualmente forte seja, para vós e para as vossas famílias, uma ocasião fecunda de preparação para o nascimento do Salvador. Abri-vos a Cristo, escondido no rosto dos tristes, dos sós e de quem tem fome”, desejou.

MÉDIO ORIENTE E UCRÂNIA

Uma constante nas últimas semanas tem sido o apelo do Papa Francisco à paz no Médio Oriente. Na audiência semanal, evocou a «grave situação» que se vive em Israel e na Palestina, apelando à oração pela paz.

«Paz, por favor, paz. Espero que as tréguas em curso em Gaza continuem, para que todos os reféns sejam libertados e o acesso à necessária ajuda humanitária continue a ser permitido», declarou Francisco, que tomou a palavra para ler esta passagem do discurso.

«Liguei para a paróquia, de lá [Gaza], e falta água, falta pão, as pessoas sofrem. São as pessoas simples, do povo, que sofrem, não são os que fazem a guerra. Peçamos, agora, a paz. E não esqueçamos, falando de paz, o querido povo ucraniano, que está a sofrer tanto, ainda em guerra», acrescentou também.

«A guerra é sempre uma derrota, perdem todos… todos, não, há um grupo que ganha muito: os fabricantes de armas. Estes ganham muito, por cima da morte dos outros», lamentou.

O encontro público com os peregrinos aconteceu cerca de doze horas após o anúncio, por parte do Vaticano, do cancelamento da viagem de Francisco ao Dubai, onde iria participar na COP28, a partir de hoje, sexta-feira.

«Embora o estado clínico geral do Santo Padre, no que diz respeito ao estado gripal e à inflamação das vias respiratórias, tenha melhorado, os médicos pediram ao Papa que não efectuasse a viagem prevista para os próximos dias ao Dubai», explicou o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

In ECCLESIA – texto editado

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