Bazar de Caridade da Cáritas festeja bodas de ouro no Lago Nam Van
É a par da “Marcha de Caridade para um Milhão”, organizada pelo jornal Ou Mun, o evento de solidariedade que mais pessoas e instituições mobiliza em Macau e este ano não deve ser excepção. O Centro Náutico da Praia Grande, no Lago Nam Van, acolhe amanhã e Domingo a 50ª edição do Bazar de Caridade da Cáritas, a iniciativa com a qual a organização arrecada uma boa parte das receitas com que financia os serviços sociais que providência durante o resto do ano.
Paul Pun, secretário-geral da Cáritas de Macau, espera que as mais de noventa entidades públicas e privadas que se associam ao evento possam ajudar o organismo a angariar qualquer coisa como oito milhões de patacas. O dinheiro, disse o dirigente, deve ajudar a custear vários dos projectos que a organização de solidariedade social tem em mãos, nomeadamente a extensão do período de funcionamento do serviço “Good Take Express”, iniciativa que tem como destinatários os residentes do território com dificuldades de mobilidade. «Habitualmente só oferecemos este serviço durante o dia, mas estamos a trabalhar para estender o período de funcionamento até às primeiras horas da noite, de forma a que as pessoas que recorrem a este serviço possam ficar na rua até mais tarde», explicou Paul Pun a’O CLARIM. «O nosso objectivo é o de assegurar o [serviço]“Good Take Express” até às nove e meia ou dez da noite. Vai depender da nossa capacidade financeira, até porque teremos de contratar mais condutores. Queremos oferecer aos nossos utentes a possibilidade de saírem para jantar, de participarem em iniciativas. Não queremos que se sintam limitados só porque se movem em cadeira de rodas», sustentou.
A Cáritas faculta actualmente o serviço “Good Take Express” a cerca de meia centena de pessoas, através do recurso a uma dezena de viaturas, oito das quais equipadas com plataformas elevatórias.
Os fundos obtidos com a 50ª edição do Bazar de Caridade, revelou Paul Pun, também serão utilizados para financiar a construção de um novo lar de idosos num terreno que foi oferecido à Cáritas há pouco mais de um ano. «Um dos objectivos do Bazar é o de financiar o nosso novo lar de idosos. Foi-nos oferecido um terreno nas imediações do templo de Kun Iam. O terreno não é muito grande, tem seiscentos metros quadrados, mas é perfeito para oferecer novos serviços a idosos necessitados», referiu o secretário-geral da Cáritas. «Não pagámos pelo terreno, mas este projecto exige de nós uma grande disponibilidade financeira. Vai ser necessário algum tempo para angariar o montante de que necessitamos. Já temos cerca de um milhão destinado à construção do lar, mas este é um projecto para custar muitos milhões», admitiu Paul Pun.
O facto do Bazar de Caridade assinalar este ano uma data redonda deixa o secretário-geral da Cáritas esperançado de que a meta dos oito milhões de patacas possa ser ultrapassada. Para várias gerações de residentes do território, a iniciativa constitui uma oportunidade para reunir a família em torno de uma missão nobre. «Este ano celebramos o 50º aniversário do Bazar e como se trata de uma data especial estou à espera que mais pessoas nos visitem. Normalmente as pessoas estão mais disponíveis para se associar a datas festivas e a celebrações especiais, e estamos à espera que se juntem a nós e que tentem a sorte em alguns dos jogos. Para muitos é também uma oportunidade para reunir a família», acentuou o dirigente.
UMA COZINHA PARA A COMUNIDADE
Para além de um novo lar de idosos e da extensão do horário de funcionamento do “Good Take Express”, a Cáritas tenciona lançar já no próximo ano um projecto de natureza inédita em Macau. A organização liderada por Paul Pun quer dar a várias dezenas de idosos a oportunidade de se manterem activos. Como? Cozinhando para outros idosos que vivem sozinhos ou que já apresentam dificuldades para sair de casa ou para realizar actividades funcionais.
Para o efeito, a Cáritas alugou um espaço num edifício industrial e fez chegar ao Governo um pedido de licenciamento para instalar o que Paul Pun denomina de “cozinha comunitária”. «É um projecto direccionado para os mais velhos. O nosso objectivo é que metade dos postos de trabalho criados sejam ocupados por idosos», disse, acrescentando: «Estes idosos vão preparar refeições e outros funcionários ficam encarregados de as levar a casa de idosos que vivem sozinhos. Esperamos lançar este projecto o mais brevemente possível, mas tudo depende da celeridade com que o Governo der resposta aos procedimentos legais».
Numa primeira fase, após a abertura da cozinha comunitária, a Cáritas quer fornecer diariamente refeições a cerca de duas centenas de idosos. Posteriormente – e caso a iniciativa seja bem sucedida – a organização poderá vir a reforçar tanto a natureza como o número de refeições servidas. «Se tivermos capacidade financeira para contratar mais pessoas, poderemos preparar mais refeições – ao almoço e ao jantar – de forma a podermos servir um maior número de pessoas», salientou Paul Pun.
Segundo o secretário-geral da Cáritas, apesar da organização ainda não ter lançado nenhuma campanha de angariação de fundos, um benemérito tomou conhecimento da iniciativa e doou cem mil patacas para financiar o projecto.
Mais atrasado está o processo relativo à abertura de uma segunda clínica destinada a trabalhadores não residentes e a residentes em situação económica menos privilegiada. Com a abertura da primeira clínica, a Cáritas cumpriu parcialmente os objectivos a que se propunha, ao facilitar o acesso a cuidados de saúde por parte de quem deles estava arredado. «Ainda estamos à espera de autorização do Governo para abrir a nova clínica. O projecto de arquitectura já está tratado, mas ainda não recebemos luz verde do Executivo. O nome da nossa primeira clínica já mudou, no entanto, para “Clínica Cáritas”», avançou o responsável máximo pela instituição de solidariedade social. «Não recebemos tantos utentes como estávamos à espera, mas a mensagem espalhou-se. Pelo menos os trabalhadores migrantes já nos procuram para “check up” médicos e para exames ao sangue. Têm a oportunidade de recorrer a acompanhamento médico sempre que disso têm necessidade», concluiu Paul Pun.
Marco Carvalho