«A avareza é uma doença do coração, não da carteira»

PALAVRAS DE FRANCISCO NA CATEQUESE SOBRE VÍCIOS E VIRTUDES

«A avareza é uma doença do coração, não da carteira»

O Papa disse na passada quarta-feira, durante a audiência geral no Vaticano, que «a avareza é uma doença do coração, não da carteira».

O ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes, iniciado a 27 de Dezembro de 2023, teve na quarta-feira a quinta sessão centrada na avareza, a «forma de apego ao dinheiro que impede o homem de ser generoso», referiu Francisco.

«[A avareza] não é um pecado que afecta apenas as pessoas que possuem grandes bens, mas um vício transversal, que muitas vezes não tem nada que ver com o saldo da conta bancária», afirmou o Santo Padre.

Perante cerca de cinco mil participantes, o Papa lembrou a análise dos padres do deserto sobre o pecado capital, que depois de renunciarem a «enormes heranças» se apegaram a objectos de pouco valor, recusando emprestá-los, partilhá-los e dá-los: «Um apego a coisas pequenas, que tira a liberdade».

«Uma relação doentia com a realidade, que pode resultar em formas de acumulação compulsiva ou patológica» descreveu o Pontífice, acrescentando que os monges para curar a «doença» propuseram «um método drástico, mas muito eficaz: a meditação da morte».

«Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos a absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não podemos levar connosco os bens», apontou.

Para Francisco, o «laço de posse» que é construído com as coisas «é aparente», uma vez que ninguém é dono do mundo: «Esta terra que amamos na verdade não é nossa, e nela caminhamos como estrangeiros e peregrinos».

Segundo o Papa, «alguns ricos já não são livres, já nem sequer têm tempo para descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens também exige os seus cuidados».

«Estão sempre ansiosos, porque um património é construído com muito suor, mas pode desaparecer num instante», indicou, denunciando que se esquecem da pregação do Evangelho, «que não afirma que a riqueza em si é um pecado, mas é certamente uma responsabilidade».

No final do discurso, deixou um apelo: «Sejamos cuidadosos e generosos: generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós».

NOVO HOLOCAUSTO

O Papa evocou as vítimas do Holocausto, após a referida audiência semanal, tendo afirmado que «a guerra é uma negação da humanidade».

«Que a memória e a condenação daquele extermínio horrível de milhões de judeus e pessoas de outras religiões, ocorrido na primeira metade do século passado, ajude todos a não esquecer que a lógica do ódio e da violência nunca pode ser justificada, pois nega a nossa própria humanidade», pediu.

Francisco recordou que a 27 de Janeiro se assinala o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto e convidou a rezar pela paz para que cessem os conflitos, calem-se as armas e sejam ajudadas as populações exaustas.

«Penso no Médio Oriente, na Palestina, em Israel, penso nas notícias inquietantes que chegam da martirizada Ucrânia, sobretudo os bombardeamentos que atingem lugares frequentados por civis, semeando morte, destruição e sofrimento», lamentou, acrescentado que reza sempre pelas vítimas e entes queridos.

In ECCLESIA

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